As pesquisas já vem sendo testadas em humanos e trazem resultados positivos
Pessoas com resfriados e alergias que causam congestão nasal possuem um aliado importante para tratar o desconforto, que são os sprays nasais para higiene e para desinflamação da mucosa. Notícias boas trazem um produto que pode ser uma boa alternativa para auxiliar pacientes com apneia obstrutiva do sono.
“A obstrução nasal é um problema comum que acomete uma parcela significativa da população. Geralmente, é desencadeada por alguma inflamação, irritação ou infecção que afeta o tecido nasal. Estudos apontam que a frequência de congestão nasal noturna é independentemente associada à frequência de ronco, o que pode ser ocasionado por resultados adversos à saúde, incluindo maior risco de hipertensão arterial, doenças cardíacas, sonolência diurna e, até mesmo, acidentes”, explica Gleison Guimarães, médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
De acordo com o especialista, a nova solução é um medicamento administrado por spray que pode melhorar o colapso das vias aéreas superiores, conforme um estudo publicado no CHEST (The American College of Chest Physicians). O componente é um potente antagonista de canal K+ sensível a ácidos (TASK) ⅓ relacionado ao TWIK e já passou pela fase de estudos com humanos. Os resultados demonstram que a pressão crítica de fechamento nos pacientes foi reduzida e a melhora foi significativa.
“Além do problema principal, a congestão nasal noturna crônica é um forte fator de risco para o ronco, com ou sem apneia obstrutiva do sono. Uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina da Universidade do Wisconsin coletou informações durante aproximadamente cinco anos sobre a congestão nasal noturna e frequência do ronco. Análises prospectivas mostraram que pessoas com esse quadro apresentavam um alto risco de ronco habitual, prejudicando o sono dos parceiros de cama e causando estresse interpessoal”, acrescenta Gleison.
Em comunicado à imprensa, um dos idealizadores do estudo e PhD do laboratório do sono da Universidade Flinders FHMRI: Sleep Health, Amal M. Osman, diz que essa é uma primeira investigação detalhada desse novo tipo de tratamento em pessoas com apneia obstrutiva, com um medicamento projetado para atingir receptores específicos expressos nas superfícies das vias aéreas superiores, mantendo as mesmas abertas no período de sono. Ele conta que ainda há estudos a serem feitos, mas que atingir os receptores é um caminho promissor aos tratamentos a serem desenvolvidos.
No total, foram avaliados 12 pacientes com o problema, que receberam 160 miligramas de BAY2586116 ou um spray nasal de placebo. Depois de duas noites, os participantes tiveram ainda outros três testes noturnos com o medicamento real, mas variando os métodos de aplicação. Padrões do sono e respiração foram medidos por diferentes ferramentas, que vão de equipamentos de polissonografia a um cateter de pressão epiglótico, pneumotacógrafo e uma máscara nasal.
“Resumidamente, a AOS é caracterizada por obstrução cíclica parcial ou completa das vias aéreas, resultando em aumento do CO2 e redução do O2, juntamente com despertares repentinos e grandes mudanças de pressão intratorácica. Cuidar desse problema é importante, já que a apneia obstrutiva e a sonolência diurna excessiva pode ter implicações para a saúde, pois acredita-se que atue como um fator de risco para outras condições, como doenças cardiovasculares, endócrino metabólicas e neurodegenerativas”, conclui o médico.
Sobre Gleison Guimarães
É médico especialista em Pneumologia pela UFRJ e pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e também em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Possui certificado de atuação em Medicina do Sono pela SBPT/AMB/CFM, Mestre em Clínica Médica/Pneumologia pela UFRJ, membro da American Academy of Sleep Medicine (AASM) e da European Respiratory Society (ERS). É também diretor do Instituto do Sono de Macaé (SONNO) e da Clinicar – Clínicas e Vacinas, membro efetivo do Departamento de Sono da SBPT. Atuou como coordenador de Políticas Públicas sobre Drogas no município de Macaé (2013) e pela Fundação Educacional de Macaé (Funemac), gestora da Cidade Universitária (FeMASS, UFF, UFRJ e UERJ) até 2016. Professor assistente de Pneumologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé. Para mais informações, acesse https://