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Entenda de vinhos: três dicas básicas para uma análise sensorial

Enófilo da Sicilianess explica os primeiros passos para analisar os estímulos que a bebida desperta por meio dos nossos sentidos (visão, olfato e paladar)

Você gosta de vinhos e admira aquelas pessoas que sabem examinar os rótulos, se encarregam de abrir a garrafa e, depois de servi-la, giram elegantemente a taça antes de sentir o perfume e saborear seu conteúdo? Saiba que você não está sozinho: muitos brasileiros adoram provar um bom vinho, mas compartilham da sua pouca experiência.

A boa notícia é que este é um conhecimento que pode ser facilmente adquirido, basta haver interesse e gosto por experimentar. “Minha opinião é a de que o brasileiro costuma provar pouco as diferentes opções existentes no mercado. Quando falamos de vinhos, há um universo inteiro a ser explorado, ou seja, rótulos produzidos em lugares muito especiais, capazes de agregar experiências únicas inesquecíveis”, avalia Giuseppe Russo, enófilo da Sicilianess, importadora especializada em vinhos italianos.

Para fazer bonito nas reuniões entre familiares eamigos,Russo reuniu algumas dicas básicas para começar a prática da análise sensorial, que significa analisar por meio dos nossos sentidos (visão, olfato e paladar) todos os estímulos que o vinho desperta. “Esta é uma importante ferramenta para determinação de características, como cor, aroma e sabor de vinhos.

“Obviamente, existem análises acuradas, realizadas por profissionais, para a qualificação do vinho durante a produção, verificação da aceitação do consumidor ou avaliação em concursos. Mas a ideia destas dicas é ajudar as pessoas a compreenderem um pouco mais sobre o mundo dos vinhos e por que ele é tão mágico”, diz Russo.

Confira:

1 – Usando a visão: o aspecto do vinho

Esta é a primeira fase da análise, na qual se explora a visão: ao observar o vinho. Nela, o degustador consegue analisar aspectos como a cor, a limpidez, a transparência, o brilho e a viscosidade. “Os tons, em geral, denotam o grau de refinamento dos vinhos. Os mais claros são mais leves, não efetuam refinamento em madeira; ao contrário, os mais estruturados são mais concentrados”, explica Russo.

2 – Usando o olfato: perfumes e sensações

Nesta segunda fase, buscamos definir os aromas presentes, sua intensidade e persistência. “O uso do nariz é fundamental para o paladar enquanto se prova vinhos. Sentir o perfume na taça deve ser o primeiro contato do vinho com o corpo e esta sensação abre as portas das maravilhas que a bebida pode proporcionar”, opina Russo.

3 – Usando o paladar: descoberta do sabor

A terceira fase se dá ao primeiro gole de vinho, quando se busca o sabor e as lembranças de aroma que ele remete. Ao usar o paladar, é possível perceber a presença de seus cinco gostos: doce, salgado, ácido, amargo e sápido. “Cada parte da língua é sensível a um sabor. Coloque o vinho na boca e deixe-o passear pelas papilas gustativas por cerca de dez segundos. Quanto mais alcoólico for o vinho, maior será a sensação de calor e peso em boca.

Muitos vinhos traduzem fidedignamente os territórios representam. Russo cita como exemplo os vinhos italianos da Vinícola Generazione ALESSANDRO, produzidos na Sicília, na região do vulcão Etna. Por lá, os vinhos têm como característica a capacidade de preencher a boca em sua totalidade, com gosto persistente e retrogosto elegante. São intensos, minerais, luminosos e ao mesmo tempo refinados, traduzindo a identidade do local onde são produzidos.

“O Etna é parte majestosa do cenário siciliano, aparecendo pelas manhãs através das janelas das casas locais e ajudando a ornamentar uma paisagem singular. Tudo isso compõe a alma dos vinhos locais”, diz Russo, lembrando que os exemplares conferem a paixão pela terra e pelo vinho.

Segundo ele, uma análise sensorial – ainda que básica – permite viajar no turbilhão de informações que o vinho pode propiciar. “A busca pelo entendimento da bebida como uma cultura só depende do interesse do consumidor”, finaliza.