O transtorno mental é um mal silencioso, que pode estar presente em qualquer fase da vida e gerar muitas complicações. Seus reflexos acontecem no âmbito psicológico e, conforme o grau de comprometimento, a pessoa pode ter reflexos na saúde física e em suas relações pessoais, sociais e profissionais.
Estimular discussões sobre esse tema, de maneira positiva, é importante para quebrar tabus e preconceitos. Se antigamente pacientes com transtorno mental eram facilmente excluídos do convívio social, hoje eles têm mais chances de serem acolhidos, já que existem diversas opções de tratamento disponíveis.
Tendo isso em vista, selecionamos valiosas informações quanto às principais questões relacionadas ao transtorno mental.
Afinal, o que é transtorno mental?
O transtorno mental é uma disfunção da atividade cerebral que pode gerar prejuízos emocionais e físicos de forma bastante significativa. Tais distúrbios podem afetar o humor, o comportamento, o raciocínio e também influenciar na concentração e memória. Tais problemas surgem por causas multifatoriais e afetam pessoas de diferentes faixas etárias.
Além disso, os transtornos mentais também podem surgir em associação com doenças psicossomáticas e físicas. Por isso, manter um cronograma regular de consultas médicas e exames é essencial para a proteção da saúde integral. Ou seja, quanto mais atenção e cuidado quanto a isso, menores serão as chances de desenvolver tais problemas.
Ao longo da história da psiquiatria, os transtornos mentais foram ignorados, tanto pelos familiares como por alguns profissionais da saúde. Hoje, porém, o avanço nas pesquisas científicas traz maior disponibilidade de informação e recursos terapêuticos. Isso facilita a compreensão da importância de tratar doenças, antes ignoradas, como o estresse.
Como é o panorama das doenças mentais no Brasil?
O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2020, deixou claro quais são os problemas que mais exigem atenção psiquiátrica. E isso, em caráter global: o documento compilou dados de 173 países, inclusive do Brasil. Por meio da análise desse relatório, os profissionais da saúde puderam perceber quais são os maiores desafios da saúde mental.
Ou seja, as estatísticas apresentaram um cenário preocupante quanto à realidade da saúde psíquica da população geral. Assim como acontece no Brasil, em outros países também não há suporte adequado para a assistência psiquiátrica. Outro ponto relevante é a falta de políticas públicas mais eficientes, centradas em ações para melhorar a oferta desses serviços.
Mas quais são os impactos dessa dura realidade sobre a saúde mental da coletividade? O que fazer para ajudar a quem precisa de ajuda para superar os transtornos mentais? Em primeiro lugar, é preciso conscientizar as pessoas sobre a importância dos cuidados com a saúde, tanto no âmbito físico, como no emocional e psíquico.
Na América Latina, o Brasil é um dos países que ocupam os primeiros lugares no ranking de doenças mentais: atualmente, os distúrbios mentais afetam 18,6 milhões de brasileiros. O cenário é extremamente preocupante e, sendo assim, requer a busca de soluções mais eficazes para reverter tais quadros.
Alternativas de solução seria a adoção de medidas de educação preventiva para evitar tanto o desenvolvimento de novos casos quanto a piora dos pacientes já diagnosticados. Nesse contexto, o ideal seria explicar aos pacientes sobre a necessidade de consultas regulares com um psiquiatra a fim de minimizar os riscos para essas doenças.
Qual a relação entre pandemia de Covid-19 e saúde mental?
Diante dos dados divulgados pela OMS, também é preciso considerar os impactos gerados pelos novos coronavírus. O cenário pandêmico contribuiu consideravelmente para agravar as condições prévias, além de gerar novos quadros de distúrbios mentais.
Durante a pandemia, fatores como as perdas humanas e financeiras e os desafios resultantes do isolamento social serviram de gatilho para piorar a saúde mental coletiva. Assim, as consequências das modificações sanitárias e sociais impostas pela pandemia afetaram a saúde mental até das pessoas sem diagnóstico psiquiátrico prévio.
Em todo o mundo, notou-se uma intrínseca relação entre os efeitos da pandemia e o surgimento de transtornos mentais: houve um aumento de 25% nos casos de ansiedade e depressão. Os dados são da OMS. Tais mudanças geraram grandes impactos sobre a saúde coletiva, uma vez que elevou a demanda por tratamentos psiquiátricos.
Atualmente, quais são os transtornos mentais mais comuns?
Mesmo que ainda existam muitos mitos sobre a saúde mental, algumas doenças são mais prevalentes na população. E isso, na esfera global: como demonstram as estatísticas anteriormente citadas, a carga dos transtornos mentais preocupa a saúde pública em diferentes contextos.
Sob essa visão, destacamos os tipos de doenças mentais de maior prevalência. Confira!
Ansiedade
Em linhas gerais, a ansiedade é um quadro que surge por múltiplas causas, mas predomina a instabilidade emocional ou preocupações. Durante as crises, os sintomas mais comuns são desconforto ou dores no peito e no pescoço, falta de ar, tensão, sensação de sufocamento, angústia e medo.
Depressão
Também conhecida por transtorno depressivo maior (TDM), essa doença se caracteriza por alternância de períodos curtos com sentimentos negativos e tristeza sem causa aparente. Na depressão, também pode ocorrer falta de energia, fadiga, mau humor, insônia, alterações de apetite, perda de memória e dificuldade de concentração.
Transtorno bipolar
Ainda que ocorram outros sintomas, o transtorno bipolar é marcado por episódios de humor que se alternam com melancolia e tristeza. Por isso, as pessoas com esse transtorno oscilam entre dois pólos distintos: o depressivo e o maníaco. Ao contrário da depressão, na mania, os principais sintomas são o pensamento eufórico, com um conteúdo exageradamente otimista e grandioso.
Transtorno Obsessivo Compulsivo — TOC
O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por obsessões, que levam a pensamentos intrusivos e à realização de repetições. Os sintomas variam conforme o grau de comprometimento. Em casos graves, por exemplo, pessoas com TOC podem lavar as mãos, repetidamente, inúmeras vezes, por pensarem que as mãos estão exageradamente sujas.
Esquizofrenia
Também conhecida como transtorno psicótico, a esquizofrenia é caracterizada pela fuga da realidade. Nesse tipo de transtorno mental, surgem alucinações que levam o indivíduo a ver e ouvir algo que, na realidade, não existe. Delírios, ilusões e distorção da realidade são típicos na esquizofrenia.
TDAH
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade acomete pessoas de diferentes faixas etárias. Contudo, os diagnósticos são mais comuns na infância e adolescência. Os sintomas mais presentes são a dificuldade de concentração e de focar em atividades de rotina, como as tarefas escolares.
Transtorno do Espectro Autista — TEA
O autismo é uma condição caracterizada por alterações no comportamento, cujos sintomas variam de acordo com o nível de classificação da doença. Em grau leve, os sintomas não interferem na realização das atividades. Porém, nos quadros mais avançados, o autista pode ter perda cognitiva e dificuldades relacionadas à comunicação e ao convívio social.
Como é o diagnóstico de um transtorno mental?
O diagnóstico de um transtorno mental é feito por profissionais especializados em saúde mental: psicólogos, psiquiatras ou psicanalistas. Por meio de uma entrevista e avaliação cognitiva e emocional dos pacientes, esses profissionais costumam chegar ao diagnóstico. Igualmente relevantes são o histórico clínico e familiar do paciente.
Dependendo da gravidade do caso, é necessário encaminhar o paciente para médicos especialistas em outras áreas. Isso acontece quando o transtorno mental tem associação com outras doenças, tais como Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ou complicações por doenças graves como câncer e Aids.
O diagnóstico de transtornos mentais requer alguns critérios, como as mudanças de comportamento. Às vezes, a definição do diagnóstico exige tempo para uma análise mais precisa. Contudo, dependendo das características e da gravidade do quadro, o médico pode, sim, confirmar a doença logo. A identificação do distúrbio é importante para iniciar o tratamento e evitar a progressão do quadro.
Como a saúde mental e a saúde física estão relacionadas?
Como mente e cérebro trabalham interligados, esse fator influencia diretamente a relação entre saúde física e mental. Ou seja, essas duas áreas estão intimamente conectadas e, por isso, não podem ser consideradas no âmbito individual. Partindo desse princípio, os transtornos mentais elevam os riscos de desenvolvimento de doenças físicas, e vice-versa.
Uma situação muito comum e que exemplifica esse mecanismo de integração mente e corpo é quando alguém está com dor ou algum desconforto físico. Certamente, você já percebeu que, nessas circunstâncias, essa condição também afeta o nível de humor e compromete o bem-estar.
Outro exemplo clássico são as condições em que os problemas emocionais desencadeiam doenças físicas. Isso é muito evidente em quadros como depressão, e crise de ansiedade. Se for muito frequente, essa instabilidade emocional pode causar complicações como prisão de ventre e úlceras estomacais. Portanto, as evidências da interação entre mente e corpo são muito claras.
Como prevenir um transtorno mental?
“Mente sã, corpo são” é um aforismo dos tempos da Roma Antiga. Considerando o panorama da saúde mental, esse ensinamento ainda é importante em diferentes contextos. Ele demonstra, ainda, que há muito tempo se percebe a relação entre a saúde mental e o bem-estar de um indivíduo.
No entanto, o transtorno mental ainda não foi compreendido pela medicina. Justamente por tratar-se de algo que não se manifesta de forma física, tem apenas reflexos no dia a dia de uma pessoa, é mais difícil analisar seus sintomas. Isso torna tais enfermidades desafiadoras tanto para o paciente como para os profissionais da saúde.
Para quem convive com uma pessoa que apresenta características desses tipos de distúrbio, é importante ter em mente que os sinais nem sempre são claros. Às vezes, não são bem definidos nem mesmo para o próprio paciente. Por isso, para lidar melhor com tais distúrbios, o ideal é desenvolver empatia, paciência e ser compreensível com os entes queridos.
Em relação a isso, elencamos algumas práticas que ajudam a manter a mente mais estável. Confira:
- opte por alimentação saudável: evite o excesso de sal, açúcar e gorduras, pois isso é crucial para manter o cérebro ativo e funcional;
- inclua atividade física em sua rotina diária: movimentar o corpo reduz doenças crônicas e diminui os efeitos do estresse e da ansiedade;
- cultive o hábito de priorizar emoções positivas: isso reduz o risco de doenças no coração;
- mantenha um estilo de vida equilibrado: você pode ter um lazer saudável sem o consumo de cigarros, álcool e drogas ilícitas;
- priorize a qualidade do sono: durma a quantidade de horas necessárias para o seu descanso;
- seja leve, e releve: leveza e positividade contribuem muito para a estabilidade mental e física.
Quando procurar ajuda psiquiátrica
Situações que afastam uma pessoa de seu convívio social habitual são um sinal de alerta. Para quem tem distúrbios mentais, ser privado dessa convivência pode ser a última alternativa para manter a sua segurança e a das pessoas de seus círculos social, profissional e familiar.
Quando as mudanças de humor, a dependência química e as crises ansiosas se agravam, pode ser o momento de procurar um psiquiatra. Nesse sentido, o apoio da família e dos amigos é fundamental para estimular a busca de ajuda profissional. Afinal, nem sempre é fácil superar, sozinho, todos os emblemas que envolvem as doenças mentais.
Por meio do apoio de um especialista, a pessoa que se encontra nessa condição emocional poderá encontrar uma forma de enfrentamento de seu quadro. Nesses casos, o acompanhamento psiquiátrico é crucial para o paciente aprender a contornar as suas dificuldades. Essas intervenções também ajudam a restabelecer a saúde mental e ter mais qualidade de vida.
O tratamento de uma pessoa que apresenta sintomas de um transtorno mental varia conforme o diagnóstico e a gravidade dos sintomas. Essas intervenções podem envolver a prescrição de medicamentos — que são recomendados para estabilizar as funções cerebrais — e, por isso, a orientação de um especialista é essencial.
Como o Hospital Santa Mônica pode ajudar
Como você percebeu, a saúde psíquica e emocional podem gerar sintomas físicos devido à íntima integração entre os fatores biológicos, sociais e econômicos. Essa ligação ajuda a compreender a necessidade de cuidar melhor da saúde mental.
Grandes avanços já foram conquistados e, hoje, temos mais consciência do quanto a alimentação saudável, a atividade física e o convívio social influenciam a mente. Há, inclusive, alguns estudos que incluem um quarto pilar para a vida saudável: as questões relacionadas à espiritualidade.
Mas nenhum desses avanços é mais poderoso do que o diálogo e a ajuda profissional qualificada. Falar sobre sentimentos está se tornando uma prática cada vez mais comum devido à maior conscientização sobre a saúde mental. Nesse contexto, contar com uma instituição especializada faz toda a diferença para a superação desses desafios.
Portanto, se você conhece alguém que está em sofrimento por causa de algum transtorno mental, busque ajuda. Assim como acontece com outras doenças, o diagnóstico precoce é essencial para obter melhores respostas aos tratamentos, reabilitar a saúde integral e ter mais qualidade de vida.