A Alemanha e a Noruega anunciaram que voltarão a liberar recursos para o Fundo da Amazônia ainda este ano. Após as eleições presidenciais ocorridas no Brasil no final do mês de Outubro, com a vitória do novo presidente alguns acordos políticos começam a serem desenhados e alianças diplomáticas a serem estabelecidas.
O Fundo Amazônia, criado em 2008, é uma iniciativa de investimento da Alemanha e Noruega, países europeus aos quais desde o começo já investiram cerca de R$ 3,4 bilhões de reais, segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O secretário de Estado do Ministério de Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, Jochen Flasbarth, durante a COP27 afirmou “aguardamos que o novo governo assuma e gasta esse dinheiro da melhor maneira possível”, afirmou.Flasbarth fez parte da delegação germânica à Conferência do Clima em Sharm el-Sheikh, no Egito.
O secretário explicou que o valor destinado ao apoio financeiro para proteger a floresta amazônica foi bloqueado por falta de fiscalização do fundo. “Com o anúncio da eleição do novo presidente e um novo posicionamento político, resolvemos liberar o dinheiro”, afirmou.
Relembrando o embate entre governos
Desde de 2019, os governos alemão e norueguês haviam suspendido por tempo indeterminado as verbas para o fundo da Amazônia após inúmeras denúncias de desvio de verba por parte do governo, além de falas irresponsáveis por parte do então Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Os países europeus consideraram que o governo não estaria se preocupando com a Amazônia de fato e estariam dando abertura para o desmatamento avançar.
Novas eleições e transição de governo
Após a eleição do novo presidente, os países manifestaram o interesse em voltar a dialogar com o Brasil. Apesar de anunciar a alocação de dinheiro para o fundo, até o momento nenhum acordo oficial foi oficializado, detalhes do fundo, como valores reservados, serão discutidos com a equipe de transição do novo governo.
Flashbart espera encontrar a equipe do novo governo no Egito durante a COP27. “Haverá muito diálogo nos bastidores. Com a presença do novo presidente do Brasil, o diálogo se torna mais preciso e claro, mas essa é nossa intenção, voltar a ajudar a Amazônia.”
Um olhar para o futuro e para os países em desenvolvimento; objetivo da COP27
Segundo o secretário, o desafio agora é reduzir o desmatamento desenfreado. “O fundo da Amazônia teve muito sucesso por um tempo e queremos voltar a esse tempo. Conseguimos evitar o avanço da perda de mata nativa, tudo isso, sem ter que ditar o que o Brasil deveria fazer, mas com um olhar amigo (…) queremos poder manter esse apoio financeiro e apoiar nas melhores decisões.”
Durante a conferência e discurso na COP27, o chanceler alemão Olaf Scholz aumentou seu apoio aos países em desenvolvimento. “A Alemanha não pode exigir que os países do Hemisfério Sul não busquem o mesmo nível de prosperidade que os países desenvolvidos, mas pode trabalhar em tecnologias que ajudem esses países a desenvolver suas economias de maneira ambientalmente amigável.”.
Luis Felipe Campos, especialista em logística e no setor internacional do trade Europa-América, vê o cenário de acordo muito favorável para o Brasil. “A retomada de diálogo e diplomacia com os países europeus é extremamente importante para a política e economia do Brasil. Somos detentores da Amazônia, é de se esperar que o mundo tenha seus olhos voltados para o Brasil. Sem a ajuda das grandes potências não conseguimos dar conta de cuidar dela sozinha, precisamos de incentivo financeiro, fiscal, ambiental e apoio nas diretrizes a serem adotadas para acabar com o desmatamento ilegal.”