Saber se comunicar é uma das habilidades mais importantes para todas as pessoas, e ainda mais necessária para quem ocupa um cargo importante dentro das organizações como uma cadeira de governança e liderança. Para que a comunicação flua bem e de maneira assertiva para que a empresa colha bons frutos, é necessário desenvolver um plano de comunicação com o objetivo de criar e manter um relacionamento sólido com os multistakeholders sejam eles acionistas, conselhos de administração, investidores, colaboradores, fornecedores ou clientes, instituições financeiras, órgãos regulatórios e a comunidade em geral.
De acordo com o Caderno 16 – Governança corporativa e boas práticas de comunicação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a adoção de princípios como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa é essencial para o desenvolvimento de uma comunicação empresarial potente. Uma dinâmica positiva pode ajudar na superação de desafios organizacionais como concorrência, competitividade e globalização.
O tema foi abordado pelo professor e palestrante Carlos Piazza no 4º encontro do Programa + Mulheres na Governança, desenvolvido pelo MEX – Espaço Mulheres Executivas, iniciativa ligada à Lapidus Network. Segundo Piazza, as empresas devem estar atentas aos novos drivers de comunicação e relacionamentos que são muito sensíveis hoje em dia no processo do storytelling. “As empresas odeiam exposição, e o grande problema do mundo digital é que nada fica escondido. É melhor adotar uma postura de comunicação aberta, pois por meio dela é possível transformar tudo em verdade ou mentira”, garante.
Em sua palestra, Piazza destaca que um dos drives de comunicação necessários na era da convergência digital, que dá protagonismo às pessoas, é que as empresas precisam estar atentas às grandes pragas do Egito do mundo da comunicação: 1) pós-verdade, 2) fake News, 3) deep fake news, 4) firehosing e 5) wishful thinking (o pior deles).
Piazza afirma ainda que as empresas precisam aprender a gerir paradoxos para se relacionar bem com todo mundo, com gregos e troianos, para que não tenham nenhum problema. “Normalmente, as empresas não criam storytelling e a grande questão da comunicação é que, antes da criação de missão, valor e visão, existe algo requerido: a questão da premissa da política afirmativa”, provoca.
Dentro dessa política afirmativa, as empresas devem levar em consideração o que deu certo e o que não deu certo na gestão e a visão de futuro. Piazza explica que as empresas ignoram esse tipo de coisa e que a comunicação tem um viés impressionante e serve para todo mundo. “Gestão de crises é outro drive necessário, pois o mundo é caótico e é necessário que as empresas aprendam a se virar nos trinta para superar quaisquer crises que possam aparecer”, explica o palestrante.
Outro drive necessário para se destacar é a questão da diversidade, principalmente no mundo digital. “Tem que haver representatividade, isso é fundamentalmente comunicação de maneira geral. Tem muitas empresas por aí que falam especificamente com o investidor e esquecem todo o resto, a comunidade, os públicos minoritários. E se você quer confusão é só ignorar alguém”, finaliza Piazza.
Auditoria independente na Governança Corporativa
Outro tema abordado durante o encontro do + Mulheres na Governança foi “O Papel da Auditoria Independente na Governança Corporativa e a Importância da Leitura e Interpretação das Demonstrações Financeiras”, palestra ministrada pelo sócio da PwC Brasil, Carlos Peres, que possui mais de 34 anos de prática profissional na área de Governança Corporativa.
Peres explica que a Governança Corporativa deve ser baseada em quatro pilares principais: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, e destaca que o papel da auditoria independente na Governança Corporativa é verificar se as demonstrações financeiras refletem, adequadamente, a posição patrimonial e financeira da empresa. “Com isso, é possível proporcionar aos órgãos de governança conforto sobre a razoabilidade dos saldos e das práticas contábeis adotadas, bem como aspectos fiscais e controles internos”, garante.
Sobre Leitura e Interpretação das Demonstrações Financeiras, Peres destaca que realizar uma análise de dados é uma rica fonte de informações que quando bem estruturada apresenta dados para a identificação dos indicadores de desempenho das empresas. “Uma análise bem-feita guia a tomada de decisões calcadas por meio das informações extraídas dos próprios dados, traçando objetivos e incorporando as melhores práticas da governança corporativa”, finalizou Peres.
Governança nas empresas centenárias
Por fim, o engenheiro de produção, com pós-graduações em Marketing, Controladoria e GRC (Riscos e Compliance) e especialista em reestruturação de empresas turnaround, Richard Doern, foi convidado a encerrar o evento falando sobre A Governança nas Empresas Centenárias.
Doern trouxe dados sobre o contexto das empresas familiares aos participantes, explicando que essa é a mais antiga e mais disseminada forma de organização de negócios e são a maioria das empresas de capital aberto, representando 50% na União Europeia (UE), de 65% a 90% na América Latina e 95% nos Estados Unidos (EUA). Além de que as empresas familiares têm uma participação representativa no PIB Mundial de 35% a 65% na EU, de 50% a 70% na América Latina e de 40% a 45% nos EUA.
O palestrante também falou sobre o segredo do sucesso das empresas familiares, sendo elas líderes na transição de gerações e muito boas em eficiência operacional e inovação. “São as empresas familiares que retém os melhores talentos e que possuem maior capacidade de adaptação às mudanças no ambiente de negócios. Mas, por outro lado, existe um inconveniente, pois se a família está em crise, acaba afetando a empresa. O desafio é manter a família unida e coesa”, finaliza.