Existem muitos estigmas na sociedade que evitam certos temas e assuntos que, em pleno século 21, ainda são considerados tabus. Um deles é a saúde mental, apesar de todo empenho de instituições sociais e apoio de campanhas solidárias com a do Janeiro Branco, que estimula a compreensão sobre os riscos dos danos emocionais (que sabemos que não são poucos) e vem ao encontro da necessidade de voltarmos para dentro de nós, ouvirmos os nossos ruídos, que sinalizam quando não estamos bem e, efetivamente, poder buscar ajuda quando necessário.
É urgente que se olhe para os desequilíbrios na saúde mental mundial e se busque meios de enfrentamento desses estigmas para a busca também de políticas públicas do segmento que se dediquem a esse problema.
Dra Maria Fernanda Caliani, psiquiatra, especialista em terapia cognitiva comportamental, faz um alerta sobre o tema.
“Ninguém duvida que haja um estigma ligado a quem tenha doença mental. É isso que significa a palavra estigma: exclusão, discriminação e ela é a maior barreira que impede as pessoas de buscarem assistência médica”. E enfatiza:
“Somos todos suscetíveis a vivenciar a loucura, a angústia, a passar por uma crise emocional. Acredito ser próprio do ser humano. É muito importante que nossas sociedades tragam respostas ao sofrimento psíquico. Seja nas nossas questões mais banais do dia a dia, seja nas questões mais profundas e complexas, a nossa saúde mental é relevante nas decisões e nas relações que tecemos na vida”.
Mas quando buscar ajuda profissional?
Dra. Maria Fernanda esclarece que a hora certa de buscar um psiquiatra é quando os sintomas começam a atrapalhar os relacionamentos pessoais, as atividades corriqueiras e profissionais. É quando a pessoa percebe que não vai dar conta, que está começando a ter um gasto de energia considerável.
Segundo a médica, a questão é quando isso começa a ficar muito intenso e frequente, passando a atrapalhar sua vida de maneira significativa, causando um grande impacto.
Por isso, fique atento (a) com esses alertas que a psiquiatra listou:
– Reações desproporcionais a acontecimentos negativos ou positivos;
– Intolerância e se irrita facilmente;
– Problemas para dormir ou passa por crises de insônia frequentes, que prejudicam o desempenho das suas atividades diárias;
– Descontrole emocional;
– Dores inexplicáveis pelo corpo;
– Uso de alguma substância (seja álcool ou alguma droga) e isso está trazendo problemas no seu dia a dia;
– Comportamentos compulsivos, seguir algum ritual repetidas vezes;
– Dificuldades em se concentrar ou manter o foco, ou mesmo apresenta problemas em fazer escolhas;
– Se você tem medo de coisas e situações inofensivas como andar de avião, enfrentar multidões, pegar elevadores.
– Se você tem pensamentos autodestrutivos como pensar em morrer, ou mesmo se machucar. Este é um sinal de alarme que não deve ser ignorado. Você deve agir imediatamente, procurando ajuda.
“Qualquer indivíduo pode ser acometido por transtornos mentais que o levam a situações dramáticas que o impedem de viver uma vida normal. Por isso, é muito importante buscarmos o equilíbrio de nossa mente e corpo, incluindo nossos sentimentos e emoções. Como lidamos com essas emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental. E isso tem a ver tanto com sofrimento, tanto quanto com felicidade”, ressalta Caliani, com mais seis dicas para ajudar na melhora sua qualidade de vida e sua saúde mental:
- Tenha hobbies terapêuticos;
- Se permita ter mais contato com a natureza;
- Aprenda a rever prioridades, a mudar o foco e valorizar o que realmente importa, onde você de fato deve direcionar sua energia;
- Invista nas pessoas que você consegue ter um vínculo social mais profundo;
- Pratique atividade física, tenha uma dieta saudável e cuide da qualidade do sono;
- Busque ajuda especializada se for necessário. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza!