Mais da metade dos brasileiros estão sofrendo com um declínio na saúde emocional. Uma pesquisa do Instituto Ipsos encomendada pelo Fórum Econômico Mundial mostrou que o Brasil está entre os cinco países que tiveram a queda mais acentuada no bem-estar mental da população desde o início da pandemia.
Enquanto a média global ficou em 45%, o percentual de brasileiros que relataram piora na saúde mental ficou em 53%, atrás apenas da Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).
Mesmo antes da pandemia, as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) já indicavam 18 milhões de brasileiros com ansiedade e mais de 12 milhões com depressão.
Supervisora do Serviço-Escola de Psicologia do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das maiores organizações educacionais de ensino superior do país – a psicóloga Daniela Jungles diz que o tema merece atenção. “O Brasil já era líder em transtornos de ansiedade e depressão e a vida ficou mais complicada nos últimos dois anos.”
Segundo ela, a Covid-19 não apenas colapsou o sistema de saúde, matou mais de 610 mil brasileiros e adoeceu 22 milhões de pessoas no país, mas também desestabilizou o equilíbrio emocional de muita gente. “Insônia, crises de pânico, alterações no apetite e oscilações no humor estão entre as queixas mais comuns de quem, de uma hora para outra, se viu perdido em meio ao caos.”
Energia para 2022
Para restabelecer a saúde mental, a dica da professora do UniCuritiba e mestre em Ciências da Educação pela Université de Sherbrooke (Canadá) é aproveitar o fim de ano para restabelecer a energia e se preparar para 2022. “Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 as pessoas começam a respirar mais aliviadas e as férias são importantes para relaxar e amenizar a exaustão mental”, comenta Daniela Jungles.
Para dar um tempo no estresse e na rotina não são necessários grandes investimentos. “Não precisa fazer longas viagens de férias ou visitar lugares inusitados. A questão está em aproveitar o tempo livre para higienizar a mente, descansar e fazer atividades prazerosas”, orienta a psicóloga.
Para tornar as férias reparadoras, anote algumas dicas:
1. Descanse, faça atividades gratificantes, passeie ao ar livre, leia um livro, maratone uma série. Não é necessário fazer longas viagens para aproveitar as férias.
2. Não queira organizar, controlar ou administrar tudo ao mesmo tempo. Aprenda a dizer não e respeite seu tempo.
3. Lembre-se que as redes sociais apresentam uma realidade perversa. Ninguém posta momentos de tristeza, decepções ou problemas, mas isso não quer dizer que todos sejam felizes o tempo todo. Não se compare nem se iluda.
4. A melhor maneira de superar a exaustão mental é descansando, saindo da rotina e tendo uma atitude diferente em relação às obrigações diárias.
5. Inspire-se em pessoas que conseguiram superar as adversidades com um olhar positivo para a vida.
6. Se você tem poucos dias de folga, evite viagens longas e cansativas, fuja de congestionamentos e da correria em rodoviárias e aeroportos.
7. Coloque o sono em dia, se dê o direito de não fazer nada, visite um ponto turístico ou recanto em sua própria cidade.
8. Aproveite a folga para brincar com os filhos ou netos, passeie com seu pet, visite um amigo. Tudo isso contribui para aliviar a tensão.
9. Estimule seu cérebro positivamente e faça novos projetos para o futuro. A falta de planos equivale a uma lesão neurológica.
10. Faça uma limonada com os limões que a vida oferece e lembre-se da velha máxima: “o que não tem remédio, remediado está”. Não sofra por questões que estão fora do seu alcance.
11. O tempo necessário para o relaxamento completo depende do quão cansado você está, do seu tipo de trabalho, sua personalidade e as dificuldades vivenciadas ao longo do ano. Por isso, aproveite cada minuto das férias para se desconectar da rotina.
12. Em média, duas semanas consecutivas de folga já trazem benefícios à saúde mental, mas todo feriadão é bem-vindo para quem não tem recesso longo no fim do ano.
13. Se o esgotamento mental persistir, não deixe que se transforme em uma patologia mais grave como depressão ou síndrome do pânico. Se tiver dificuldades para realizar atividades do dia a dia, fadiga excessiva, distúrbios do sono, irritabilidade, baixa concentração ou falta de motivação, procure ajuda especializada.