25% das pessoas se automedicam com o chamado “tratamento precoce” para “prevenção” da Covid-19.
A automedicação traz riscos para o organismo e pode levar à identificação tardia de diversas doenças. Mas durante a pandemia a situação é ainda mais preocupante. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revela que mesmo no segundo ano da pandemia, em 2021, uma em cada quatro pessoas “tratou precocemente” ou “preveniu” a Covid-19 com o uso de medicamentos sem orientação médica ou comprovadamente ineficazes no combate e prevenção da doença.
A farmacêutica do marketplace Consulta Remédios, Francielle Mathias, explica que o simples ato de tomar remédios sem a recomendação médica pode ser prejudicial à saúde. “Os riscos da automedicação vão além do agravamento da doença. Os sintomas podem ser mascarados e, ao procurar atendimento, o caso pode ser irreversível, levando até mesmo à morte.”
A especialista comenta que é comum as pessoas terem uma pequena farmácia em casa para amenizar sintomas como dores de cabeça ou musculares, resfriados ou crises alérgicas. “O alívio dos sintomas, especialmente no caso da Covid-19 e que muitas vezes podemos confundir com um resfriado, pode retardar o tratamento adequado. Ou seja, podemos ter uma situação crítica que teria sido evitada sem a automedicação.”
De acordo com uma pesquisa realizada em 2020 pelo Consulta Remédios, 73% das pessoas se automedicam. Os números revelam que o Brasil é o país com o maior número de pessoas que tomam remédios sem receita. Já os dados divulgados por um levantamento realizado pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) apontam que os principais prescritores leigos e informais no Brasil são familiares (68%), balconista de farmácia (48%), amigos (41%) e vizinhos (27%). Os sintomas mais tratados com a automedicação são dor de cabeça (56%), febre (32%), resfriado (31%), dores musculares (28%), tosse (24%) e dor de barriga (18%). A maioria destes sintomas podem ser percebidos em todas as variantes da Covid-19 identificadas até o momento.
Leia abaixo os cinco principais riscos para a saúde com a automedicação durante a pandemia:
- O uso recorrente de medicamentos sem prescrição médica pode sobrecarregar os rins e fígado e ter como consequências outras doenças, como as insuficiências renal ou hepática.
- Dificultar o diagnóstico de determinadas doenças e atrasar o tratamento adequado, agravando o problema.
- Alguns medicamentos – como os antibióticos – se utilizados sem prescrição médica, podem aumentar a resistência dos microorganismos e comprometer a eficácia do tratamento.
- Medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios e antitérmicos são os principais causadores de intoxicação pelo uso de remédios. A superdosagem pode levar até à morte.
- A interação com outros medicamentos ou problemas de saúde pré-existentes, como a diabetes, podem ser agravados com a automedicação. Por isso é importante a prescrição por um médico que conheça o histórico da pessoa que será tratada.
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