O reaquecimento da procura pelas famílias tem levado muitas empregadas domésticas a buscarem uma recolocação, após o período mais turbulento da pandemia. Outras, ainda sem experiência, tentam uma entrada no mercado para trabalharem nas residências do país. Mesmo com esse esforço todo, muitas dessas profissionais cometem erros que ainda são muito comuns e podem ameaçar a conquista da tão sonhada vaga.
O alerta chega em meio a um cenário favorável em que as domésticas podem aproveitar um bom momento para conseguir uma chance no segmento. As contratações no setor registraram um aumento de 36%, segundo levantamento inédito feito pela Famyle. De janeiro a setembro, foram 23 mil vagas, contra 16,3 mil em 2020, com base nas informações de uma pesquisa amostral registrada pela plataforma.
Por conta desses equívocos, várias candidatas têm a sua oportunidade totalmente inviabilizada, o que leva a transtornos nas residências. Com isso, muitas famílias levam mais tempo para contratar essas profissionais.
“Diversas domésticas em busca de trabalho não sabem o que falar nesse momento importante. Em alguns casos, a pessoa simplesmente não aparece na entrevista ou por medo ou porque acha que não tem chance. Essa falta de preparo e a baixa estima podem comprometer a participação até em futuros processos de seleção”, destaca Guilherme Silva, CEO da Famyle – plataforma que conecta as famílias com profissionais do ramo doméstico.
Para orientar as candidatas em busca de entrar no mercado ou de uma recolocação nas residências, o CEO da Famyle aponta os 6 erros mais comuns e mais cometidos pelas domésticas no momento da entrevista. Ele também orienta como evitar esses equívocos capazes de inviabilizar a admissão:
1 – Faltar na entrevista
Pode parecer mentira, mas muitas domésticas simplesmente não comparecem na importante conversa com o contratante. De acordo com Silva, muitas candidatas selecionadas agendam a conversa, porém, deixam de ir e nem mesmo desmarcam a entrevista, pois ficam com receio de dizer que não tem dinheiro para locomoção. “Por falta de conhecimento, não conseguem sugerir um bate-papo online como alternativa”, ressalta.
Na avaliação do CEO da Famyle, a baixa autoestima de diversas participantes de um processo seletivo também leva a não aparecer na entrevista. Ele esclarece que várias candidatas acham que não têm chance de conseguir a oportunidade. “Assim, a pessoa desiste e não avisa.”
Para esse caso, Silva orienta as candidatas a justificar a ausência e fazer a desmarcação da entrevista se a decisão for desistir da seleção. “O contratante não tem como adivinhar e deixá-lo na espera pode ser um motivo para sua eliminação e a não participação em processos futuros”, salienta.
2 – Falta de Comunicação
Outro erro bastante comum entre as domésticas atrás de uma chance é o fato de “travar” durante a entrevista. Silva esclarece que isso também se torna bastante comum com candidatas que nunca trabalharam e tentam uma colocação no serviço doméstico. “A pessoa fica com muita vergonha e fica paralisada junto ao entrevistador por falta de experiência”, conta.
Na opinião do CEO da Famyle, as candidatas nessa situação não sabem muito o que falar para o entrevistador ou não contam com a experiência de vida necessária. “Trata-se do primeiro emprego delas, então não sabem como agir no momento da conversa”, relembra.
Com objetivo de solucionar esse tipo de erro, Silva sugere às candidatas estudarem e fazerem uma cópia do seu currículo como forma de se prepararem para as entrevistas. “É muito importante responder as perguntas de acordo com o seu CV. Dessa forma, a pessoa demonstra que não é mentira. Além disso, conversa sempre com o entrevistador com olhar nos próprios olhos. Da maior confiança.”
3 – Uso de Celular
Cada vez mais, o celular se torna um item essencial na vida das pessoas, inclusive para as domésticas. O aparelho serve para diversas finalidades já inseridas no dia a dia das pessoas. Por causa dessa verdadeira dependência, muitas candidatas deixam de desligar o telefone no momento da entrevista e, em muitas ocasiões, pedem para parar a conversa e atender a chamada.
“Isso não é muito bem visto num processo seletivo para uma determinada vaga e, obviamente, também acontece na hora de contratar uma doméstica”, ressalta o CEO da Famyle. Para essa situação, não tem outra dica. Silva é enfático e orienta as candidatas a desligarem o celular, minutos antes da entrevista.
Mas ele lembra que existem muitas situações em que a candidata espera uma ligação importante sobre o estado de saúde ou de alguma situação particular dos seus familiares e, por isso, não pode desativar o aparelho. “Nesse caso, avise o contratante antes do início da entrevista. Ele costuma ser compreensivo quando é dessa forma.”
4 – Excesso de informalidade
Abusar da informalidade é um dos erros mais corriqueiros cometidos pelas candidatas a uma vaga no serviço doméstico. Muitas delas se referem aos contratantes por apelidos ou mesmo abreviações dos nomes dos entrevistadores. Outra prática bastante comum é fazer “brincadeirinhas” ou mesmo comentários desnecessários.
“Algumas candidatas falam de maneira totalmente informal, talvez por falta de preparo ou porque muitas delas estão em busca da primeira oportunidade. Em muitos casos, a pessoa se comunica com diversas gírias”, avalia Silva. Ele orienta as candidatas a evitarem todas essas práticas durante a entrevista.
Além disso, o CEO da Famyle orienta as candidatas a se portarem de maneira formal nas entrevistas e serem bem simpáticas, acessíveis e conversarem de maneira bem objetiva. “Esses elementos são bastante importantes para o contratante também se sentir à vontade. Também é muito importante se comportar de forma profissional. Isso dá mais credibilidade”, pondera.
5 -Vestimenta inapropriada
Para atrair a atenção dos contratantes, muitas domésticas também cometem erros na forma de se vestir, com roupas mais extravagantes e maquiagens mais pesadas. Na avaliação de Silva, essa estratégia é equivocada porque costuma causar má impressão da candidata que age dessa maneira.
“Isso não acontece por maldade, mas por pura falta de conhecimento da pessoa porque pretende dar um ar mais chique e sofisticado junto ao contratante. Na maioria dos casos, esse não é o melhor caminho”, avalia. Ele orienta ainda que vestir-se bem não significa usar roupas caras.
O CEO da Famyle indica para as candidatas escolherem sempre roupas mais formais, desde que sejam também confortáveis. “Por meio do figurino, esse comportamento mostra como a pessoa é mais profissional, o que é muito levado em consideração”, complementa. Quanto às maquiagens, ele deixa como sugestão algo mais leve e ameno.
6 – Excesso de intimidade
Falar sobre questões familiares e pessoais durante a entrevista é um erro muito comum cometido pelas domésticas. Apesar de tentar sensibilizar o contratante no momento da conversa para conseguir a desejada vaga, essa prática é mal vista entre as famílias interessadas em admitir uma profissional.
“Esse tipo de atitude, de se colocar como uma vítima ou buscar algo que mostre as características de uma pessoa sofrida não caem muito bem junto ao contratante. Isso já é comprovado”, alerta o CEO da Famyle.
Durante a conversa com o entrevistador, Silva destaca a importância de a doméstica falar mais da sua personalidade e demonstrar proatividade. Isso, segundo ele, destaca como a pessoa é atenta aos detalhes. “Esse é o melhor momento para apontar suas principais características e falar sobre sua experiência em trabalhos anteriores”, ressalta.
Sobre a Famyle – A startup foi criada com objetivo de facilitar a contratação das profissionais do ramo doméstico por meio de uma plataforma que as conecta com as famílias. Também conhecida como “Linkedin das domésticas” com forte impacto social, a intermediação é feita com o uso irrestrito da tecnologia, que faz a checagem documental e dos antecedentes das candidatas cadastradas, e a intermediação dos dois lados fica por conta de um poderoso algoritmo que entrega o melhor profissional para cada vaga. A plataforma hoje conta com cerca de um milhão de profissionais cadastrados, entre domésticas, babás, diaristas, cuidadoras de idosos e pet sitters.