Em geral, sabe-se que o período entre os 35 e 40 anos da mulher é conhecido pela população como a idade que diminui a fertilidade feminina. No entanto, segundo o IBGE, chega a 20% o número de mulheres que engravidam entre os 30 a 34 anos e ainda há um aumento de bebês nascidos de mulheres acima dos 35 anos, quando a fertilidade é ainda menor. Esse aumento está evidente desde 2005, quando chegava a 13% as ocorrências de gravidezes acima dos 30 anos.
Com esse cenário, há uma preocupação com a saúde dessas mulheres e de seus bebês, devido aos riscos de gestarem com idade considerada avançada e levando em conta a qualidade dos óvulos e a possibilidade de o embrião conter uma anomalia genética.
Dr. Jorge Barreto, médico especialista em reprodução humana da CEFERP (Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto), afirma que a mulher nasce com cerca de 5 milhões de óvulos e, como são células embrionárias, o organismo tem um estoque limitado, que vai perdendo ao longo da vida “diferente do homem que não tem tanta preocupação porque a espermatogênese acontece a cada 3 meses, sendo assim, a cada 3 meses acontece a produção de novos espermatozoides”, declara o médico.
“A partir dos 30 anos a reserva ovariana (quantidade de folículos, estruturas que contém os óvulos, presentes em ambos os ovários no momento da avaliação) diminui gradativamente, chegando aos 40 anos com uma diminuição importante”, explica. “Há uma queda brusca do número de óvulos a partir dessa idade, chegando a menos de 1%, o que diminui significativamente a chance de engravidar”.
É possível acompanhar a reserva ovariana para que se consiga prevenir problemas de fertilidade. Segundo o médico, é necessário avaliar através de ultrassom os folículos antrais, que estão “guardando” os óvulos que ainda vão se desenvolver; pela dosagem do hormônio anti-mulleriano, que é produzido pelas células do ovário e o FSH agindo no organismo na fase folicular – início do ciclo menstrual. O mesmo reforça a necessidade de avaliar cuidadosamente cada caso para considerar o melhor método a ser aplicado.
É possível se programar para que a fertilidade seja preservada através do congelamento de óvulos ou de embriões. O embriologista Marcelo Rufato afirma que antigamente não havia sistema de congelamento de óvulo eficiente para a preservação de óvulos, mas que hoje, as taxas de sucesso do tratamento são equivalentes às de congelamento de embriões. A medicina reprodutiva acompanhou a evolução histórica na vida da mulher e deu a ela a chance de engravidar após a idade mais recomendada tendo em vista sua fertilidade.
Hitomi Nakagawa, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), alerta a importância de aconselhamento em busca de garantias de uma gravidez futura com resultados positivos: “As mulheres que não desejam engravidar em curto prazo, mas já se encontram em uma idade de risco, precisam avaliar junto a um médico especialista a preservação da possibilidade de completar sua família no futuro por meio do congelamento de óvulos”. Assim, é possível se programar e não ficar refém dos dados que apontam a diminuição da fertilidade entre os 35 e 40 anos.
À mulher que deseja ser mãe, mas que por alguma razão não pretende ser no momento presente ou ainda não decidiu se um dia quer mesmo ter um filho, o Dr. Jorge Barreto orienta buscar um planejamento para avaliar a reserva ovariana e as condições para uma possível gravidez futura, caso a mulher decida ser mãe.
Além de aconselhamento referente à reserva ovariana, informa a necessidade de cuidar da saúde, sendo que o estilo de vida também afeta a fertilidade. Reforça que “de modo geral, não existe uma idade certa para engravidar e que as dificuldades não decorrem apenas da idade, mas sim da reserva ovariana, de fatores genéticos, como casos de menopausa precoce na família, do cuidado com a saúde e estilo de vida”.