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GOVERNO PRETENDE LANÇAR BOLSA PARA JOVENS QUE NÃO ESTUDAM E NEM TRABALHAM

Nos últimos meses, o Palácio do Planalto tem se tornado palco de grandes transformações nos objetivos do Governo Federal. O atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, sempre se mostrou, desde a época em que era apenas candidato à chefia do Poder Executivo federal, adepto à política econômica liberal, com pouca interferência do Estado na economia e políticas públicas mais enxutas ou inexistentes.

O cenário, no entanto, transformou-se com a chegada da pandemia de covid-19 no país. Com o avanço da doença, a economia tem apresentado instabilidade, de modo que o Governo Federal precisou adotar medidas contrárias à sua ideologia econômica, como a criação do auxílio emergencial. 

Ocorre que os integrantes da base governista começaram a perceber que somente o auxílio emergencial não está dando conta de atender às necessidades do povo brasileiro. Além do valor extremamente baixo que é pago aos beneficiários, houve recrudescimento das regras para se tornar apto ao recebimento da quantia, de modo que a quantidade dos indivíduos considerados elegíveis para recebimento do auxílio emergencial se tornou ainda menor que no ano anterior. 

Para agravar o cenário, o contexto político atual não é nada favorável ao Governo Federal, uma vez que o Poder Judiciário vem tomando reiteradas decisões contrárias ao interesse da cúpula do Executivo, no Legislativo há uma CPI que investiga a gestão da pandemia e, entre a população em geral, a rejeição ao Governo Federal cresce exponencialmente. Para piorar a situação, o maior adversário político do atual Presidente retornou ao cenário político.

Diante dessa situação, a ordem no Palácio do Planalto é a adoção de medidas que possam desfazer a referida rejeição e aumentar a popularidade do Presidente, que pretende disputar a reeleição no próximo ano de 2022. 

Entre as medidas pensadas para contornar esse contexto problemático e garantir apoio eleitoral no próximo ano, está a criação de um auxílio para jovens que não estudam e nem trabalham. O objetivo é, segundo os políticos, auxiliar e amparar os jovens nesse momento de dificuldade, utilizando a quantia recebida para se firmar financeiramente e obter condições de ingressar no mercado de trabalho.

Assim, o dinheiro serviria para realizar cursos de capacitação e qualificação profissional, comprar materiais de estudo, custear roupas e sapatos para entrevistas de emprego, entre outras possibilidades.

O valor inicial do auxílio, segundo os governistas, seria de até R$ 300. A ideia é criar o BIP, que significa Bolsa por Inclusão Produtiva, e incluir todos os jovens que não estudam e nem trabalham, mas possuem a intenção de realizar um cursinho e se preparar para entrar no mercado de trabalho. 

Cabe destacar que a ideia inicial não era essa, uma vez que, quando o projeto surgiu, a intenção era abarcar apenas os trabalhadores informais. Enquanto se preparam para serem admitidos em uma vaga de emprego, o Governo Federal pretende pagar a esses jovens valores que variam entre R$ 200 e R$ 300, do mesmo modo que empresas parceiras poderão contratar e treinar esses jovens. 

O Ministério da Economia destacou que, de acordo com dados oficiais, no ano de 2020, o número de jovens que não estudam e nem trabalham bateu recorde no Brasil. Com a eclosão da pandemia e o alto índice de desempregos, bem como redução no número de vagas de trabalho, os jovens se viram sem oportunidades e sem dinheiro para financiar os estudos. 

Muitos relatam, aliás, que concluíram o ensino superior em 2019, no segundo semestre, e não tiveram a oportunidade de iniciar a carreira e exercer a profissão escolhida, visto que a pandemia destruiu todas as oportunidades possíveis. Com a formatura, então, num dos piores momentos do país, esses jovens tiveram todas as janelas de oportunidades fechadas.

Cabe destacar que o ano de 2020 foi na contramão dos anteriores. Dados oficiais afirmam que, entre 2012 e 2019, houve considerável redução no número de jovens fora da escola ou da faculdade. No entanto, a pandemia reverteu esse quadro: enquanto 25% dos jovens não estudavam e nem trabalham no primeiro trimestre de 2020, o segundo trimestre já registrou significativo aumento no índice, que chegou a 29%.