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Março Lilás chama atenção para prevenção do câncer de colo de útero

Mesmo com exame preventivo e vacina contra principal fator de risco da doença disponíveis na rede pública, doença é a quarta causa de mortes entre mulheres no Brasil

O câncer de útero é o terceiro mais frequente entre a população feminina no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de mama e de colorretal. Os números são do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que estima que 16.710 novos casos de câncer de colo do útero serão registrados no triênio 2020/2022. Ainda de acordo com o Inca, a previsão de incidência para Goiás é de 660 casos para este ano de 2023.

O tumor é também a quarta causa de morte entre mulheres no país. Ele está entre as neoplasias, que só ficam atrás das doenças do aparelho circulatório, como o infarto, em causa de mortes do público feminino;  seguidas de doenças do aparelho respiratório e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, segundo o Ministério da Saúde.

O cenário não é positivo, especialmente se levarmos em conta que já há vacina disponível na rede pública e privada de saúde contra o principal fator de risco da doença, que é a exposição ao vírus Papilomavírus Humano (HPV). O diagnóstico também é fácil, por meio do exame Papanicolau, que também está acessível nas redes pública e privada de saúde. Mas apesar dessas formas de prevenção, a ginecologista Patrícia Costa, (CRM GO 7255/RQE 2291), especialista que atende no Órion Complex em Goiânia, alerta que infelizmente a incidência de casos tem aumentado no Brasil.

Para conscientizar a população sobre a importância da vacina contra o HPV e realização periódica do Papanicolau, o Ministério da Saúde (MS) promove o Março Lilás, campanha de enfrentamento do câncer de colo do útero. Segundo informações da Biblioteca Virtual em Saúde do MS, as lesões que precedem a neoplasia não têm sintomas, mas quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%.

A médica Patrícia Costa orienta a realização do exame de citologia de prevenção  logo após o início da vida sexual, com periodicidade de uma vez ao ano. “Como o câncer começa de maneira silenciosa, a mulher deixando de fazer o preventivo anualmente, ela pode deixar de ser diagnosticada na fase inicial do câncer”, alerta a especialista. Se no exame periódico for detectada alguma anomalia, a médica explica que há outros exames complementares e importantes que podem dar mais precisão ao diagnóstico como a colposcopia com biópsia e captura ou PCR para HPV.

A ginecologista também lembra que a vacina contra o HPV é uma das maneiras de prevenção contra o câncer de colo do útero, visto que o vírus é responsável por 99% dos cânceres de colo do útero. De acordo com a especialista do Órion Complex, o imunizante é indicado para mulheres dos 9 – 45 anos. “Mas o principal grupo alvo de vacinação são meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, além de indivíduos imunossuprimidos”, explica a médica.

Ocorrência

Também chamado de câncer cervical, o câncer do colo do útero é provocado pela infecção persistente por alguns tipos do HPV, os chamados de oncogênicos – que causam câncer. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV e pelo menos 13 tipos são considerados oncogênicos, pois apresentam maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras.

Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. A infecção pelo vírus ocorre pelo contato genital, ou seja, o agente causador é sexualmente transmissível, por isso outra forma de prevenção é o uso de preservativos durante as relações sexuais. A médica lembra, que apesar de não necessariamente evoluir para um câncer, a infecção pelo HPV é um  tipo IST [infecção sexualmente transmissível] e pode atingir mulheres e homens também.

Sintomas

Estima-se que somente cerca de 5% das pessoas infectadas pelo HPV desenvolverá alguma forma de manifestação. A infecção pode se manifestar de duas formas: clínica e subclínica. As lesões clínicas se apresentam como verrugas, tecnicamente denominadas de condilomas acuminados.

Com aspecto de couve-flor e tamanho variável, essas lesões são popularmente chamadas de “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”. No caso das mulheres, essas feridas podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos.

As infecções subclínicas (não visíveis ao olho nu) podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são chamadas de Lesões Intra-epiteliais de Baixo Grau/Neoplasia Intra-epitelial grau I e II (NIC I e II), que refletem apenas a presença do vírus, e de Lesões Intra-epiteliais de Alto Grau/Neoplasia Intra-epitelial grau III (NIC ou III), que são as verdadeiras lesões precursoras do câncer do colo do útero.

De acordo com a ginecologista, se o diagnóstico for feito ainda na fase inicial, é possível realizar apenas a conização do colo do útero, porém se diagnóstico já tiver sido realizado após esta fase, há necessidade de histerectomia total com ooforectomia bilateral, retirada de linfonodos e até radioterapia pélvica .

Fatores de risco 

Fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção pelo HPV e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. Desta forma, o tabagismo, o início precoce da vida sexual, o número elevado de parceiros sexuais e de gestações, o uso de pílula anticoncepcional e a imunossupressão (causada por infecção por HIV ou uso de imunossupressores) são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acima dessa idade a persistência é mais frequente.

Provavelmente a transmissão é facilitada quando as lesões clínicas estão presentes: foi demonstrado que 64% dos parceiros sexuais de indivíduos portadores de condilomas genitais desenvolveram lesões semelhantes. No entanto, não é possível afirmar que não há chance de contaminação na ausência de lesões.