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A síndrome do intestino irritável (SII) é uma patologia cujos sintomas podem se confundir com sinais de outras doenças intestinais. Apesar do desconforto lembrar complicações mais graves, a desordem, quando diagnosticada corretamente, possui tratamento.
Por ser uma doença funcional, a SII não dá sinais de anormalidades estruturais e bioquímicas em exames complementares, laboratoriais e de imagem. Por esse motivo, o diagnóstico pode ser desafiador. De acordo com a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN), os principais sintomas consistem em dor, distensão abdominal, constipação e diarreia.
Segundo a sociedade médica, ainda não há uma causa definida para o conjunto de manifestações da SII. Acredita-se que seu desenvolvimento esteja relacionado a fatores como hipersensibilidade visceral, alteração na flora intestinal e alimentação desregrada e/ou rica em ultraprocessados.
Alterações neurológicas diretamente relacionadas ao intestino são admitidas como causas desse distúrbio considerado multifatorial. Além disso, patologias psicossomáticas, como o estresse, também são fatores possíveis para os sintomas da SII.
Sintomas
Segundo a Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia (SBMDN), pessoas com SII relatam desconforto e dores abdominais com frequência. As manifestações costumam ser seguidas de um ou mais sintomas, como mudança do hábito intestinal, com constipação ou diarreia; melhora total ou parcial da dor depois da evacuação; e distensão abdominal acompanhada de flatulência.
Os sintomas podem durar meses, interferindo na qualidade de vida dos pacientes. Conforme o órgão, a doença não está relacionada a complicações graves e costuma ter boa evolução quando tratada adequadamente.
Sinais de perda significativa de peso, sangramento intestinal, desidratação e desnutrição grave descartam o quadro de doença meramente funcional e devem ser investigados com cuidado.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença é clínico e deve ser feito por um médico da área de gastroenterologia. A SBMDN esclarece que não há um exame específico que comprove a presença da síndrome, mas que é possível realizar investigações para excluir outras doenças do trato gastrointestinal.
O teste respiratório para identificar o supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SCBID) pode ser necessário. O pedido do exame é feito conforme a intensidade dos sintomas apresentados pelo paciente.
Tratamentos indicados
O tratamento da síndrome do intestino irritável é feito por meio de cuidados individuais e paliativos. Alguns pacientes podem reduzir os sintomas, com melhora no estilo de vida, controle de dieta e de estresse. A outros, o médico pode indicar uma terapia medicamentosa, como uso do psyllium, por exemplo.
Em 2021, a Sociedade Britânica de Gastroenterologia publicou novas diretrizes para o manejo da síndrome do intestino irritável. No estudo, o aconselhamento dietético apareceu como componente importante na primeira linha de tratamento. Mais de 80% dos indivíduos com a doença afirmam apresentar sintomas relacionados à ingestão de comida, principalmente carboidratos fermentáveis e gorduras.
A adoção de hábitos alimentares saudáveis – como fazer refeições regulares – e o controle do consumo de bebidas alcoólicas e de cafeína são orientações da Sociedade Britânica de Gastroenterologia. O ajuste da ingestão de fibras e a redução do consumo de alimentos gordurosos e condimentados também estão incluídos nas recomendações.
Efeitos de alimentos altamente fermentados
Estudos recentes da SBMDN demonstraram que uma dieta rica em alimentos altamente fermentáveis, conhecidos como FODMAPs, pioram os sintomas da SII.
Os FODMAPs são carboidratos de cadeia curta que não podem ser completamente digeridos ou absorvidos pelo organismo e, dessa forma, acabam sendo fermentados no intestino. Eles podem ser encontrados em algumas frutas, vegetais, laticínios, adoçantes artificiais e no trigo.
Nos indivíduos com hipersensibilidade intestinal, essa categoria de carboidrato provoca sintomas gastrintestinais, porque aumenta o volume de água do intestino delgado e a produção de gases do cólon.
Além da alimentação saudável, a hidratação abundante e a prática de atividades para controlar o estresse, como o exercício físico, também são indicadas. Pacientes com SII precisam, ainda, manter o sono regulado, diminuir o consumo de sal e de condimentos e cuidar da saúde mental.