Uso de hormônios é um dos fatores de risco para olho seco e inflamação crônica nas pálpebras
Embora o estrogênio e a progesterona sejam mais conhecidos por seu papel na saúde sexual das mulheres, você sabia que eles também podem afetar o sistema visual?
“As mudanças hormonais que ocorrem na menopausa podem afetar as pálpebras e a visão. Um dos principais fatores de risco é a reposição hormonal. Isso porque esses hormônios alteram o funcionamento das glândulas sebáceas das pálpebras, chamadas de glândulas de Meibômio”, explica Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em cirurgia plástica ocular.
Veja agora os principais problemas que afetam o sistema visual na menopausa.
1- Olho Seco – Meibomite – Blefarite
O olho seco, a blefarite e a meibomite são problemas oculares muito comuns na menopausa. Essas três patologias ocorrem devido a alterações nas glândulas sebáceas que se localizam nas pálpebras.
“Essas glândulas produzem e secretam o meibum, parte gordurosa do filme lacrimal. O meibum é essencial para manter a superfície ocular lubrificada e nutrida. A menopausa, a terapia de reposição hormonal e o uso de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos alteram a produção e a secreção do meibum”, comenta Dra. Tatiana
As consequências das alterações nas glândulas palpebrais são o olho seco, a blefarite e meibomite. Estima-se que a prevalência do olho seco em mulheres com mais de 50 anos é o dobro daquela encontrada nos homens.
Chip da beleza aumenta risco de problemas na visão na menopausa
“Hoje, é muito comum o implante do chamado “chip da beleza”, à base de testosterona. Muitas mulheres acabam desenvolvendo blefarite e meibomite devido ao fato de que a testosterona altera a produção e a secreção do sebo. Portanto, é importante que as mulheres busquem informações sobre a reposição hormonal e estejam cientes dos riscos e dos benefícios desse tipo de tratamento”, alerta Dra. Tatiana.
2- Menopausa e glaucoma
Ao longo dos anos, estudos apontaram que a menopausa precoce leva ao envelhecimento prematuro do nervo óptico, que fica mais suscetível a sofrer danos e lesões que podem provocar o glaucoma.
“Portanto, a partir dos 40 anos, o ideal é que as mulheres façam um check up oftalmológico anual. Durante a consulta, o oftalmologista irá avaliar a saúde do nervo óptico, bem como aferir a pressão intraocular (PIO). O aumento da PIO é o principal fator de risco para desenvolver o glaucoma”, reforça a oftalmologista.
O glaucoma é uma doença crônica e pode levar à perda definitiva da visão. Portanto, é muito importante consultar o oftalmologista para iniciar o tratamento o quanto antes, prevenindo danos irreversíveis no nervo óptico.
3- Menopausa e catarata
A catarata é a opacificação do cristalino, lente natural dos olhos. Embora a idade seja o principal fator de risco para mulheres e homens, estudos apontaram que a menopausa aumenta a chance de a mulher desenvolver a catarata de forma mais precoce do que o homem.
A razão, segundo as evidências cientificas, é que a camada externa do cristalino têm receptores de estrogênio cuja função é protegê-lo de proteínas indutoras da catarata. Como na menopausa a produção do estrogênio cai, o risco de alterações no cristalino aumenta.
A catarata é um doença tratável, por meio de uma cirurgia que irá remover o cristalino e substituí-lo por uma lente intraocular.
4- Vista cansada
Outra condição comum após os 50 anos, época da menopausa, é a presbiopia, mais conhecida por vista cansada.
“Entretanto, nesse caso o fator de risco é o envelhecimento natural, ou seja, não tem relação com as alterações hormonais da menopausa. A vista cansada pode ser corrigida com óculos ou com cirurgia refrativa”, conta Dra. Tatiana.
Independente da menopausa, o ideal é que as mulheres façam um check oftalmológico anual a partir dos 40 anos. Além disso, é importante obter informações confiáveis sobre os riscos e benefícios da reposição hormonal, que jamais deve ser feita sem acompanhamento e prescrição de um médico.