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A crise mundial – econômica, social e política – produzida pela transformação sem precedentes da Economia 4.0 coloca, de forma dramática, a questão do emprego para os jovens que ascendem ao mercado de trabalho. O presente e o futuro são sombrios para a grande massa de millenials desqualificados, a ponto de já se falar em geração perdida pelo trabalho.
O conceito de emprego é muito recente na história, pois, em verdade, advém da 1ª Revolução Industrial há pouco mais de 300 anos. Definitivamente não será um “dolce far niente”, uma vida prazerosa de trabalho e de ócio criativo bem remunerado e realizador para a grande maioria dos millenials. Essa geração precarizada terá crescentes dificuldades e uma enorme necessidade de redes de proteção social para realizarem uma longa travessia cheia de atribulações face ao desemprego e à precariedade do trabalho enquanto fizerem a transição para a plenitude da Economia 4.0.
É claro, os jovens bem qualificados têm, e terão, muito menos dificuldades de obtenção do tão almejado emprego – ou da empregabilidade e do empreendedorismo. Mas essa facilidade não funciona para todos, e cada vez funcionará menos para a grande maioria das Gerações Y e Z. Se a base da Economia 4.0 é a cognição, como fica o Brasil tão incompetente em educação?
A tecnologia não reduz desigualdades, ao contrário, pode ampliar e aprofundar as diferenças entre pessoas e as classes sociais. A agricultura há 10 mil anos legou riqueza a poucos, em detrimento da maioria que trabalhava no campo: o senhor feudal e os obreiros da terra: a vida faustosa para uns e a fome para muitos. Institucionalizou as castas e as diferenças no conjunto das sociedades humanas.
A tecnologia não necessariamente traz a distribuição equitativa de seus benefícios. Qual é o grande desafio da sociedade moderna: aprofundar ou diminuir as desigualdades? É preciso colocar a tecnologia a serviço da plena realização humana!
Estamos no início de uma nova era, que alterará profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Dois campos opostos se sobressaem quando se trata do impacto das tecnologias emergentes no mercado de trabalho mundial.
O fato hoje é que temos milhões de robôs em número aceleradamente crescente substituem os humanos nas mais distintas formas de trabalho; mas não recebem salários, não têm FGTS, previdência social, direitos trabalhistas, férias, não reclamam de horas-extras e ainda trabalham noite e dia sem parar, se necessário.
Para a grande maioria dos millenials quase nada é pensado e sugerido, sequer se adentram em formulações de políticas públicas e de caminhos para atenuarem uma transição difícil e inóspita.
A evidência demonstra, às escancaras, que a 4ª Revolução Industrial está criando menos postos de trabalho nas novas atividades econômicas do que as três revoluções industriais anteriores.
(*) Wagner Siqueira é diretor-geral da UCAdm – Universidade Corporativa do Administrador e conselheiro federal junto ao CFA – Conselho Federal de Administração. Autor do livro Estratégias de Intervenção em Consultoria de Organização, 2021, publicado pela Amazon.