Na onda das cervejas artesanais, as mulheres passaram a investir também nas cachaçarias e esperam ampliar as vendas neste setor. Apenas durante a pandemia, todo o segmento de bebidas alcóolicas registra uma alta de 37%, de acordo com dados divulgados pela Ideal Consulting.
Se você voltar alguns anos no tempo, o universo das bebidas era dominado por homens e o estereótipo sempre foi reforçado em filmes e na sociedade como um todo. Os anos se passaram e as coisas começaram a mudar.
Depois de entrar em diversos segmentos da economia, agora as mulheres estão provocando pequenas revoluções no setor de cachaças artesanais.
“Sempre gostei de alquimia, de procurar o aperfeiçoamento do produto unindo a ciência e a técnica. Mergulhei com tudo nessa paixão”, revelou Viviane Baldin, em entrevista ao site G1.
A atuação das mulheres vai desde a concepção da bebida que envolve teor alcoólico, sabor até a elaboração dos rótulos para cachaça artesanal e a sua divulgação final.
Entre os desafios do setor estão a formalização dos alambiques, a distribuição para alcançar vendas externas do local turístico (principal pólo de contato com consumidores) e até a digitalização para romper as barreiras regionais.
Dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) revelam que 90% da produção de cachaça do Brasil é originada de micro e pequenas empresas, sendo que existem pouco mais de 4 mil produtores, que comercializam cerca de 5 mil rótulos diferentes.
Com um consumo mensal acima de 63,4 milhões de litros, existe muito espaço para novas marcas entrarem neste mercado.
Quais são os principais desafios do setor?
Mesmo com grande volume de litros vendidos mensalmente, a indústria da cachaça tem alguns grandes desafios pela frente. Rompê-los fará com que o negócio cresça e até duplique de tamanho.
Tendência de sofisticação
Assim como já aconteceu com a tequila e a vodka, a cachaça precisa romper o paradigma social de ser uma bebida consumida, em grande parte, por pessoas de baixa renda. Ela tem espaço para crescer assim como as já citadas e o uísque escocês, mas terá que remodelar seu marketing e também alguns aspectos sociais para ser apreciada por este novo público.
Alguns alambiques já estão investindo na concepção de garrafas exclusivas para uma melhor apresentação do produto, assim como já acontece com as grandes produtoras de vinho.
“A embalagem é, ao mesmo tempo, expressão e atributo do conteúdo. Portanto, só é percebida pelos consumidores como uma bebida artesanal Premium aquela cuja embalagem expressar estes atributos”, reforça Fabio Mestriner, autor do livro Design de Embalagem.
Concorrência forte com a cerveja
Hoje a bebida mais consumida no Brasil é a cerveja e isso acontece por diversos fatores, principalmente a sua facilidade de armazenamento e pelo baixo teor alcóolico. Assim como acontece com vinho, as cachaças ainda não são vistas como uma opção de bebida para ser consumida facilmente.
Selos de qualidade e padrão para exportação
Por ser uma bebida produzida em escala artesanal em diversos estados do Brasil, a cachaça carece ainda de uma certificação de qualidade para atestar um padrão de sabor, assim como ocorre na indústria do vinho.
Este é um desafio que deve unir entidades privadas e o governo para uma padronização e elaboração de regras que permitam aos pequenos e médios produtores a adotar tais procedimentos em seus alambiques, o que vai garantir ao importador a recepção de uma mercadoria de qualidade e com as características desejadas.
Com a entrada das mulheres neste segmento, a criação de associações e a participação do Mapa, o mercado deve expandir bastante nos próximos anos e fortalecer a indústria nacional, aumentando as oportunidades de emprego e também a arrecadação federal.