A saúde mental é um dos principais tópicos nas mídias sociais, nas notícias e nas artes, e a Rede Mater Dei definiu o tema Quem cuida da mente, cuida da vida para ser trabalhado na campanha de conscientização em 2023. A Campanha Janeiro Branco ocorre no primeiro mês do ano porque, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem na própria vida, nas relações sociais, nas condições de existência, emoções e sentidos existenciais.
Em 2023, o movimento completa 10 edições com o objetivo de construir uma cultura da Saúde Mental na humanidade, trabalhando pela psicoeducação dos indivíduos e pela criação de políticas públicas dedicadas às necessidades psicossociais da Saúde Mental. Conforme a Organização Mundial da Saúde divulgou em 2022, quase um bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes do mundo, vivem com algum transtorno mental, situação agravada pela pandemia da Covid-19 e por antigos tabus, preconceitos e desconhecimentos a respeito dos múltiplos universos da Saúde Mental.
As metas de ano-novo podem transformar vidas na direção desejada. No entanto, em muitas circunstâncias, os objetivos iniciais não são alcançados, o que pode gerar frustrações. “Sugiro que as pessoas definam metas que sejam suas e não do senso comum. Metas de curto, médio e longo prazo. Sempre está em tempo de recomeçar, e cada um tem o seu próprio tempo de concluí-las. Mais importante do que conquistar o objetivo, é curtir cada passo da jornada”, sugere a psiquiatra Ana Carolina Chaves Alúcio, do Mater Dei Santa Genoveva.
Após os últimos anos de vida pandêmica, muitas pessoas estão percebendo que o estresse, o isolamento e a incerteza afetaram seu bem-estar. Segundo a médica, antes da pandemia, o Brasil tinha o primeiro lugar em prevalência dos transtornos ansiosos e o terceiro lugar em transtornos depressivos. “De lá para cá, os índices só pioram. Além da prevalência ser muito alta, todos estarmos, em algum ponto, sujeitos a isso, o que impacta muito na qualidade de vida e até mesmo na sobrevida”, afirma a Dra. Ana Carolina.
O autocuidado significa reservar um tempo para fazer coisas que ajudem a viver bem e melhorar a saúde física e mental. Quando se trata de saúde mental, ele pode ajudar a controlar o estresse, diminuir o risco de doenças e aumentar a energia. Mesmo pequenos atos de autocuidado na vida diária podem ter um grande impacto. “Quase todo mundo sabe que atividade física, boa alimentação, cuidar da saúde, controle das doenças crônicas e estar com amigos beneficiam a qualidade de vida. Mas, além disso, acredito que se conhecer, respeitar seus limites, ser gentil consigo, e avaliar quais são as coisas que realmente importam para si próprio, e não apenas ao senso comum, auxiliam a ter maior satisfação com a vida”, diz a psiquiatra.
A conscientização ajuda a educar o público e ensina que não há problema em compartilhar experiências, vulnerabilidades e preocupações sobre problemas de saúde mental. Reduzir o estigma associado ao assunto ajudará inúmeras outras pessoas, pois, consequentemente, entenderão que a doença mental pode ser tratada. Para a médica, quebrar o preconceito permitirá que mais pessoas busquem ajuda quando se sentirem sozinhas, isoladas e desesperadas. “Acredito que o estigma reduz com diálogo e informação. Diante de uma população brasileira tão adoecida mentalmente, olharmos para nossos pares com empatia nos auxilia muito a reduzir preconceitos e ajudar a superar as dificuldades”, afirma. Ana Carolina ressalta que buscar informação e conversas permite avaliar o ponto em que a pessoa está, se precisa de ajuda, e lembra que os transtornos mentais atingem todos os grupos de pessoas, de diferentes faixas etárias, gêneros e condições socioeconômicas.