Em setembro, mês em que se comemora a luta das pessoas com perda auditiva em busca de uma sociedade com menos preconceito e mais inclusão, por que tantos indivíduos que começam a perder a audição, no processo natural de envelhecimento, ainda têm vergonha de usar aparelho auditivo? Trazer esta discussão à tona é importante porque a deficiência auditiva, em geral, se agrava com o avançar da idade e, no Brasil, o número de idosos tende a crescer muito nas próximas décadas.
É preciso, então, dizer ‘não’ ao preconceito contra a surdez e os aparelhos auditivos, que assim como os óculos de grau, são indispensáveis para grande parte da população. E usar óculos não é problema. O que mais vemos nas ruas são pessoas com armações modernas e coloridas. Mas o que muitos não sabem é que estilo e elegância também compõem o design das atuais próteses auditivas. Os avanços tecnológicos vêm permitindo a criação de aparelhos auditivos cada vez mais bonitos e discretos. No entanto, falta informação para quebrar esse tabu.
O que acontece é que, com o decorrer dos anos, as células ciliadas da orelha interna começam a morrer. Algumas pessoas perdem a audição mais cedo e mais rápido do que outras. No entanto, a vergonha de usar aparelho auditivo ainda faz com que a maioria demore mais de cinco anos para buscar ajuda de um fonoaudiólogo.
“É fundamental acabar com a imagem antiga daquele aparelho auditivo enorme, que constrangia os usuários. Atualmente já existem próteses auditivas pequenas, com alta tecnologia, qualidade sonora excepcional e conectadas com dispositivos inteligentes, como TV, notebook e celular. E, a cada ano, são criadas soluções auditivas cada vez mais sofisticadas. Por que, então, não usufruir dessa tecnologia para voltar a ouvir e retomar a confiança para conversar com familiares, amigos e colegas de trabalho?”, afirma a fonoaudióloga Rafaella Cardoso, especialista em Audiologia da Telex Soluções Auditivas.
É importante lembrar que a perda auditiva adquirida na idade adulta, quando não tratada, pode acarretar também outras dificuldades, como insegurança, medo, dificuldades no convívio em sociedade e até mesmo prejuízos na ascensão profissional.
“Com o dia a dia agitado e cada vez mais conectado, a quebra do preconceito em relação ao uso de aparelhos de audição é fator primordial para que o indivíduo aceite sua condição auditiva, procure tratamento e, assim, possa continuar a ter uma vida ativa e produtiva”, conclui a fonoaudióloga da Telex.
Ao sentir alguma dificuldade para ouvir, o primeiro passo é consultar um médico otorrinolaringologista e/ou um fonoaudiólogo, que irá avaliar a causa, o tipo e o grau da perda auditiva. A partir do resultado de exames como o de audiometria, será indicado o tratamento mais adequado. Muitas vezes, o uso de aparelho auditivo é a melhor opção para a reabilitação auditiva.
Pesquisa revela: Brasil tem 9 milhões de pessoas com perda auditiva
A perda auditiva já afeta mais de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2021). Destas, 432 milhões (93%) são adultos e aproximadamente um terço são pessoas com mais de 65 anos. No Brasil, isso corresponde a 9 milhões de pessoas com perda auditiva permanente, sendo mais de 4,6 milhões com idade entre 15 a 59 anos e pouco mais de 4,4 milhões com idade acima de 60 anos (IBGE, 2010).
Vinte por cento dos idosos com perda auditiva não conseguem sair sozinhos, só 37% estão no mercado de trabalho e 87% não usam aparelhos auditivos. Entre as pessoas com perda auditiva, 54% são homens e 46% mulheres. Os dados constam de estudo feito em setembro de 2019 com brasileiros com perda auditiva e ouvintes, pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda.
Ainda segundo a pesquisa, 9% das pessoas com perda auditiva nasceram com essa condição. Os outros 91% a adquiriram ao longo da vida, sendo que metade teve perda auditiva antes dos 50 anos. E entre os que apresentavam perda auditiva severa, 15% já nasceram com algum grau de perda auditiva.
Por que Setembro Azul?