Pular para o conteúdo

Pediatra explica a verdade sobre as cólicas do bebê

Foto de SHAHBAZ AKRAM no Pexels

Excesso de estímulos, falta de rotina e sonecas ruins durante o dia são os três motivos principais de finais de tarde de desespero e choro causados pelas cólicas

De acordo com Dr. Paulo Telles, pediatra e neonatologista da Sociedade Brasileira de Pediatria, a definição de cólica é “um choro por três ou mais horas ao dia, três ou mais dias por semana, por três ou mais semanas em um bebê saudável”. Intestino imaturo, falhas na qualidade do sono do bebê e alguns detalhes da alimentação da mãe que amamenta e no momento de o bebê mamar interferem e podem ser gatilho para as terríveis cólicas no bebê.

“Gosto muito de explicar para os pais que a cólica do recém-nascido não é sinônimo de dor de barriga, mas sim de um choro incontrolável, que costuma acontecer no final do dia, horário em que o bebê está mais cansado”. Daí a necessidade de os pais garantirem sonecas de qualidade para o bebê, em um ambiente tranquilo e sem estímulos exagerados.

Quando iniciam as cólicas?

Os episódios de cólica atingem seu pico quando uma criança tem entre 3 e 6 semanas de idade, geralmente, e diminuem, significativamente, após os 3 ou 4 meses de idade. O médico alerta que, embora o choro excessivo se resolva com o tempo, estes momentos de grande irritação para o bebê adicionam um estresse significativo ao cuidado da criança, numa rotina que já é considerada puxada nesses primeiros meses.

Dr. Paulo é muito enfático quanto ao uso de medicamentos. “A melhor maneira de prevenir a cólica é entender que não existem medicações com eficácia comprovada. Por isso, não compre produtos que prometem resolver ou acalmar a cólica, porque não existe remédio mágico!”, alerta. O melhor remédio, segundo ele, é se conscientizar de que a cólica pode estar relacionada ao cansaço, à falta de rotina ou a sonecas ruins, e à imaturidade intestinal do bebê.

Por que só dói ao final do dia?

Esse período do dia em que todos os bebês choram já foi chamado de a hora das “bruxas”, como uma alusão a algo que os colocaria medo e por isso choram sem parar até ficarem exaustos. Mas, analisando qual seria o motivo da barriga só doer no final do dia, alguns chegam à conclusão de que o bebê, nesta fase inicial, precisa dormir muito, de 20 a 22h ao dia; e o seu sono precisa ser bom, ou seja, um repouso que permita que ele relaxe, descanse e não fique estressado ao final do dia.

“Gosto sempre de levar às mães a se colocarem no lugar da criança. Digo: quando você dormir, imagine se eu pegar sua cama e levar para sala, depois para assistir TV, almoçar, seguir a rotina da casa, será que você dormirá bem? Como será seu sono ao ficar passeando por todos estes lugares, com barulho, movimento, telefone, campainha etc.? Você conseguiria, realmente, descansar, ter um sono de qualidade e restaurador? Claro que não! Então, o seu filho também não”, ensina o médico.

No início da vida do bebê, logo após o nascimento, pais e cuidadores, frequentemente, estão inseguros e, por isso, querem o bebê sempre ao seu lado, esquecendo que cada pequeno barulho pode tornar o seu sono mais superficial, acordar e/ou incomodar o bebê, fazendo com que acumule sono e cansaço ao longo do dia, até chegar ao seu limite e começar a chorar sem parar por duas a três horas, antes de dormir por exaustão.

A indicação final do neonatologista é: “Tente deixar o bebê no local mais seguro, tranquilo, e sossegado da sua casa, que é no quarto, dentro do berço! Assim, as sonecas serão melhores e teremos mais chances de que o bebê chegue no final do dia, menos cansado e incomodado, iniciando uma boa noite de sono sem choro e estresse”.

Outro ponto importante: “É normal nestes primeiros meses o bebê gemer, reclamar, resmungar e fazer barulhos. Isso não é cólica!”, assegura Telles.

Outra razão para as cólicas é a de que todo bebê tem intestino ainda não maduro, com imaturidade do peristaltismo, do controle do esfíncter, além de produzir mais gases, pela flora intestinal característica, e, muitas vezes, engolir mais ar.

Para ajudar no combate a esse desconforto intestinal, Dr. Paulo explica que massagem, movimentos de bicicleta com as pernas, jogar água morna na região perineal ajudam a eliminar os gases. Além disso, alguns cuidados com a alimentação da mãe e no momento de amamentar podem fazer a diferença.

“Quanto melhor a pega e a posição durante a mamada e quanto menos o bebê chorar, menos ar engolirá ao longo do dia, isso pode ajudar a reduzir os gases também. E alguns alimentos consumidos pela mãe podem irritar e deixar o bebê mais agitado. Daí ser necessário evitar excesso de cafeína, chocolate, bebidas com estimulantes, álcool e pimenta. Nenhum estudo conseguiu associar outros alimentos a cólicas. Então, coma bem e sem restrições”, orienta.

O melhor remédio é: “Sempre, sempre, sempre: acolhimento, amparo, carinho e afeto! Amor nunca é demais e resolve todos os problemas”.

 

Dr. Paulo Nardy Telles
CRM 109556 @paulotelles

• Formado pela Faculdade de medicina do ABC

• Residência médica em pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP

• Preceptoria em Neonatologia pelo hospital Universitário da USP

• Título de Especialista em Pediatria pela SBP

• Título de Especialista em Neonatologia pela SBP

• Atuou como Pediatra e Neonatologista no hospital israelita Albert Einstein 2008-2012

• 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.