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Os absorventes descartáveis industrializados são os produtos que estão presentes na rotina da maior parte do público feminino. Estima-se que a mulher faz uso de cerca de dez absorventes descartáveis em cada ciclo menstrual, e de dez mil a 15 mil da puberdade até a menopausa.
Porém, o que poucos sabem são os malefícios que esse tipo de produtos causa para o corpo e meio ambiente. Como no Brasil não existe reciclagem para esse tipo de resíduo, esses absorventes acabam indo parar em lixões e aterros sanitários, causando um problema ambiental.
Indo um pouco mais além, para a produção deste absorvente diversas substâncias tóxicas são utilizadas, como o cloro, que é usado no branqueamento das fibras de celulose que ficam no interior do absorvente.
O branqueamento gera a Dioxina como subproduto, que é uma substância química cancerígena. Você já parou para pensar que esses tóxicos ficam diretamente em contato com o corpo da mulher?
Segundo a Dra. Juliana Honorato, ginecologista e obstetra, as substâncias presentes nos absorventes podem penetrar no organismo pela absorção da mucosa ou por serem voláteis, como o estireno, clorometano, cloroetano, clorofórmio, acetona, ftalatos, dioxinas, compostos semelhantes a dioxinas, furanos [10] e metildibromoglutaronitrila (MDBGN).
“Alguns estudos têm sugerido que essas substâncias podem agir diretamente nas células do organismo, alterando a produção de hormônios ou renovação celular, apesar dos resultados ainda serem discretos”, explica.
Um dos principais riscos do contato de qualquer componente químico com o corpo humano é a formação de reações alérgicas. Isso acontece quando um componente pode ser absorvido pela pele, mucosa ou via inalatória, e, em alguns casos, ser “reconhecido” como algo que não faz parte do corpo, gerando a liberação de substâncias inflamatórias (de defesa), que causam inchaço, dor, coceira, irritação de pele, entre outros sintomas, que podem ser locais ou comprometer o corpo todo, dependendo da intensidade da reação.
“Considera-se alergia quando isso acontece em algumas pessoas, em contato com substâncias geralmente indiferentes para outras. No caso dos componentes químicos dos absorventes, os estudos mostram realmente pouca incidência de reações alérgicas específicas do uso de absorventes, e a grande maioria com sintomas leves. Porém, um alerta importante é que como o absorvente é usado diariamente, esses sintomas leves, durante três ou mais dias seguidos, causam desconfortos e até mesmo irritabilidade na mulher. Infelizmente muitas mulheres acabam associando isso como normal e dão pouca atenção para esse incômodo, aguentando esses sintomas durante os dias da menstruação ”, pontua a ginecologista.
Outro ponto importante é que existem muitos estudos correlacionando os compostos voláteis como os ftalatos, dioxinas, furanos, MDBGNs, BPAs com as alterações hormonais, infertilidade e malformações fetais. Vale lembrar que esses compostos já são conhecidos por causarem efeitos cancerígenos quando há exposição intensa.
“Dados mostram uma relação mais evidente quando há exposição intensa, como em mulheres que trabalham em indústrias e têm contato direto com essas substâncias. Em relação ao contato cotidiano com essas substâncias e esses efeitos negativos – em cosméticos e produtos de higiene – os estudos mostram resultados discretos e controversos, não sendo suficiente para a proibição de seu uso, mas importantes para gerar um alerta de cuidados nas pessoas e incentivar pesquisas maiores” explica Juliana.
Segundo estudos recentes, a Dioxinas e compostos semelhantes, como dibenzodioxinas-policlorados (PCDD), dibenzofuranos policlorados (PCDF) e ‘dioxin-like’ PCB (dl-PCB), além de ser disruptores endócrinos, podem estar relacionados ao aumento do risco de complicações da endometriose, embora não seja comprovado que a substância cause diretamente o aparecimento da doença.
“Ainda não há comprovação de quais quantidades e tipos de exposição geram esse efeito, se o contato através do absorvente seria suficiente, por exemplo. Mulheres com dificuldade de engravidar também apresentam, nas pesquisas, maiores concentrações de BPA do que as mulheres com fertilidade normal. Apesar de também não haver comprovação sobre quanta exposição é suficiente para gerar o efeito, estes resultados alertam para a necessidade de se pensar alternativas para reduzir qualquer exposição”.
Para quem deseja substituir os absorventes tradicionais, reduzindo os malefícios para o corpo e meio ambiente, hoje o mercado oferece algumas opções alternativas, como métodos reutilizáveis, mas para quem ainda prefere a praticidade e conforto do absorvente descartável, vale procurar por opções orgânicas e biodegradáveis, sem toxinas agressivas.
“A orientação para quem deseja evitar essas toxinas no organismo e não correr riscos é buscar por produtos alternativos, para isso é sempre importante ler os rótulos e entender com quais substâncias os produtos são feitos. Essa é a melhor forma de se sentir segura”, recomenda a especialista.