Um tratamento alternativo e mais seguro para pacientes e profissionais dedicados aos cuidados contra a Covid-19 já está disponível para hospitais em todo o Brasil. Trata-se do BhioCOVID, um completo dispositivo de isolamento para ventilação não invasiva e oxigenioterapia de alto fluxo, produzido pela indústria gaúcha Bhio Supply, localizada em Esteio, em parceria com Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), em São Paulo, e o Centro de Biotecnologia e Terapia Celular do Hospital São Rafael, de Salvador.
O sistema já possui registro junto à Anvisa, os testes científicos realizados garantem a eficácia da ferramenta na contenção de aerossóis contaminados por partículas virais, evitam a intubação de pacientes em estado grave, diminuindo em até 70% os custos do tratamento.
“Há uma grande preocupação com a segurança ocupacional de profissionais de saúde e o medo de pacientes que precisam do procedimento da intubação. Diante do aumento significativo nos casos de COVID-19, com diversos hospitais novamente no limite das suas capacidades e algumas regiões passando pelo pior momento da pandemia, entendemos que o kit BhioCOVID é uma solução segura em termos médicos, sociais e econômicos, além de minimizar, consideravelmente, a taxa de intubação”, avalia o CEO da Bhio Supply, Marcelo Saraiva, destacando que o trabalho em conjunto entre universidades e instituições de pesquisa do Brasil foi fundamental para viabilizar a comercialização, produção em larga escala e tornar o projeto acadêmico um produto seguro.
Com a chegada da segunda onda da Covid-19 no Brasil, a fabricante pretende ampliar a utilização do BhioCOVID que já foi testado, com aprovação de médicos e pacientes, no Hospital Couto Maia, Hospital São Rafael e no Hospital de Campanha Wet´n Wild em Salvador, Hospital Aeroporto, em Lauro de Freitas e no Hospital de Campanha de Feira de Santana. Hospitais no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Amazonas também já usam a nova tecnologia.
Vantagens do novo sistema
Idealizado pelo médico baiano, doutor em Clínica Cirúrgica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), plantonista da Emergência do Hospital São Rafael, Rede D’Or e professor do Curso de Medicina da Universidade do Estado da Bahia, Cláudio Quadros, o equipamento é prático e permite que a ventilação não invasiva, considerada o melhor tratamento para pacientes com pneumonia por causa da doença, possa ser ofertado, sem riscos de contaminação.
“O BhioCOVID pode ampliar consideravelmente a oferta de oxigênio, diminuir a necessidade de UTI, reduzir a infecção de profissionais e pacientes não infectados nos hospitais”, enfatiza Quadros. “É uma tecnologia brasileira, segura e desenvolvê-la só foi possível pelo compromisso, seriedade e abnegação de instituições acadêmicas, pesquisadores e indústria do nosso país”, afirma.
Além de diminuir os riscos, a simplicidade do sistema reduz custos com o tratamento. Cada Kit BhioCOVID é composto por capa plástica, que cobre o paciente e todo o leito, suspensa por arcos adaptáveis a qualquer tipo de cama, com aspiração do ar do seu interior por filtro de micropartícula conectada à rede de vácuo hospitalar.
Apenas uma máscara é colocada na face do paciente e oxigênio sob pressão ou um cateter nasal, para uso de oxigênio em alto fluxo (40 litros por minuto) é administrado. Pode ser usada em enfermarias coletivas de hospitais de campanha.
“Atualmente, pacientes graves com Covid-19 são colocados em coma induzido, tratados com ventilação mecânica, o que dura, em média dez dias, com risco de complicações associadas e quando conseguem voltar a respirar por conta própria, é necessária longa recuperação passando, inclusive, pela fisioterapia. A opção pela intubação vem colapsando os sistemas de saúde, por falta de leitos de UTI, de ventiladores mecânicos e profissionais de saúde qualificados”, explica o doutor, ressaltando que na forma grave da doença, oferecer oxigênio é o único tratamento comprovado que salva vidas.
“Já no kit BhioCOVID, são usadas máquinas mais simples como as que tratam pessoas com apneia do sono. Os hospitais que usaram o dispositivo alcançaram excelentes resultados e os relatos de pacientes tratados por este meio são animadores”, finaliza Quadros.