Renato Portaluppi, Renato Gaúcho para os mais íntimos, é o treinador com maior número de vitórias da Copa Libertadores: 50 triunfos. O técnico configura um seleto grupo junto aos “profes” Gabriel Uribe, com 49, e Luis Alberto Cubilla, com 46.
Renato chegou ao Flamengo logo após a saída conturbada de Rogério Ceni da Gávea. Desde então, o Rubro-negro tem atuado de forma semelhante ao ano áureo de 2019 com Jorge Jesus. Este, que até então, rivalizava com Portaluppi a alcunha de melhor treinador e equipe do Brasil, num piscar de olhos – dois anos depois – ficou na mesma posição do português: final da Copa Libertadores.
Apesar dos resultados positivos, a versão “Renato 2.0” chama a atenção pela mudança de comportamento do treinador Dizem que ele está mais moderado, quando comparado aos comentários da época em que a rivalidade entre Grêmio e Flamengo estava a todo vapor: “Moderado, pensativo e até mesmo tático (elemento que tanto o criticam)”.
“Renato Gaúcho sempre foi agregador e gestor de grupo. Isso é um fator essencial que abrange a mentalidade e comportamento esportivo. Além disso, ele demonstra aos poucos no Flamengo a evolução no quesito tático, por mais que o Flamengo esteja lotado de estrelas, time nenhum joga sem comando técnico”, afirma Lincoln Nunes, treinador mental de atletas do futebol europeu e nacional.
Lincoln tem estudado o perfil mental de treinadores vencedores e procura um padrão que possa explicar qual seria o nível de performance perfeita e o equilíbrio entre gestão técnica e tática entre os jogadores e seus comandantes.
“O que o Renato tem se chama Increase Mentality ou, no bom e velho português, Mentalidade de crescimento. Esse é um fator que todo atleta e treinador precisa ter”, afirma. “É um estudo com base nas pesquisas da psicóloga Carol Dweck, em que, quando há chance de crescimento, a pessoa vai e melhora, sem exitar. Aqueles que não têm essa visão ficam na mentalidade fixa, ou seja, estagnados. Não existe evolução de performance e muito menos crença na possibilidade de se melhorar nesse estado”, detalha.
Elenco “cascudo” também ajuda
“A geração de 1985, composta por Diego Alves, Felipe Luis e Diego Ribas — que já se acertam para mais um ano de contrato — é composta por atletas que fazem bem ao clube no aspecto técnico e mental. Já passaram por diversas situações na carreira, sabem muito bem gerir o foco e ansiedade da equipe fora e dentro de campo. Isso é ótimo para que o trabalho do treinador saia como o esperado”, completa.
Outros fatores fora do futebol também contam para um trabalho excelente dentro das quatro linhas: financeiro ajustado e respaldo da diretoria. “Tudo isso, com mental e físico alinhados, os resultados são exponenciais”, finaliza.