Câncer de rim, doença que causou a morte do jornalista porto-alegrense David Coimbra, é mais comum nos homens. No mundo, são registradas mais de 400 mil mortes anuais. Principais causas são modificáveis: obesidade, diabetes, tabagismo, índice de massa corpórea (IMC) elevado e uso crônico de medicações para controle de hipertensão
Em todo o mundo, os tumores renais malignos acometem 431,3 mil pessoas, segundo o levantamento Globocan 2020, do IARC, braço de pesquisa do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são mais de 6 mil casos anuais no país. São números que fazem desta doença a 9ª principal causa de câncer no sexo masculino. E os alvos mais comuns são os homens, que respondem por 63% dos casos. Nesta estatística, está o jornalista e escrito David Coimbra, cuja morte, aos 60 anos, foi anunciada na sexta (27). Coimbra atuou em veículos como Diário Catarinense, Correio do Povo, RBS TV e integrava a equipe do Sala de Redação, na Rádio Gaúcha.
Os principais fatores de risco associados com o surgimento de câncer de rim são doenças e hábitos potencialmente modificáveis, comuns na população ocidental, como a obesidade, diabetes, tabagismo, índice de massa corpórea (IMC) elevado e uso crônico de medicações para controle de hipertensão. São características que fazem desta doença uma causa de morte evitável.
“Não significa necessariamente que a pessoa com hábitos saudáveis não desenvolverá a doença e que não poderá um dia morrer por ela, mas a probabilidade é exponencialmente reduzida. Os hábitos que previnem o câncer de rim são a adoção de dieta equilibrada, rica em vegetais e sem excessos de carnes vermelhas e gorduras animais, assim como a cessação do tabagismo, controle de peso e a inclusão da atividade física na rotina diária como medida de redução das taxas de obesidade”, destaca o cirurgião oncológico Alex Schwengber, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica na Regional Rio Grande do Sul (SBCO-RS).
Além da prevenção primária (evitar os fatores de risco), também é importante adotar medidas de prevenção secundária (diagnóstico precoce). De acordo com o levantamento SEER de estimativas de câncer para 2022, da American Cancer Society, em média 75,6% dos pacientes norte-americanos vivem ao menos cinco anos após o tratamento. Quando o tumor está restrito ao rim a taxa de sobrevida em cinco anos sobe para 92,7%. Quando a doença se espalhou pelos linfonodos a taxa cai para 71% e, em casos de metástase à distância (para outros órgãos) a sobrevida no período cai exponencialmente para 13%.
O tratamento do câncer de rim, para os casos iniciais, costuma ser a remoção do órgão por cirurgia. Se o câncer se espalhou para além do rim, tratamentos adicionais podem ser recomendados, incluindo radioterapia, terapias-alvo e imunoterapia. Dentre as abordagens disponíveis no Brasil para câncer renal metastático estão a combinação de ipilimumabe e nivolumabe e o uso isolado de cabozantinibe. Há também a indicação de maleato para os tratamentos de pacientes com carcinoma renal de células claras com alto risco de recidiva após a cirurgia.
Embora não haja um método de rastreamento populacional para diagnóstico precoce de câncer de rim é importante estar atento aos sintomas que, embora inespecíficos (podendo ser confundidos com os de outras doenças), são importantes alertas: sangue na urina, dor lombar de um lado, massa (caroço) na lateral ou na parte inferior das costas, fadiga, perda de apetite, perda de peso, febre e anemia.
Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Héber Salvador (2021-2023).