O último mês de 2022 começou sob chuva intensa em muitas regiões do país e deve continuar assim ao longo do primeiro mês de 2023, de acordo com as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia. Causa de muitos estragos na infraestrutura e na saúde pública das cidades, o excesso de chuva também contribuiu para um aumento de 184,6% no número de casos de dengue em comparação com o mesmo período de 2021. Somente até o mês de outubro foram registrados 1,3 milhão de casos da doença neste ano, com 909 óbitos confirmados. Por isso, o Ministério da Saúde está empenhado na campanha “Todo dia é dia de combater o mosquito” – com o objetivo de conscientizar a população brasileira sobre os perigos do inseto e a importância de combate aos criadouros do mosquito.
Uma das principais recomendações é para que os cidadãos façam limpeza frequente em suas casas, não deixando água parada em pneus, vasos de plantas, calhas, garrafas, caixas d’água ou outros recipientes que possam permitir a reprodução do mosquito. Manter lixeiras bem tampadas, ralos limpos, e usar lonas esticadas para cobrir materiais de construção são outros cuidados para evitar o acúmulo de água.
De acordo com o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB), Walter Ramalho, geralmente a transmissão acontece na casa das pessoas – já que o mosquito tem uma maior atividade no começo da manhã e no final da tarde. “São os momentos em que os membros das famílias normalmente se reúnem em suas residências, principalmente nos finais de semana”. Os sintomas da dengue geralmente se apresentam com febre alta, que começa de maneira abrupta, dores no corpo, dor de cabeça e manchas vermelhas na pele.
Um estudo conduzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) revelou que o uso de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) é 100% eficaz na eliminação de larvas do mosquito Aedes aegypti. Basta diluir 10 ml de água sanitária em um litro de água corrente e passar no chão e em superfícies que atraem moscas e mosquitos para acabar com todas as larvas depositadas em 24 horas, evitando sua propagação.
João César de Freitas, diretor comercial da Katrium Indústrias Químicas, fornecedora de cloro para o tratamento da água no Estado do Rio de Janeiro, diz que o uso da água sanitária é um importante trunfo na prevenção de doenças que se intensificam com as chuvas de verão e deveria ser amplamente divulgado, principalmente em comunidades com alta densidade populacional – em que um único mosquito pode fazer várias vítimas. “Além de ajudar a prevenir a população contra as doenças provocadas pelo Aedes aegypti, o uso de água sanitária também previne a leptospirose – doença transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, especialmente de ratos”.
De acordo com o executivo, essa solução de uma tampinha de água sanitária para um litro de água deveria fazer parte da rotina diária na limpeza de cozinhas e banheiros, na rega de plantas (já que nessa proporção é inofensiva ao meio ambiente), bancadas, mesas de bar etc. “A população se acostumou a reforçar a limpeza da casa com água sanitária durante a fase crítica da Covid-19. Mas esse hábito deveria se estender permanentemente, já que é tão importante manter a higiene dos lares, escolas, clubes, instituições de saúde e todo negócio voltado para o atendimento público”.