Gerar 300 mil novos empregos no Brasil. Essa é a previsão para o setor de energia limpa no país em 2023, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Os investimentos devem girar em torno de R$ 50 bilhões ao longo do ano, sendo que cerca de 20% do montante (aproximadamente R$ 10 bilhões) deve ser destinado para Minas Gerais.
Entidade sem fins lucrativos que reúne empresas de toda a cadeia de valor do setor solar fotovoltaico, a Absolar projeta que o país deve ter um acréscimo de mais de 10 gigawatts (GW) de potência instalada. Isso inclui desde pequenos sistemas caseiros e comerciais, sejam urbanos ou rurais, até usinas de médio e grande portes.
A energia solar fotovoltaica se transformou, ao longo de 2022, na segunda maior fonte da matriz elétrica brasileira, com 23,9 GW de capacidade instalada operacional. Com esse número, ultrapassou a energia eólica, responsável por 23,8 GW, e ficou atrás apenas da fonte hídrica, que responde por 109,7 GW.
Desde 2012, a fonte solar já trouxe para o Brasil mais de R$ 120,8 bilhões em investimentos e gerou mais de 705 mil empregos. Além disso, proporcionou R$ 38 bilhões em arrecadação de impostos para os cofres públicos. Também evitou a emissão de 33,3 milhões de toneladas de gás carbônico com a geração de eletricidade, contribuindo para a preservação do meio ambiente e colaborando para o equilíbrio da questão climática.
Esse tema, aliás, foi destaque no discurso de posse da ministra Marina Silva, no dia 4 de janeiro, quando anunciou a nova nomenclatura de sua pasta, que passou a se chamar Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima. Ela afirmou que a inclusão do termo “mudança do clima” tem a ver com a necessidade de investir em energia verde e não poluente, já que a emergência climática talvez seja o maior desafio global vivido atualmente pela humanidade. A ministra afirmou que pretende “recuperar, fortalecer e criar arcabouços institucionais em prol de uma governança climática robusta e articulada, para que o tema seja tratado com a necessária transversalidade”.
Minas Gerais é destaque no setor de energia limpa, já que é líder nas gerações centralizadas e distribuídas; além disso, todos os 853 municípios do estado contam com pelo menos uma instalação de energia fotovoltaica. Segundo especialistas, o estado possui oferta de mão de obra qualificada, tanto no projeto e instalação quanto na montagem das usinas, e conta com grande oferta de equipamentos.
“Investir em energia limpa é solução para um mundo sustentável”, afirma o engenheiro químico Gabriel Guimarães, diretor da SolarVolt. Segundo ele, é fundamental que haja diminuição significativa no uso de energia proveniente de fontes não renováveis, como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral, responsáveis diretos por grande parte da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Tudo isso gera forte impacto no meio ambiente, provoca aumento da temperatura global e causa desastres climáticos em níveis nunca vistos.
“Daí a necessidade, cada vez mais premente, de investir em energia renovável, também chamada de energia limpa ou verde”, destaca Gabriel Guimarães. As mais conhecidas formas que operam a partir de uma matriz energética que não libera substâncias poluentes no meio ambiente são a eólica (vento), a solar (radiação do sol coletada a partir de placas fotovoltaicas), a geotérmica (proveniente do calor do interior da Terra) e a hidráulica (água).
Segundo dados da ONU para o meio ambiente, o investimento global em energia limpa ultrapassou US$ 2,6 trilhões na última década. Entre as matrizes renováveis, foram mais gigawatts de capacidade de energia solar instalados do que qualquer outra tecnologia de geração energética. “Esse montante é bastante animador, já que a energia solar fotovoltaica reduz gastos e valoriza questões relacionadas à sustentabilidade do planeta”, observa Guimarães.