Um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) identificou a recuperação pós-pandemia como uma das principais dificuldades dos empresários brasileiros na gestão dos pequenos negócios no país.
Entrevistados em setembro de 2022 para a pesquisa “Dores dos Pequenos Negócios”, divulgada pela entidade em janeiro de 2023, os participantes apontaram o esforço para se reerguer e se reinventar após os impactos econômicos causados pela pandemia de Covid-19 como um desafio ainda presente no dia a dia das pequenas empresas.
Além da questão econômica, as dificuldades também envolvem questões de organização e estratégia do negócio. Ao lado desta adversidade, outras objeções como profissionalizar a gestão, contratar mão-de-obra e expandir a empresa também são citadas pelos empresários.
Para o gerente da Agência Corporate do grupo imobiliário Auxiliadora Predial, Ricardo Leite, as percepções das empresas gaúchas têm sido semelhantes em relação aos principais desafios, mas já é possível notar uma mudança de comportamento. “Quando olhamos para 2022, em comparação ao ano anterior, já identificamos uma movimentação bem mais positiva em relação à procura de imóveis comerciais para alugar em Porto Alegre. No comparativo, houve um aumento de 22% nos imóveis locados. Isso significa que tanto os empreendedores de primeira viagem, quanto os mais experientes que estão expandindo já conseguem respirar mais tranquilos após a instabilidade econômica que passamos, investindo sem medo em um novo espaço para os seus negócios”, analisa.
Ainda conforme a pesquisa, já para aqueles que estão no início da trilha do empreendedorismo, abrir o primeiro negócio costuma representar dificuldades como o enfrentamento de burocracia, busca por financiamento, pagamento de taxas e impostos e questões de administração.
“Os empreendedores no Brasil têm uma resiliência latente. São muitos os desafios para abrir as portas de uma loja, de um comércio em geral, de um consultório ou seja qual for a área pretendida. A dica aqui é buscar um plano de negócios feito de maneira cautelosa e estruturada. Depois, na hora de buscar um ponto físico, aspectos mais práticos e de praxe merecem atenção, como a localização e a metragem do imóvel. Sem ter essas questões definidas, a busca fica pouco assertiva – e, para quem empreende, tempo é dinheiro, literalmente”, destaca Leite.
Empreendedorismo no Brasil
Outro estudo divulgado pelo Sebrae, o relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2021, que no Brasil é realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), mostra que o número de empreendedores brasileiros à frente de um negócio com mais de 3,5 anos voltou a crescer. Ou seja, mesmo com reflexos tardios da pandemia, a recuperação segue firme.
Além disso, de forma geral, o país tem ocupado posições relevantes nesse universo, conforme indica a maior pesquisa de empreendedorismo do mundo. O Brasil ficou com o 5º lugar no ranking global na taxa de empreendedorismo total, atrás apenas da República Dominicana, Sudão, Guatemala e Chile, respectivamente.
Por fim, os dados da GEM mostram que o Brasil chegou a atingir um recorde no número de novos negócios durante o período de 2021: uma média de 682,7 mil microempresas e 3,1 milhões de cadastros de Microempreendedor Individual (MEI).
“Estarmos entre as cinco economias mais empreendedoras do mundo confirma esse DNA nato de empreendedor do brasileiro. Tudo isso é refletido diretamente no mercado imobiliário, que se movimenta junto, conforme a procura por novos espaços comerciais. Com a manutenção da taxa SELIC, a ideia é termos uma continuidade neste momento positivo na hora em que esse empresário decide buscar uma sala comercial para alugar, por exemplo”, finaliza o gerente.