São Paulo, março de 2021 – Nos últimos tempos as pessoas foram bombardeadas com notícias nos principais veículos de comunicação sobre relacionamentos abusivos. Como o caso recente do cantor Nego do Borel e da atriz e influenciadora digital Duda Reis, que após três anos de relacionamento, o término virou caso de polícia. Com a chegada das redes sociais, onde as pessoas passaram a ter mais voz para denunciar e buscar apoio, casos sobre violência contra mulher e relacionamentos abusivos viraram protagonistas.
E atualmente as mulheres têm sido vítimas em diversos relacionamentos. Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde Mulher, em 2019, 243 milhões de mulheres sofreram violência física, sexual ou psicológica pelos próprios parceiros. Mas quais são os principais sinais para identificar um relacionamento abusivo?
Segundo a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, existem sinais bem claros geralmente presentes nesse tipo de relacionamento. “Entre eles estão: ciúme exagerado, possessividade, necessidade de controle, comportamento agressivo, invasão de privacidade, chantagem, manipulação, controle financeiro, violência sexual, verbal, emocional e física, ameaças, entre outros”, explica.
Porém, a especialista ainda fala que nem sempre esses sinais são fáceis de serem enxergados pela vítima que, muitas vezes, se sente presa e com a autoestima abalada pelo parceiro. “A terapia de casal é uma ótima forma de identificar esse tipo de caso. No decorrer dos atendimentos psicológicos, o terapeuta começa a perceber os sinais de que está havendo abuso no relacionamento. O abusador vai se revelando através de comportamentos que são considerados sugestivos de um relacionamento abusivo”, complementa a especialista.
Abaixo, confira os principais mitos e verdades sobre o assunto:
Existem casos em que os envolvidos não sabem que estão em um relacionamento não saudável?
VERDADE. “Muitas vezes, o relacionamento já vem com um padrão estabelecido e o casal pode não ter consciência de que está dentro de um relacionamento abusivo. É papel do psicólogo mostrar ao casal e orientá-lo sobre a existência desse tipo de relacionamento e isso vai ficando mais claro durante a evolução da psicoterapia”, conclui Vanessa.
Existem vários níveis de uma relação abusiva?
VERDADE. “Existem vários níveis, desde um abuso psicológico ou verbal até a forma mais grave onde acontece a morte da vítima”, diz.
Meu parceiro faz pouco caso das minhas conquistas, é normal?
MITO. “Um relacionamento deve ser algo positivo na vida de ambos, algo que venha complementar uma felicidade. E a base de relacionamentos saudáveis é o companheirismo, por isso, o companheiro deve vibrar pelas conquistas de sua mulher. O problema é que em um relacionamento abusivo, o homem, muitas vezes, faz de tudo para humilhar sua parceira para se sentir melhor. É doentio”, conta.
Uma das principais fugas de uma abusador é dizer que a mulher é “louca”.
VERDADE. “Uma forma deles se defenderem de possíveis percepções do abuso nas mulheres, é taxar a companheira como louca, fazendo com que a mesma se questione a própria sanidade e capacidade de analisar as situações. Nesses casos, muitas vezes eles conseguem fazer com que a vítima se sinta culpada pelas reações agressivas dele”, comenta.
Sou vigiada pelo meu parceiro, posso considerar isso normal?
MITO. “De maneira alguma. Não é porque é seu marido ou namorado que tem direito de vigiar a sua intimidade. Alguns acontecimentos comuns nesse sentido são: pedir para a mulher se afastar dos amigos e familiares – mesmo de forma indireta -, ter acesso ao celular e redes sociais, viver pedindo desculpas, dizendo que vai mudar, mas não altera o padrão de comportamento, controle da vida financeira, entre outros.”, esclarece.
Controle e ciúmes excessivo é normal em uma relação saudável?
MITO. “Ciúmes é um sentimento comum do ser humano, que existem em relações saudáveis, mas nada em excesso é normal, ainda mais quando esse sentimento causa o poder de posse em cima de alguém. É considerado normal apenas quando não existe controle excessivo e não cause sofrimento tanto na pessoa que vivencia esse sentimento como naquela que é o alvo do ciúme”, salienta a psicóloga.
Sobre Vanessa Gebrim
Vanessa Gebrim é Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Atua também como Consteladora Familiar, com abordagem sistêmica que promove o equilíbrio e melhora relações interpessoais. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros.