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9 entre 10 casos de câncer de bexiga ocorrem após os 55 anos e tabagismo é principal causa

 

Mais comum a partir dos 55 anos, com pico de incidência entre os 60 e 70 anos, mais frequente em homens e duas vezes mais comum em brancos do que em negros.  Essas são algumas das características que definem a epidemiologia do câncer de bexiga. Anualmente, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) cerca de 10 mil brasileiros recebem o diagnóstico de câncer de bexiga. É o caso, tornado público em sua conta pessoal no Instagram, do apresentador e radialista Celso Portiolli, 54 anos.

Aos seguidores, Portioli contou que realizou em dezembro uma endoscopia para remoção de um pólipo, segundo ele, pequeno e único, localizado na bexiga. A endoscopia em questão é um exame chamado cistoscopia, um tipo de endoscopia que permite visualizar o interior da bexiga por uma câmera introduzida pela uretra. Durante esse procedimento também pode ser realizada a retirada de fragmentos do órgão para encaminhar à biópsia.

“A cistoscopia costuma ser indicada quando exames de urina e de imagem (tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia), apresentam lesões suspeitas. Cabe à cistoscopia, seguida de biópsia, confirmar o diagnóstico”, explica o cirurgião oncológico Gustavo Cardoso Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

TRATAMENTO DE CÂNCER DE BEXIGA

Em sua mensagem nas redes sociais, Celso Portiolli informou que vai iniciar um tratamento de imunoterapia intravesical dentro da bexiga chamado BCG (Bacilo Calmette-Guérin). A BCG é um organismo bacteriano, usado para tratar a tuberculose, que é adotado como imunoterapia padrão para o câncer superficial da bexiga. Pode ser administrada diretamente na bexiga por meio de um cateter inserido pela uretra para estimular uma resposta imune dentro da bexiga, evitando uma recorrência da doença

A indicação do protocolo de tratamento depende do tipo de tumor e a fase em que a doença é descoberta. As principais modalidades cirúrgicas são: 

– Ressecção transuretral da bexiga (RTUP) – usada para câncer superficial ou em estágio inicial. Nele, o tecido canceroso da bexiga é removido pela uretra

– Cistectomia: remoção parcial ou completa da bexiga. É frequentemente usada em câncer de bexiga mais avançado. Os gânglios linfáticos próximos à bexiga também são removidos. A próstata é removida nos homens, e nas mulheres o útero, os ovários, as trompas de falópio e muitas vezes uma pequena parte da vagina.

– Técnicas de cirurgia minimamente invasiva, como laparoscopia e procedimentos robóticos, também são indicados para alguns pacientes com câncer de bexiga.

Gustavo Guimarães explica que, além da cirurgia e imunoterapia com BCG, os demais pilares de tratamento de câncer de bexiga são a quimioterapia e a radioterapia. A quimioterapia desempenha um papel importante no tratamento do câncer de bexiga metastático. “Nestes pacientes, ela é o tratamento de primeira linha. Também é indicada combinada com a cirurgia, antes dela quando o câncer de bexiga tem alto risco de metástase ou após a remoção total do tumor para eliminar células cancerosas que possam ter caído na corrente sanguínea”, detalha. Já a radioterapia consiste em irradiar o órgão alvo com doses fracionadas. No caso do câncer de bexiga, a radioterapia é frequentemente combinada com a quimioterapia (quimioirradiação), o que a torna mais eficaz.

OS TIPOS DE CÂNCER DE BEXIGA

O câncer de bexiga é classificado em três tipos: Carcinoma de células de transição (representa a maioria dos casos e começa nas células do tecido mais interno da bexiga); carcinoma de células escamosas (afeta as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecção ou irritação prolongadas) e adenocarcinoma (se inicia nas células glandulares – de secreção – que podem se formar na bexiga depois de um longo tempo de irritação ou inflamação).

De acordo com o levantamento SEERS da American Cancer Society, as chances de cura do câncer de bexiga na fase mais precoce são de 96%. Quando a doença está localizada na bexiga compromentendo camadas mais profundas ou a camada muscular e não há sinais de que se espalhou para fora da bexiga as chances de cura são de 69%. Por sua vez, quando o câncer se espalhou da bexiga para estruturas próximas ou nódulos linfáticos a taxa cai para 37%. Quando o câncer se espalhou para partes distantes do corpo, como pulmões, fígado ou ossos (metástase), as chances de cura ficam abaixo de 10%.

FATORES DE RISCO

O tabagismo é o principal fator de risco para câncer de bexiga. Fumantes têm 3 vezes mais chances de ter a doença do que os não fumantes. Os demais fatores de risco são:

– Idade: o risco aumenta com a idade. Cerca de 90% das pessoas com câncer de bexiga tem mais de 55 anos, com pico dos 60 aos 70 anos.

– Exposição a produtos químicos: entre eles a aminas aromáticas, como benzidina e beta-naftilamina, utilizados na indústria de corantes. Determinados produtos químicos orgânicos também podem colocar as pessoas em risco. Outros trabalhadores com risco aumentado de câncer de bexiga incluem pintores, mecânicos, tipógrafos, cabeleireiros e motoristas de caminhão, estes por estarem expostos à fumaça do óleo diesel.

– Medicamentos ou Suplementos Fitoterápicos: o uso do medicamento pioglitazona para diabetes por mais de um ano pode estar ligado a um risco aumentado de câncer de bexiga. Os suplementos dietéticos que contêm ácido aristolóquico têm sido associados com um risco aumentado de câncer de bexiga.

– Arsênico

– Baixo Consumo de Líquidos: não beber líquidos em quantidade suficiente pode aumentar o risco de câncer de bexiga.
– Raça e Etnia: pessoas brancas têm cerca de duas vezes mais chances de desenvolver câncer de bexiga do que as pessoas da raça negra.
– Gênero: o câncer de bexiga é muito mais comum em homens do que em mulheres.
– Irritações e Infecções crônicas: infecções urinárias, cálculos nos rins e bexiga, dentre outras causas de irritação crônica têm sido associadas com câncer de bexiga.
Genética e Histórico Familiar: pessoas com familiares que tiveram câncer de bexiga têm um risco aumentado para desenvolvimento da doença.

SINTOMAS

Os sintomas de câncer de bexiga são inespecíficos (podendo indicar outras doenças). O indicado é que, na presença deles, um médico seja procurado para ser feita a avaliação.

– Sangue na urina (hematúria) – sintoma mais frequente. Dependendo da quantidade de sangue, a urina pode ter uma cor alaranjada ou vermelha escura ou a cor natural mesmo, onde pequenas quantidades de sangue somente são identificadas em um exame de urina de rotina. Normalmente, os estágios iniciais de câncer de bexiga causam pouco sangramento e pouca ou nenhuma dor. Identificar sangue na urina não significa ter câncer na bexiga. O sangue pode ser causado por outros motivos, como infecção, tumores benignos, pedras nos rins ou outras doenças renais benignas

– Micção frequente, maior que a habitual
– Sensação de dor ou queimação ao urinar
– Urgência em urinar, mesmo quando a bexiga não está cheia
– Dificuldade para urinar ou fluxo de urina fraco

CÂNCER DE BEXIGA EM NÚMEROS

– 10.640 casos anuais no Brasil, sendo 7.590 em homens e 3.050 em mulheres (2020 – INCA).
– 573 mil novos casos no mundo em 2020 (Globocan – IARC/OMS).
– 9 entre 10 casos ocorrem a partir dos 55 anos, com pico dos 60 aos 70 anos.
– 3 vezes mais comum em fumantes.
– 2 vezes mais comum em brancos

Mais informações sobre epidemiologia, prevenção, diagnóstico, fases da doença e tratamento estão disponíveis em https://www.iucr.com.br/cancer-bexiga.

SOBRE O IUCR – O Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR, criado em 2013, é especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação do paciente com câncer. A equipe médica é formada por profissionais altamente especializados em uro-oncologia, cirurgia oncológica e oncologia clínica, sob a liderança do cirurgião oncológico Dr. Gustavo Guimarães, que possui mais de 20 anos de atuação e dedicação à assistência do paciente, ao ensino e à pesquisa científica nessa área. Guimarães desenvolveu ampla experiência em tecnologias e procedimentos minimamente invasivos como cirurgia laparoscópica, ultrassom focalizado de alta intensidade-HIFU e cirurgia robótica, tendo desenvolvido um consistente Programa de Consultoria e Capacitação sobre Cirurgia Robótica para Instituições de saúde em todo o país, que engloba a implantação, o desenvolvimento das diversas técnicas cirúrgicas e a capacitação das equipes.