Entre 2017 e 2021, o Brasil realizou 311.850 mil cirurgias bariátricas, sendo 252.929 mil através dos planos de saúde e 44.093 mil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) indica o quanto a sociedade precisa avançar na prevenção da obesidade, doença de origem multifatorial que é fator de risco para inúmeras Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e diversos tipos de câncer.
Com três indicações ao Oscar deste ano, o filme “A Baleia” vem ampliando a reflexão sobre o tema ao trazer no papel principal um homem com obesidade mórbida e compulsão alimentar. As situações vividas pelo personagem evidenciam a importância de acolhimento dos que passam pelo problema, assim como da criação de programas de saúde para o enfrentamento e prevenção da obesidade, nos setores público e privado.
Um exemplo é o Programa de Emagrecimento da Amil, que registrou em 2022 uma redução no número de cirurgias bariátricas feitas pela operadora sem engajamento no Programa. Das 1.261 bariátricas realizadas pelo plano de saúde, praticamente metade aconteceu em pacientes que foram acompanhados desde o início pelo Programa, ou seja, que passaram pelo tratamento clínico antes do cirúrgico, evitando assim problemas mais gravosos de saúde e cirurgias desnecessárias.
“É fundamental o cuidado adequado e assertivo destes pacientes. Infelizmente, é comum pessoas obesas se sentirem envergonhadas e culpadas porque muitos que os cercam não entendem o problema. Como todas as doenças crônicas, a obesidade tem causas profundas e complexas provenientes de diversos fatores, como os genéticos, psicológicos, socioculturais, econômicos e ambientais. O acompanhamento médico multidisciplinar e o apoio de amigos e familiares são necessários para o resgate da saúde e qualidade de vida deste indivíduo”, explica o Dr. Jose Luiz Carneiro, diretor-executivo médico da Amil.
Em 2022, a operadora atendeu 4.564 beneficiários no Programa de Emagrecimento Clínico, que dura um ano. Os participantes são acompanhados de forma presencial e online por uma equipe formada por médicos de diferentes especialidades, nutricionistas e psicólogos. Cada caso é discutido de forma individualizada, com foco na reeducação alimentar, suporte psicológico e incentivo à atividade física.
Os pacientes com severos riscos à saúde que não apresentam a resposta esperada no tratamento clínico são encaminhados para o Programa de Emagrecimento Cirúrgico, com duração de 36 meses – 12 antes da cirurgia e 24 após a bariátrica. Todo o processo envolve ainda a preparação do paciente para as mudanças no estilo de vida após a operação.
“Este é o maior desafio para quem luta contra a obesidade. Mas mudanças a favor de uma vida mais saudável, como a reeducação alimentar e a prática frequente de atividades físicas, devem ser incorporadas por toda a sociedade, e não apenas pelos indivíduos com excesso de peso”, destaca o Dr. Jose Luiz Carneiro.