Talvez você conheça alguém que tenha feito “xixi nas calças” em algum momento da vida, seja por um esforço muito grande, seja por questões emocionais. A incontinência urinária é um problema muito mais comum que possa parecer, principalmente em mulheres, e é provocado pelo desgaste e pela perda do tônus muscular na região pélvica.
No Brasil, estima-se que 10 milhões de pessoas sofram do problema, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Urologia. A International Continence Society (ICS) define a incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina – independentemente do tipo ou da causa do escape.
O simples fato de espirrar, tossir, correr, rir, pular ou levantar peso pode intensificar o distúrbio, que é considerado um problema de saúde pública em todo o planeta e pode ter consequências que vão além do ato de urinar involuntariamente, como uma mudança radical na rotina por conta do medo de situações constrangedoras, que podem culminar no distanciamento social e até mesmo em depressão.
De acordo com pesquisa do IPEC (Inteligência e Pesquisa e Consultoria), 68% dos afetados pela incontinência urinária são mulheres – sendo que 20% afirmam que o problema começou durante ou após a gravidez, 15% após ou durante a menopausa e 15% na terceira idade.
“As mulheres apresentam os principais fatores de risco, como menopausa e parto. Além disso, a uretra feminina é mais curta, o que favorece o enfraquecimento da região do assoalho pélvico”, explica Jorge Milhem Haddad, presidente da Sociedade Mundial de Uroginecologia (IUGA).
A boa notícia é que o problema tem cura na maioria dos casos e, mesmo em situações mais complexas, há tratamentos eficazes, seguros e que melhoram muito a qualidade de vida. E, quanto mais cedo tratar, melhor.
O primeiro passo é consultar um médico para classificar a incontinência, que pode ser de esforço (quando há perda de urina ao aumentar a pressão intra-abdominal), de urgência (quando a pessoa sente vontade de fazer xixi o tempo todo) ou mista, que, como o próprio nome diz, é quando se sofre com as duas causas.
Medicamentos específicos para incontinência de urgência, fisioterapia para os músculos do assoalho pélvico e cirurgias pouco invasivas são as terapias indicadas por Jorge Milhem Haddad, que liderou um estudo comparativo entre laser e fisioterapia no Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). O grupo tratado com laser apresentou melhores resultados, segundo o especialista. No caso específico das mulheres, o laser vaginal estimula a produção de colágeno e ajuda na prevenção e no tratamento da incontinência urinária de primeiro grau.
Outra técnica bastante procurada nos consultórios é a Estimulação Magnética Funcional (FMS), tecnologia não invasiva, que gera um campo magnético que é propagado para dentro do corpo, mesmo através das roupas, promovendo contrações involuntárias e fazendo a estimulação do músculo. O paciente senta em uma cadeira, chamada Tesla Chair, que é capaz de fortalecer os 29 músculos da região CORE (lombo-pélvico-quadril) em sessões de 30 minutos, duas a três vezes na semana, durante um mês a dois, dependendo da gravidade da incontinência.
“É uma cadeira para tratamentos relacionados ao assoalho pélvico e possui quatro aplicadores que conseguem trabalhar esse conjunto de músculos em uma mesma sessão, devido ao seu protocolo de tratamento que permite o uso dos dois aplicadores no abdômen associados aos dois presentes na cadeira – um no assento e outro no encosto”, explica José Delio Fernandes Filho, diretor geral da MedPro.
Como qualquer questão de saúde, o melhor tratamento é evitar que o problema apareça. E é possível, no caso da incontinência urinária, ao menos retardar o processo. Especialistas recomendam atividades físicas regulares, alimentação adequada, ter hábitos urinários corretos e manter uma higiene íntima adequada, a fim de evitar infecções.