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Pesquisa da equipe do Centro de Medicina Fetal Gestar (GMFG), juntamente com os grupos Hcor-Associação Sanatório Sírio e Santa Joana, coordenada pelo dr. Fábio Peralta, demonstra o impacto da idade gestacional no momento do reparo do disrafismo espinhal fetal – ou seja de mielomeningocele. Os operados no início do intervalo gestacional de 19,7 a 26,9 semanas apresentaram maior probabilidade de caminhar com ou sem órtese. O dado impressiona: são 63,76% as estatísticas de sucesso.
O estudo engloba um grupo de 69 bebês submetidos à intervenção intraútero com avaliação neurológica formal após 2,5 anos de idade. Veja o paper na íntegra em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
Em trabalho anterior do GMFG (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
“É uma evidência científica de enorme relevância para essas crianças, para seus familiares, além de para a saúde e a Medicina”, pondera Fábio Peralta. “Digo também com orgulho que um momento de muita importância para nossa equipe que investe suas vidas e conhecimento nessa área. De 2015 até agora, chegamos à marca de 400 bebês com mielomeningocele operados intraútero, provavelmente uma das maiores do mundo”.
A expertise e excelência advindas dessas cirurgias propiciaram ao Centro de Medicina Fetal Gestar desenvolver técnicas novas e adaptáveis a diferentes tipos de mielomeningocele e à idade gestacional da operação. Foram elas a base de minuciosa construção científica com resultados expressivos, como a confirmação de que é essencial eliminar a agressão à coluna do bebê o mais cedo durante a gestação.
“Faz um ano publiquei artigo sobre essa questão, demonstrando que no período de 19 a 26 semanas, quanto mais cedo corrigirmos a mielomeningocele menores são as chances de essa criança ter que realizar tratamento para a hidrocefalia, ou seja, colocar um dreno no cérebro. Pois, ao se colocar o dreno, atrapalha-se o desenvolvimento cognitivo dessa criança. Agora, chegamos à confirmação de que a operação no início desse intervalo gestacional redunda em maior probabilidade de caminhar com ou sem órtese.”
Devido ao avanço representado pelo resultado da pesquisa, Fábio Peralta compreende ser indispensável propagar amplamente a influência da idade gestacional na chance de uma criança conseguir se locomover, com ou sem o uso de qualquer auxílio. Afinal, trata-se de um alento e esperança para bebês, pais e mães de todo o mundo: “Quanto mais precoce a cirurgia, melhor o prognóstico de andar”.
Espinha Bífida Aberta
Mais conhecida como mielomeningocele, a Espinha Bífida Aberta é a mais comum anomalia congênita do sistema nervoso central. No Brasil, temos uma incidência aproximada de 1/1000 nascidos vivos. É causa de paralisia dos membros inferiores, atraso no desenvolvimento intelectual, alterações intestinais, urinárias e ortopédicas.
Até há alguns anos, a correção da espinha bífida só era feita após o nascimento. Cerca de 80% dos bebês operados necessitavam da colocação de drenos no cérebro. Grande parte desses bebês, precisava de cirurgias repetidas que redundava em progressiva redução da capacidade intelectual e altas taxas de óbito: 15% dessas até o quinto ano de vida.
Em 2011, resultados de trabalho científico elaborado nos EUA, denominado de MOMs trial – Management of Myelomeningocele study (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
Desde então, o tratamento intrauterino por cirurgia aberta no útero tem sido o tratamento de escolha para fetos selecionados com espinha bífida. Porém, nem todos os bebês podem ser operados durante a gestação. Existem indicações específicas. Por exemplo, a idade gestacional entre 19 e 26 semanas.
O grupo de cirurgia fetal do Centro de Medicina Fetal Gestar e da Rede Gestar de Medicina Materno-Fetal, coordenado pelo dr. Fábio Peralta, é referência na utilização de técnica semelhante à descrita pelo MOMS trial, mas aprimorada de forma a diminuir os riscos maternos e o parto prematuro.
A técnica tradicional consiste em uma cirurgia aberta com uma incisão no útero de 6-8 cm de extensão. A técnica da Gestar modificada e publicada internacionalmente, denominada correção da mielomeningocele fetal por mini-histerotomia, reduz a extensão da incisão uterina para 2,5 cm, o que consequentemente diminui os riscos maternos da cirurgia, mantendo os benefícios para o feto – https://pubmed.ncbi.nlm.nih.