Método contraceptivo de emergência é muito utilizado, mas ainda gera dúvidas sobre sua eficácia, efeitos colaterais e contra-indicações
O índice de gravidezes não planejadas no Brasil continua alarmante e expõe a necessidade de debates acerca dos métodos contraceptivos. Uma pesquisa realizada pela Bayer, em conjunto com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), e administrada pelo IPEC estima que 62% das mulheres já tiveram filhos sem ter planejado a gestação. As entrevistas ocorreram em 2021.
Para frear esse número, muitas mulheres recorrem aos métodos contraceptivos disponíveis no mercado. Camisinha, anticoncepcional e DIU são preventivos, enquanto a pílula do dia seguinte é considerada uma anticoncepção de emergência. De acordo com dados revelados pelo Instituto de Saúde de São Paulo, em colaboração com a Universidade Estadual de Campinas, mais de 50% das mulheres na capital paulista já utilizaram esse método.
No entanto, apesar de procurada nas farmácias, há ainda muitas dúvidas sobre a pílula do dia seguinte. Segundo orientações dadas por profissionais da área da ginecologia, antes de utilizar qualquer anticonceptivo é preciso entender mais sobre sua composição, a forma como ele age no corpo humano e principalmente quando e como usá-lo da forma correta.
Pílula do dia seguinte: o que é?
Enquanto os outros métodos contraceptivos têm o objetivo de prevenir a gravidez, a pílula do dia seguinte deve ser utilizada após uma relação sexual desprotegida, para evitar que ocorra a fecundação. Apesar de possuir do nome, não é necessário esperar o outro dia para recorrer a este método.
Segundo a Febrasgo, o comprimido deve ser tomado quanto antes, pois sua eficácia diminuiu gradativamente conforme o tempo passa. Conforme explica o órgão, após 72 horas do ato sexual, o efeito do contraceptivo deixa de ser satisfatório.
A federação explica que a pílula é composta por níveis altos progesterona e, por esse motivo, o medicamento é capaz de inibir a ovulação. Ao solicitar esse tipo de anticonceptivo em farmácias, é possível encontrar opções em dose única ou em dois comprimidos. No segundo caso, uma pílula deve ser ingerida a cada 12 horas.
Principais dúvidas sobre a pílula do dia seguinte
Para solucionar as principais dúvidas da população acerca da pílula do dia seguinte, o Ministério da Saúde elaborou um caderno com perguntas e respostas mais comuns sobre o método contraceptivo. Questões como a necessidade de se usar a pílula, a eficácia, efeitos colaterais e contra-indicações estão presentes no guia “Anticoncepção de Emergência: Perguntas e Respostas para profissionais de saúde”.
Em quais situações deve-se tomar a pílula do dia seguinte?
De acordo com o Ministério da Saúde, a pílula do dia seguinte – assim como outros métodos contraceptivos de emergência – deve ser administrada somente em situações especiais. Entre as principais recomendações para o uso dos comprimidos está ter feito relação sexual sem proteção, ter havido falha de algum método, como o rompimento do preservativo, uso inadequado de anticonceptivo e casos de abuso sexual.
Cabe ressaltar que tanto o Ministério da Saúde quanto a Febrasgo recomendam que a pílula não seja usada de forma contínua para substituir o método contraceptivo de rotina. Quem deseja evitar uma gravidez indesejada deve usar métodos tradicionais, buscando a orientação de um ginecologista.
É totalmente eficaz?
A eficácia desse anticonceptivo também é uma dúvida recorrente entre as mulheres. Como mencionado anteriormente, segundo a Febrasgo, a pílula deve ser tomada após a relação sexual e de preferência quanto antes. O Ministério da Saúde também afirma que esse fator é fundamental para garantir a eficiência e diminuir as chances de que uma gestação se inicie.
No entanto, o órgão salienta que o uso frequente desse comprimido pode impactar diretamente nesse resultado. Por esse motivo, é importante destacar que o método deve ser utilizado apenas em casos especiais e de urgência.
Quais são os efeitos colaterais?
Segundo o Ministério da Saúde, os principais efeitos colaterais do uso de métodos de emergência são náuseas e vômitos. Cefaleia, dor mamária e vertigens também podem ocorrer, no entanto, com menor frequência.
Caso ocorra vômito nas primeiras duas horas após o uso do medicamento, recomenda-se que um novo comprimido seja tomado. Se os vômitos voltarem a acontecer após a segunda dosagem, o Ministério da Saúde orienta que a próxima administração seja feita por via vaginal. Conforme consta no guia, a absorção feita pela vagina também pode apresentar resultados eficazes.
Existe contra-indicações ao uso de pílula do dia seguinte?
Segundo o caderno do Ministério da Saúde, a contra-indicação absoluta indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é a gravidez confirmada. Além disso, mulheres que apresentarem antecedentes de tromboembolismo, enxaqueca severa ou acidente vascular cerebral devem ser precavidas ao utilizar os métodos de emergência.
A pílula do dia seguinte é um método abortivo?
Um dos maiores mitos acerca da pílula do dia seguinte é a capacidade do comprimido provocar aborto. Segundo a Frebasgo, essa afirmação está incorreta, pois o efeito que o medicamente provoca no organismo feminino ocorre antes de uma gestação, quando a fecundação ainda não aconteceu.
Caso a administração da pílula seja feita após a fecundação, o uso não irá causar danos ao embrião. O Ministério da Saúde confirma não haver sustentações científicas de que os métodos de emergência resultem em aborto.
Adolescentes podem tomar pílula do dia seguinte?
Segundo o Ministério da Saúde, o anticonceptivo pode ser utilizado por jovens, no entanto, é preciso ressaltar que deve ser administrado apenas em ocasiões específicas.
O Ministério da Saúde explica que muitas adolescentes têm abandonado o uso de outros métodos contraceptivos para recorrer apenas à pílula do dia seguinte, o que é incorreto.
Cabe ressaltar que o uso de preservativo durante uma relação sexual é importante não somente para prevenir a gravidez indesejada, mas também para proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.