Segundo a pesquisa Prematuridade recorrente: dados do estudo “Nascer no Brasil”, o Brasil ocupa o 9º lugar entre os países com a maior quantidade de partos prematuros no mundo. No país cerca de 340 mil bebês nascem antes das 37 semanas de gestação todos os anos. Os índices ficam ainda mais alarmantes porque a prematuridade é a maior causa de morte em crianças abaixo dos cinco anos de idade e cerca de 42% das mães de bebês pré-termo sofrem com a prematuridade recorrente quando decidem ter mais filhos. Outro índice preocupante é a quantidade de partos prematuros recorrentes decorrentes de intervenção obstétrica, cerca de 37,8%. Os prematuros dessa categoria são os que mais apresentam complicações clínicas pós-parto.
Em entrevista ao portal Nestlé Baby & Me, o médico pediatra Dr. José Nivaldo Araújo Vilarim fala sobre as principais causas de nascimento de bebês prematuros e como prevenir que aconteçam.
O que é a prematuridade?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a prematuridade ocorre quando um bebê nasce antes de 37 semanas de gestação. Os prematuros, também chamados de recém-nascidos pré-termo, precisam de cuidados específicos para que possam se desenvolver adequadamente.
Quais são os fatores de risco para um parto prematuro?
Os fatores de risco para um parto prematuro são gravidez gemelar, hipertensão, diabetes materna ou mesmo infecção que a mãe possa adquirir durante a gravidez. Por este motivo, é essencial realizar as consultas de pré-natal com o pediatra. Se houver risco de prematuridade, esse profissional poderá orientar a família sobre os cuidados que o recém-nascido receberá e as complicações que podem ser evitadas.
O bebê nasceu prematuro. Ele vai crescer normalmente?
Cada recém-nascido prematuro tem as suas peculiaridades, e o crescimento é uma delas. Muitas vezes, os pais desejam que o crescimento seja semelhante ao de bebês nascidos a termo, mas pode ser que isso não aconteça. Existem gráficos específicos para o crescimento do recém-nascido prematuro e ele deve ser ajustado para a idade gestacional corrigida.
A respeito do crescimento de bebês prematuros, o Dr. José Nivaldo explica que ao longo de dois ou três anos de vida, eles recuperam o seu crescimento, tanto de perímetro cefálico quanto de estatura e peso. Por outro lado, alguns recém-nascidos prematuros se mantém em um crescimento menor do que o normal, por isso é importantíssimo que essas crianças sejam sempre acompanhadas por um profissional.
Qual a diferença entre idade cronológica e idade gestacional corrigida?
Segundo o Dr. José Nivaldo, a idade cronológica é a idade real do recém-nascido prematuro. A partir do seu nascimento, contam-se os dias, meses e anos. Já a idade corrigida segue um cálculo diferente: deve-se contar a partir da idade que o bebê nasceu e descontar os dias que faltaram para o bebê completar as 40 semanas de idade gestacional.
Um recém-nascido prematuro que nasceu aos 7 meses de idade gestacional, ao completar 12 semanas após o nascimento, terá 3 meses de idade cronológica e 1 mês de idade corrigida, pois foram descontados os 2 meses que faltaram para o nascimento a termo.
Entender essa diferença é importante para que os cuidados com o crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor do bebê sejam tomados. Cada indivíduo tem as suas peculiaridades e conhecer a idade corrigida é uma forma de atender às necessidades do bebê.
Quais cuidados são necessários para um bebê prematuro?
Sobre os cuidados que se deve ter com um recém-nascido prematuro, o pediatra explica que é de extrema importância manter um aquecimento adequado para evitar hipotermias ou hipertermias e ter o calendário de vacinas atualizado, com vacinas que são exclusivas de recém-nascidos prematuros, de acordo com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria.
O bebê prematuro pode receber visitas?
A melhor forma de lidar com visitas é o bom senso. Se o bebê estiver na UTI, somente pais e avós podem visitá-lo, de acordo com os protocolos de visita adotados por cada hospital. No apartamento, enfermaria ou mesmo em casa, o ideal é que os visitantes evitem segurar a criança, controlando também beijos e toques prolongados. Não é adequada a visita de portadores de doenças que possam infectar o recém-nascido.
É importante ressaltar que dicas não substituem uma consulta médica e as famílias devem consultar o pediatra dos seus filhos para obter orientações individualizadas.