Prominauris é um termo pouco conhecido e que utilizado para definir a condição de pessoas que possuem orelhas proeminentes, as famosas “orelhas de abano”.
O termo “prominauris” é utilizado para definir as orelhas de abano. Ele é composto pelas palavras latinas “prominere” (proeminente) e “auris” (orelha). Esse termo surge no século XVI, quando o cirurgião italiano Gaspare Tagliacozzi realiza a primeira operação para corrigir as orelhas de abano. Desde então, esse procedimento cirúrgico é conhecido como “Prominauris”, sendo considerado um avanço na área da medicina estética.
Essa cirurgia apresentou maior desenvolvimento técnico no Século XX, após a 1.ª Guerra e de maneira mais acentuada nas duas últimas décadas. Entretanto, há históricos transcritos a seu respeito nos documentos de Sushruta – fundador da medicina Ayurveda, ou medicina tradicional Indiana. O clássico Sushruta Samhita é considerado o primeiro livro de cirurgia da história da medicina – Tagliacozzi em 1597, e mais tarde Dieffenbach em 1846, que advogaram o uso de retalho para reparar perdas do pavilhão auricular.
Devemos a Gillies, em 1920, o pioneirismo no uso de cartilagem costal na modelagem do arcabouço auricular. Esse novo concerto técnico trouxe valiosas contribuições científicas, que abriram alentadas perspectivas nos enfoques anatômico, artístico e estético.
Comumente essa condição é mais conhecida como otoplastia, ou simplesmente “orelhas de abano”. O termo surgiu em pessoas que apresentavam uma característica física peculiar: orelhas muito grandes e pendentes. Essa característica era considerada desproporcional e muitas vezes alvo de piadas. Com o tempo, esse termo foi adotado para se referir a qualquer pessoa com orelhas grandes, independentemente da sua aparência.
A advogada de direito médico e hospitalar Dra. Beatriz Guedes comenta que “orelha de abano” na verdade é uma expressão pejorativa. Ela abala a autoestima e eleva a possibilidade de situações desagradáveis e até bullying na infância e adolescência. “É importante a conscientização para o nome técnico prominauris (orelhas proeminentes), para não gerar constrangimento, discriminação e bullying nas pessoas com essa condição.” alerta Beatriz Guedes.
Embora haja ligeira assimetria entre as orelhas na maioria dos pacientes, deformidades auriculares detectáveis esteticamente ocorrem em 3 a 5% da população. Prominauris, também conhecida como protrusão auricular, se caracteriza pelo avanço anormal da orelha a partir do córtex mastóideo (osso localizado atrás da orelha).
O cirurgião plástico da Clínica Libria, Dr. Hugo Sabath, explica que a prominauris apresentam aparência e tamanho padrão, mas são marcadas pela proeminência das dobras na parte superior e da anti-hélice com ligeiro protrusão lateral. Essas características já são visíveis no nascimento, tornando-se ainda mais evidentes com o aumento da idade.
A origem da Prominauris tem um componente genético significativo, uma vez que, cerca de 59% dos indivíduos acometidos com essa característica familiar. É esperado que seja herdado como um traço autossômico dominante, sendo que a incidência varia. O único modo de tratamento é por meio de uma cirurgia plástica chamada Otoplastia.
“Normalmente, a otoplastia é realizada com o paciente sedado e com anestesia local, com duração média de uma hora. A cirurgia deve ser realizada em ambiente hospitalar. O procedimento é realizado por uma incisão atrás da orelha, seguindo a dobra natural da pele. Através desse pequeno corte, é feita a retirada do excesso de pele e o ligamento da cartilagem, para que fique mais flexível. Porém, cada orelha deve ser examinada separadamente porque a deformidade pode diferir de uma orelha para a outra.” comenta o cirurgião plástico da Clínica Libria.
Dependendo do caso, pode ser necessária a retirada de parte da cartilagem – para diminuir o tamanho da orelha.
A cirurgia é finalizada com pontos de fixação (geralmente, internos e absorvíveis). Os pontos têm a função de manter a nova anatomia da orelha e de fechar o corte.
Prominauris em crianças
De acordo com o cirurgião plástico, a otoplastia pode ser realizada a partir dos seis anos, idade na qual o desenvolvimento da orelha está completo e a cirurgia não irá interferir.
O cirurgião responsável pela cirurgia saberá dizer, após examinar as estruturas das orelhas, se a criança pode se submeter ao procedimento ou se precisa esperar mais um pouco para que o crescimento das orelhas e estabilize. Por mais que seja uma cirurgia estética, a otoplastia tem, também, uma função social, pois age no psicológico do paciente, devolvendo-lhe a autoestima e a qualidade de vida.
Como já comentado, o termo “orelhas de abano” ou com outra malformação pode provocar episódio bullying, prejudicando a autoestima de crianças e adultos. Geralmente, o bullying começa a acontecer ainda na pré-escola e pode atrapalhar até o rendimento escolar da criança. Como na idade pré-escolar, o crescimento das orelhas chega a quase 100% do tamanho final.
Na maioria dos casos, as crianças que estão sendo vítimas do bullying por conta da formação da orelha, ficam amedrontadas e têm vergonha de contar para a família sobre o problema que está passando, permanecendo assim caladas e se isolando cada vez mais.
“As vítimas dessa agressão psicológica ficam marcadas, e o problema pode agravar levando a criança a crescer com traumas e prejudicá-la por toda a vida, fazendo com que se torne um adulto inseguro e com transtornos de autoestima e personalidade.” conscientiza a Dra. Beatriz Guedes.
Cicatriz e pós-operatório da Otoplastia
“A cicatriz se localiza atrás da orelha, no sulco formado entra ela e o crânio. O pós-operatório geralmente não é doloroso, os medicamentos prescritos pelo profissional serão suficiente para combater a dor.” esclarece o médico da Clínica Libria.
Costuma-se cobrir a incisão com curativos feitos com pomada cicatrizante e gaze. O curativo deve ser retirado no consultório, pelo médico, entre 24 a 48 horas após a cirurgia. Caso seja necessário, o médico pode recomendar ao paciente, a manutenção do curativo. Nos casos de correção de orelha de abano, o paciente deverá usar uma faixa de tecido compressiva específica por um mês. A faixa deve ser retirada apenas para o banho.
Cuidados pós-cirurgia:
– Evitar exposição ao sol, ao frio e traumatismos locais por 30 dias;
– Seguir a risca as prescrições médicas e comparecer aos retornos programados;
– A faixa e curativo devem ser retirados em consultório pelo médico responsável após 48h da cirurgia, e deve ser lavada a região com água e sabonete neutro. Secar com cuidado e colocar a tiara de malha protegendo a orelha com algodão;
– Passar pomada cicatrizante apenas se recomendado pelo médico;
– Pode voltar as atividades após 2 dias;
– Usar a tiara de malha por 30 dias, tirando apenas para tomar banho.
Em quanto tempo se vê o resultado definitivo?
“Após a retirada do curativo se tem em torno de 70% do resultado, porém após 3 meses o resultado será definitivo.” Finaliza o cirurgião da Clínica Libria, Dr. Hugo Sabath.
Clínica Libria
CRM Dr. Hugo Sabath – 131199