Pesquisa inédita mostra que 70% dos automóveis movidos a GNV nunca realizou inspeção obrigatória, enquanto 8% estão com licenciamento e verificação atrasadas há mais de dois anos e podem provocar graves acidentes e explosões
78% dos veículos que utilizam Gás Natural Veicular (GNV) para seu abastecimento está irregular e pode causar graves acidentes a seus ocupantes, aos usuários e aos frentistas de postos de combustíveis desta natureza. Este é o resultado de uma pesquisa inédita realizada em postos de GNV de São Paulo e Grande São Paulo, que acompanhou cerca de 3 mil automóveis que abasteceram em 37 diferentes postos destas localidades.
Realizada pela Associação Nacional dos Organismos de Inspeção (Angis) e pelo Sindicato das Empresas de Inspeção Veicular do Estado de São Paulo (Sivesp), o estudo mostrou que 70% dos veículos que se dirigiram aos postos não estavam registrados no Renavam como possuidores de GNV como combustível. Ou seja, nunca fizeram a inspeção inicial obrigatória e nem qualquer verificação periódica de regularidade. Além disso, outros 8% estavam com licenciamento atrasado há dois anos ou mais, significando que também não faziam a inspeção periódica anual obrigatória.
A não realização da inspeção veicular obrigatória para veículos movidos a GNV e determinada pela Lei Estadual nº 16.649/2018 e pela Portaria do Inmetro /MDIC nº 122/2002, pode causar uma série de danos aos ocupantes dos veículos, usuários de aplicativos ou serviço de transporte, e também aos próprios frentistas, como danificação de peças do automóvel, acidentes de trânsito, incêndios e até explosões.
Um ofício encaminhado pela Angis e pelo Sivesp às autoridades responsáveis pela fiscalização da regularidade dos veículos movidos à GNV alerta para os riscos da situação atual. Da mesma forma, as entidades notificaram postos de abastecimento de gás e secretários de Transporte das 74 cidades paulistas onde existem postos desta natureza instalados, em uma ação preventiva diante do aumento de acidentes deste tipo.
O veículo deve ser submetido à inspeção imediatamente após a instalação do sistema GNV. “A inspeção de segurança veicular é indispensável para preservação da vida. Historicamente, todos os acidentes nos sistemas GNV instalados aconteceram, comprovadamente, em veículos que não estavam regularizados ou com as inspeções periódicas em dia, além de não ter o Selo de Segurança GNV do Inmetro vigente”, explicou o presidente do Sivesp, Claudio Torelli.
O tema ganha mais relevância em razão da busca pelos brasileiros de alternativas para economizar, especialmente diante da alta do preço dos combustíveis. Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), de janeiro a setembro do ano passado foram realizadas mais de 160 mil conversões de veículos para gás natural veicular (GNV), um aumento de 86% quando comparado ao mesmo período do ano passado, onde foram feitas 86 mil instalações.
A inspeção de segurança veicular obrigatória deve ser realizada logo após a conversão, uma vez que o cilindro que armazena o GNV é abastecido em alta pressão – 220 bar -, que é suficiente para encher 100 pneus de um carro popular, e que pode causar um grave acidente se não estiver alinhado com as conformidades necessárias. Além disso, durante a inspeção são verificados os índices de poluentes emitidos pelo veículo que devem respeitar os limites de emissão estabelecidos pelas normas vigentes.
Os veículos aprovados em inspeção recebem o Selo do Inmetro, que deve ser exigido pelos frentistas no ato de abastecimento dos automóveis movidos a GNV, sendo que o posto que não o exige está incorrendo em crimes de responsabilidade, risco de perda do seguro em caso de acidente, além de ações trabalhistas de funcionários afetados por acidentes.