A pandemia mudou os hábitos de consumo e impulsionou o comércio eletrônico no mundo todo. Segundo a pesquisa Barômetro Covid-19, realizada pela consultoria Kantar com mais de 11 mil consumidores da América Latina, o Brasil foi o país que mais registrou aumento no número de compras realizadas via e-commerce durante o período de isolamento social, com 30% de incremento. Ainda que, com o avanço da vacinação, a vida esteja retornando à normalidade, essa deve ser uma prática que vai se manter.
Importante ressaltar, contudo, que as compras online não são indicadas para todo e qualquer tipo de produto. Adquirir aparelhos auditivos pela Internet, por exemplo, é uma atitude a ser repensada.
A perda auditiva atinge mais de 10 milhões de pessoas no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo a utilização de aparelhos auditivos uma das formas mais efetivas para corrigir ou atenuar o problema e promover uma melhoria na qualidade de vida dos surdos. Esses equipamentos possuem diversos modelos, adaptáveis a cada paciente.
“Quando se fala em adquirir um aparelho auditivo, deve-se seguir alguns passos importantes. O primeiro é fazer um exame de audiometria, além de se consultar com um otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. Assim, poderão ser descartadas as outras formas de tratamento, como cirurgia e medicamentos”, explica Márcia Bonetti, fonoaudióloga da Audiba Aparelhos Auditivos.
O segundo passo é procurar um centro auditivo qualificado e que tenha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que garante que o produto tenha passado pelas avaliações necessárias para preservar a segurança do consumidor. Também é importante fazer uma pesquisa sobre as marcas e tecnologias usadas pelos especialistas, a fim de conferir mais segurança ao processo.
Aparelhos auditivos X amplificadores
Segundo a fonoaudióloga da Audiba, confundir aparelhos auditivos e amplificadores é uma das principais causas de compra errada do produto, especialmente online e sem orientação de um especialista. Isso porque muitos aparelhos ofertados na Internet apenas amplificam o som, não sendo eficientes para reduzir problemas de audição. Além disso, não possuem registro na Anvisa e não foram elaborados por um engenheiro qualificado. Fazer o uso incorreto desses equipamentos pode, inclusive, causar problemas de saúde.
“Os danos podem ser irreversíveis, como uma lesão retrococlear ou dos canais semicirculares, podendo gerar uma perda auditiva mais grave do que o paciente já tinha”, alerta Márcia, que explica que a lesão retrococlear afeta o nervo da cóclea, responsável por transformar a informação sonora em impulsos nervosos, enquanto os canais semicirculares são um componente do labirinto ósseo e interferem no equilíbrio do corpo humano.
A fonoaudióloga ainda ressalta que é somente um profissional capacitado que pode fazer a indicação, seleção e adaptação da prótese. Por isso, o ideal é sempre procurar um centro especializado para esse fim em vez de considerar uma compra online sem qualquer tipo de acompanhamento.