O campeonato mundial, realizado este ano em uma época diferente dos eventos anteriores, trouxe uma mudança no cenário econômico, coincidindo com datas importantes para o comércio como Black Friday e Natal. Na pesquisa Consumo de Futebol no Brasil, realizada pela Toluna, 57% dos respondentes afirmaram que as dificuldades impostas pelo momento econômico do país irão comprometer o fluxo de consumo durante o período da Copa.
Já a Pinion Copa do Mundo 2022 – CMI mostrou, por exemplo, que na metade do ano, 9 em cada 10 entrevistados pretendiam acompanhar o campeonato e 95% das pessoas torceriam pelo Brasil. A pesquisa evidenciou ainda o grande ecossistema de comportamento e consumo que se cria no momento da competição. Para ver os jogos, as pessoas planejavam comprar alimentos (54%), inclusive por meio de aplicativos de delivery (30%), comprar bebidas alcoólicas (32%) e se vestir à caráter (23%).
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Representantes Comerciais do Paraná (Core-PR), Paulo Nauiack, é importante aproveitar as oportunidades para formular estratégias de venda em momentos como este. “O Mundial é um importante propulsor para as vendas, mas é preciso observar fatores que podem fazer com que os consumidores controlem os gastos, especialmente nesta Copa”, diz.
Para o administrador de empresas e professor do IBMEC e da Fundação de Estudos Sociais do Paraná, Pedro Salanek, essa relação entre a Copa do Mundo e as vendas tem a ver com o próprio vínculo que os brasileiros têm com o futebol. “A Copa nos mobiliza mais do que as Olimpíadas, por exemplo, por existir essa paixão nacional pela modalidade”, diz.
O ex-jogador do Athletico Paranaense e atual mentor de atletas Carlos Augusto Bertoldi, o Ticão, corrobora o fato de que a relação entre o campeonato e a movimentação do mercado também é justificada, em partes, pelo grande apelo emocional que o futebol tem para o brasileiro. “Hoje, com os estudos de neuromarketing, sabemos que as vendas são muito emocionais também”, complementa. Segundo Salanek, a expectativa é ter cerca de 60 milhões de pessoas consumindo nesse período, o que corresponde a pouco mais de 25% da população brasileira, movimentando aproximadamente R$ 20 bilhões na economia.
O sócio de uma loja de artigos para festas, Isac Nudelman, observou um aumento na procura de produtos relacionados à Copa antes mesmo do início dos jogos. “Estimamos que teremos um aumento de 20%”, avalia. A tendência para quem vende é que seja um final de ano positivo para as vendas. “Estamos num momento em que as emoções estão afloradas e isso é bem positivo para o mercado. É importante saber aproveitar”, sugere o ex-jogador Ticão.