Quem nunca sentiu aquela aflição ao ver os jogadores da Copa do Mundo sofrerem lesões e contusões em campo, levante a mão! E claro que eles contam com equipes altamente especializadas no tratamento dessas lesões e na reabilitação para voltarem a jogar.
Entre as técnicas usadas nos jogadores e em nós, mero mortais, está a chamada termoterapia, ou seja, o uso de calor e frio para tratar as lesões.
Desde o início
O uso das temperaturas para tratamentos de saúde data da época de Hipócrates, o pai da medicina. Ele percebeu que o uso de água fria melhorava dores nas articulações e reduzia o processo inflamatório.
Desde então, a termoterapia evoluiu e é aplicada de diferentes maneiras nas clínicas de fisioterapia. Além disso, muitas pessoas recorrem às compressas quentes e frias no dia a dia para tratar condições menos complexas, como contusões, batidas, entorses etc.
Mas você sabe quando aplicar calor e quando aplicar frio para tratar dores, lesões e desconfortos musculares?
Segundo Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especialista Dores Crônicas e Saúde Postural, a termoterapia possui diversos benefícios para os problemas musculoesqueléticos em geral.
“A energia térmica tem diferentes indicações clínicas. Além disso, as duas fontes de temperatura podem ser usadas em conjunto, dependendo do tipo de lesão ou doença. Há também equipamentos que usamos na clínica que conseguem atingir camadas mais profundas da pele, o que é diferente de fazer compressas em casa”.
No ambiente da clínica, o uso da termoterapia é controlado e aplicado por profissionais da fisioterapia. “A nossa preocupação é orientar as pessoas para que aprendam a usar a energia térmica da maneira correta em casa. Isso ajuda a prevenir acidentes como queimaduras, por exemplo, além de indicar qual temperatura trará os benefícios esperados para cada tipo de problema”, reforça Walkíria.
Gelo na batida
A especialista comenta que o gelo é indicado em lesões causadas por quedas, pancadas, tropeços, mas que não tenham causado feridas ou lesões expostas. “Uma das coisas mais importantes é colocar o gelo logo em seguida do trauma. Outra dica é usar um pano entre a compressa de gelo e a pele para prevenir queimaduras. Por fim, a aplicação não deve ultrapassar 20 minutos”, alerta.
O gelo tem dois efeitos importantes. O primeiro é a sua propriedade vasoconstritora. Como algumas lesões podem romper vasos, o sangue pode extravasar junto com outros líquidos, como a linfa. “A partir disso surgem os hematomas e o inchaço. As compressas frias podem ajudar os vasos a se contraírem e, com isso, há redução do fluxo de líquidos fora deles”, afirma Walkíria.
Já o efeito anestésico do gelo está relacionado à redução da transmissão dos impulsos nervosos da dor. Para alcançar esse benefício, o ideal é aplicar a compressa por cerca de 20 minutos na lesão. Vale reforçar que o gelo só é eficaz nessas lesões se usado nas primeiras 48 horas. Por isso, é sempre bom consultar um especialista, seja o médico ou o fisioterapeuta.
Quando usar compressas quentes
O calor tem efeitos diferentes do frio. “As compressas quentes são vasodilatadoras e contribuem para a melhora da circulação. O calor também pode ser usado nos hematomas e inchaços que surgem após 48 horas da lesão. O calor tem bastante efeito na melhora dos processos inflamatórios”, comenta Walkíria.
As compressas quentes também são um recurso importante para melhorar as dores musculares, pois levam ao relaxamento dos músculos. A melhor indicação do uso do calor é para alívio de dores na fase mais crônica.
A aplicação do calor pode ser feita por meio do uso de bolsas térmicas e panos quentes. Porém, é preciso cuidado para não queimar a pele. O tempo ideal é de 15 a 20 minutos.
Quente e frio
“Poucas pessoas sabem, mas há também efeitos terapêuticos quando se usa o contraste, ou seja, compressas quentes e frias usadas alternadamente podem ajudar a reduzir o inchaço de lesões musculoesqueléticas, algo muito usado nas clínicas de fisioterapia, finaliza Walkíria.