Comportamento pode estar associado a fatores biológicos ou comportamentais
As atitudes dos caninos muitas vezes são enigmas para os seus tutores. Os animais podem ter hábitos e manias bem diferentes e até engraçadas, boa parte herdados de seus ancestrais e da evolução da espécie. Ingerir as próprias fezes (hábito chamado de “coprofagia”) pode ser um comportamento normal dependendo da situação, mas também pode ser um sinal de que há um problema com o seu pet ou com o manejo dele.
Segundo o médico veterinário e coordenador do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera, Frederico Fontanelli Vaz, os estudos dessa área não chegaram ainda a uma conclusão fechada sobre os motivos de tal comportamento, mas os indícios apontam que ele é mais comum entre raças como Shih-Tzu, Yorkshire, Spitz Alemão, Lhasa-Apso, Hounds e Terriers.
“Para indicar procedimentos que amenizem o problema, o médico veterinário precisa fazer uma avaliação do animal, buscando o histórico do bichinho e entendendo a rotina da casa. Muitos cães podem comer o próprio cocô por ansiedade, por doenças e por problemas comportamentais e biológicos”, explica.
Frederico lista alguns motivos que podem levar o pet a comer o próprio cocô:
FATORES NORMAIS
– Cadelas que acabaram de parir podem comer as fezes dos filhotes para deixar o ambiente limpo;
– Filhotes podem engajar neste comportamento da mãe e comer suas próprias fezes ou dos irmãos. O problema é quando este comportamento não cessa.
FATORES COMPORTAMENTAIS
– Ansiedade, isolamento, tédio e falta de estímulos e brincadeiras, ou ainda para chamar atenção do dono;
– Medo de levar broncas por defecarem em algum local proibido, principalmente quando as broncas são frequentes quando filhotes.
FATORES BIOLÓGICOS
– Dieta restrita ou pobre em nutrientes, o que faz com que o animal ingira as fezes para saciar sua fome e necessidades de calorias do organismo;
– Problemas no trato intestinal, em que o organismo do animal não consegue absorver todos os nutrientes da comida, e o pet ingere as fezes por instinto para repor as substâncias não absorvidas;
– Em ambientes em que há mais de um pet, o cachorro dominante pode comer mais do que um segundo ou terceiro animal da casa, o que acaba fazendo com que o cachorro em desvantagem coma o próprio cocô (e até o dos outros cães) para saciar sua fome;
– Há ainda os cães que, sem explicação biológica, podem se sentir atraídos pelo cheiro, textura e sabor do próprio cocô.
COMO RESOLVER?
Para resolver o problema, além de identificar a origem do comportamento com auxílio de um médico veterinário, os tutores podem tomar medidas simples como manter o ambiente limpo e recolher o cocô assim que possível, oferecer distrações aos pets (caso o motivo seja estresse e tédio), oferecer comida suficiente, suplementação vitamínica e separar os potinhos de ração em cômodos diferentes (quando o cachorro dominante não deixa comida para os demais da casa).
“É importante que o tutor atue para cessar esse comportamento no animal, pois a ingestão de fezes de outros animais, principalmente, pode causar sérios problemas de saúde nos cães”, finaliza o docente.
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