Obstetra e cirurgião fetal Fábio Peralta expõe estudo sobre casos de mielomeningocele: operados no início do intervalo gestacional de 19,7 a 26,9 semanas apresentam maior probabilidade de caminhar com ou sem órtese. São 63,76% as estatísticas de sucesso
De 26 a 30 de junho de 2022 acontece, na Grécia, o 19° Congresso Mundial de Medicina Fetal com a participação de especialistas e profissionais com interesse clínico da área. Palestrantes médicos, professores e pesquisadores que são referências no planeta, de dezenas de países, apresentarão os mais recentes avanços, além de atualizações em medicina fetal.
O Brasil se faz representar pelo dr. Fábio Peralta, mestre e doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, pós-doutorado em Medicina Fetal – Kings College Hospital, de Londres, Inglaterra, responsável pelo Setor de Medicina Fetal do CETRUS e pela Cirurgia Fetal no Centro Gestar de Medicina e Cirurgia Fetal, além de coordenador do programa de cirurgia fetal do Hospital do Coração e responsável pela Medicina Fetal da Maternidade São Luiz Star/ Rede Dor.
Mielomeningocele e reparo antecipado
Em 26 de junho, Peralta discorrerá para seus ilustres pares sobre a temática “Resultados de reparo antecipado vs. tardio”, quando compartilhará resultados expressivos de recentes estudos de sua equipe a respeito do disrafismo espinhal fetal – ou seja de mielomeningocele.
O paper demonstra que os operados no início do intervalo gestacional de 19,7 a 26,9 semanas apresentaram maior probabilidade de caminhar com ou sem órtese. O dado impressiona: são 63,76% as estatísticas de sucesso.
O estudo engloba um grupo de 69 bebês submetidos à intervenção intraútero com avaliação neurológica formal após 2,5 anos de idade. Veja o paper na íntegra em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
Outro paper, anteriormente publicado, é sobre os efeitos da idade gestacional na cirurgia da Mielomeningocele, disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
“No período de 19 a 26 semanas, quanto mais cedo corrigirmos a mielomeningocele menores são as chances de essa criança ter que realizar tratamento para a hidrocefalia, ou seja, colocar um dreno no cérebro. Pois, ao se colocar o dreno, atrapalha-se o desenvolvimento cognitivo dessa criança”, explica Fábio Peralta. “Agora, chegamos também à confirmação de que a operação no início desse intervalo gestacional redunda em maior probabilidade de caminhar com ou sem órtese.”
Devido ao avanço representado pelo resultado da pesquisa, o médico compreende ser indispensável propagar amplamente a influência da idade gestacional na chance de uma criança conseguir se locomover, com ou sem o uso de qualquer auxílio. Afinal, trata-se de um alento e esperança para bebês, pais e mães de todo o mundo: “Quanto mais precoce a cirurgia, melhor o prognóstico de andar”.
Detalhes sobre o evento como programação completa, inscrições e taxas podem ser encontrados em: https://fetalmedicine.org/