Produção excessiva de sebo também ocorre nas glândulas das pálpebras e pode gerar diversas consequências para a superfície ocular
A dermatite seborreica é uma doença inflamatória crônica que afeta de 2 a 8% da população.
O que poucas pessoas sabem é que esse tipo de dermatite aumenta o risco de desenvolver alterações nas glândulas de Meibômio, que se localizam nas pálpebras. A consequência é o desenvolvimento da meibomite que pode levar também à blefarite e ao olho seco.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em pálpebras e cirurgia plástica ocular, existem cerca de 20 a 30 glândulas de Meibômio na pálpebra inferior e de 30 a 40 na pálpebra superior.
“Elas são responsáveis pela produção e secreção de lipídios (sebo) que desempenham um papel significativo na saúde da superfície ocular. O nome desse lipídio é meibum e ele é fundamental para prevenir a evaporação da lágrima e manter a superfície ocular nutrida”.
“A obstrução das glândulas das pálpebras tem diversas consequências. Há diminuição da produção do filme lacrimal que evapora mais rápido. Como resultado, inicia-se uma degeneração significativa do epitélio da superfície ocular. Isso aumenta o risco de evoluir para a síndrome do olho seco, bem como para a blefarite que é uma inflamação crônica nas pálpebras”, aponta a oftalmologista.
Meibomite é mais comum do que se imagina
Embora a meibomite seja pouco conhecida da população em geral, é responsável por cerca de dois terços dos casos da síndrome do olho seco. Segundo estudos, a prevalência a disfunção das glândulas de Meibômio pode variar de 3,5% a 74,5% da população.
Sintomas são variados
A sensação de secura ocular e irritação nos olhos são dois sintomas bastante prevalentes nas pessoas com meibomite. Os olhos também podem ficar vermelhos e a acuidade visual pode diminuir.
“Os sintomas podem variar de acordo com as comorbidades, ou seja, quando há presença da inflamação das pálpebras, ocorrem outras manifestações como vermelhidão da região, secreção grudada e endurecida colada nos cílios e sensibilidade à luz. Esses pacientes também apresentam terçol e calázio frequentemente, o que chamamos de repetição”, comenta Dra. Tatiana.
Tratamento melhora qualidade de vida
A meibomite precisa ser tratada para melhorar a qualidade de vida do paciente, como também para prevenir lesões na córnea e outras partes do globo ocular. Atualmente, um dos tratamentos que mais tem apresentado resultados efetivos e prolongados é a luz intensa pulsada.
“Como a dermatite seborreica é um fator de risco para o desenvolvimento da disfunção das glândulas meibomianas, o ideal é que o paciente procure ficar atento aos sintomas e procure um oftalmologista na presença dos sintomas oculares típicos da meibomite”, finaliza Dra. Tatiana.
Higiene das pálpebras
Para quem tem diagnóstico de blefarite e meibomite é imprescindível manter as pálpebras limpas. A higiene palpebral deve ser feita todos os dias. Isso ajuda muito a prevenir a piora da inflamação, bem como reduz o risco de desenvolver terçol e outras infecções.
Veja abaixo o passo a passo para deixar as pálpebras limpas
Passo1
Aquecimento das pálpebras: Como as secreções ficam endurecidas, é preciso aquecer para desgrudar e não machucar a pele. O ideal é fazer uma compressa com água morna e deixar de 3 a 5 minutos em cada olho.
Passo 2
Massagem: Depois de aquecer as pálpebras, faça uma massagem sútil de fora para dentro para eliminar a secreção acumulada.
Passo 3
Limpeza das pálpebras e dos cílios: O médico pode indicar um produto específico para essa etapa ou você pode usar xampu infantil neutro. Com a ponta dos dedos limpe as pálpebras e os cílios. Massageie suavemente, com movimentos circulares.
Passo 4
Limpeza da borda: O ideal é fazer isso diante de um espelho. Com uma compressa embebida no produto indicado pelo médico, limpe as bordas superiores e inferiores do olho, sem encostar no globo ocular.