Compostos encontrados na planta têm ação nas infecções por COVID
Desde o aparecimento da doença há pouco mais de dois anos, a pandemia provocada pela Covid-19 já causou quase seis milhões de mortes, além de sequelas orgânicas e funcionais nos pacientes que apresentaram a infecção pelo Sars-Cov-2. Com o advento dos programas de vacinação, o número de casos com consequentes óbitos reduziram drasticamente.
No entanto, o surgimento de novas variantes, como a ômicron, ainda preocupam a comunidade científica internacional ao mesmo tempo que novas opções de tratamento começam a surgir. Uma delas é a cannabis medicinal, cujos estudos recentes têm mostrado eficácia no tratamento contra o vírus.
Uma pesquisa divulgada em janeiro deste ano no periódico científico Journal of Natural Products mostrou que pesquisadores da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, encontraram um par de ácidos canabinoides capaz de impedir que o vírus da Covid-19 infecte as células humanas. Essa molécula é capaz de se ligar à proteína spike, principal porta de entrada do vírus nas células, e impedir que o SARS-CoV-2 infecte células humanas.
De acordo com Pedro Alvarenga, médico da Ease Labs, grupo empresarial especializado em produtos à base de cannabis para uso medicinal as descobertas são animadoras: “É uma descoberta animadora, uma vez que o conhecimento do mecanismo de ação da terapia canabinoide no processo citológico de infecção da COVID19 faz com que tenhamos perspectivas de um número ainda maior de abordagens terapêuticas”.
Mesmo ainda estando em fase inicial de pesquisa, os testes apontam que os compostos de canabidiol também são eficazes no combate às variantes do vírus, como a ômicron. “Mesmo ainda se tratando de pesquisas de bancada, com resultados in vitro, os resultados são animadores. Torcemos para que ensaios clínicos surjam ao longo dos próximos tempo, confirmando os resultados preliminares já obtidos”, conclui Alvarenga.
Vale ressaltar que a vantagem desses compostos da cannabis é que eles apresentam poucos riscos para a saúde e podem ser facilmente extraídos da planta Cannabis sativa. Por não se tratar de substâncias controladas, como o THC, os ingredientes que seriam utilizados para um futuro medicamento contra o coronavírus possuem um alto grau de segurança para a população.
Estudos comprovam resultados positivos da Cannabis medicinal no tratamento do Alzheimer e da fibromialgia
Dores em todo corpo, fadiga, cansaço, comprometimento da memória e dificuldade de aprendizado. Esses são alguns sintomas da fibromialgia e da doença de Alzheimer, doenças que afetam milhões de pessoas no mundo inteiro e que ainda não tiveram uma cura definitiva descoberta pela ciência.
De acordo com World Alzheimer Report de 2020, todos os anos surgem 10 milhões de casos novos do mal de Alzheimer por ano em todo o mundo. No Brasil, 1,5 milhão de pessoas convivem atualmente com a enfermidade, responsável pela perda de certas funções do cérebro, como as que tratam da memória, suas habilidades linguísticas, de pensamento abstrato e até mesmo da sua capacidade de cuidar de si mesmo. No caso da fibromialgia estima-se que pelo menos 3% da população brasileira (aproximadamente 7 milhões de pessoas) sofram de dores musculares intensas e generalizadas, em geral associadas a quadros de fadiga, cansaço e alteração no sono, segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudos para a Dor. Já foram feitas diversas pesquisas com o objetivo de encontrar medicamentos e tratamentos para melhorar a qualidade de vida das pessoas que padecem desses males, sendo a cannabis medicinal uma das opções que tem se mostrado eficaz no combate de ambos.
Para os casos de fibromialgia, o tetrahidrocanabinol (THC) tem sido utilizado no tratamento desses pacientes. “Ao contrário do que muitos pensam, o THC tem diversas indicações na medicina canábica. A despeito da possibilidade de efeitos psicoativos, seu mecanismo de ação no controle da dor pode melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes. Com acompanhamento médico necessário, essa substância pode auxiliar no controle álgico”, afirma Pedro Alvarenga, médico da Ease Labs, grupo empresarial especializado em produtos à base de cannabis para uso medicinal.
A Thiara Camboim, 34, é nutricionista e foi diagnosticada com fibromialgia aos 28 anos. “Quando recebi meu diagnóstico comecei a fazer o tratamento com medicamentos alopáticos, eu sentia muita dor e só passava com remédios fortes”, relata. A nutricionista procurou por tratamentos alternativos como mudar alimentação, atividades físicas que melhoram por um tempo o seu quadro. No entanto, as dores voltaram e cannabis medicinal foi o tratamento escolhido. “O canabidiol mudou a minha qualidade de vida. Tratando de questões emocionais e físicas, hoje não tenho mais tantas limitações”, afirma.
Para o tratamento do mal de Alzheimer a cannabis consegue atuar no sistema endocanabinoide do corpo humano, podendo ajudar principalmente no controle de sintomas da doença. Atualmente não existem medicamentos totalmente eficazes para o tratamento da moléstia, mas estudos recentes indicaram resultados promissores no uso do TCH e do CBD.
Filha de uma pessoa portadora do mal de Alzheimer, Dejane Regina Campos relata como a cannabis tem atuado no tratamento do seu pai. “Meu pai possui Alzheimer em grau moderado e, após começar a fazer uso da cannabis, ele teve uma expressiva melhora cognitiva, mais serenidade e mais interação com as pessoas. Percebi também que suas respostas às minhas perguntas ficaram mais claras e assertivas”, afirma.
A melhora clínica verificada no quadro do seu José Campos, pai da Dajane, é resultado da atuação da cannabis no sistema endocanabinoide, reduzindo os sintomas. “Através de um mecanismo complexo de sinalização celular, as substâncias se ligam a receptores distribuídos por todo nosso organismo, fazendo com que se consiga os efeitos do tratamento”, informa Alvarenga.
É importante destacar que para o tratamento das duas doenças a cannabis provoca efeitos colaterais bem mais leves do que os medicamentos atuais: “Existe um perfil de segurança robusto, e os efeitos colaterais, quando presentes, são na maioria das vezes leves e autolimitados”, conclui o médico.