Foi observado que o Sars-CoV-2 provocou lesões semelhantes no fígado em surtos epidêmicos anteriores, conforme detalha o pediatra Marcelo Iampolsky, professor de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP
Inicialmente identificados em países europeus e nos Estados Unidos, casos recentes de hepatite aguda grave em crianças foram registrados também no Brasil. Até a última segunda-feira (9), 16 casos suspeitos haviam sido notificados, e a nova teoria é de que a infecção seja mais uma complicação provocada pela Covid-19.
“A primeira hipótese que se levantou era de que essas hepatites tenham sido causadas pelo Adenovírus, que é muito comum em crianças e provoca principalmente doenças das vias respiratórias altas. Mas isso vem sendo descartado, porque não tem sido identificada a presença desse vírus nas biópsias ou nos fígados transplantados das crianças”, explica o pediatra Marcelo Iampolsky, professor de Medicina do Centro Universitário São Camilo – SP.
Segundo ele, uma possível explicação para a origem dessas infecções é o Coronavírus. Primeiro, porque já foram identificadas lesões semelhantes em surtos epidêmicos anteriores do Sars-CoV-2.
“Também porque essa parcela da população de crianças ainda não foi vacinada, e ainda por conta das próprias características da lesão hepática. Isso não foi confirmado até o momento, mas as hipóteses vêm caminhando para apontar mais uma complicação do Sars-CoV-2″, reforça o médico.
As possibilidades de tratamento também vêm sendo estudadas e, de acordo com o pediatra, por enquanto, não há consenso. “Temos uma nova corrida. Por hora, seguimos com as mesmas recomendações: vacinação, evitar locais aglomerados, continuar com a higienização das mãos, utilizando álcool em gel e, quando possível, manter o uso de máscaras. Essas são as formas de prevenção que temos, e se deixarmos tudo às custas da vacina, não daremos conta”, afirma Iampolsky.