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Resiliência na travessia: precauções contra a Covid-19 é urgente para quem tem mais de 60

De repente a vida ficou diferente. A rotina foi quebrada pela imposição do distanciamento social, medida adotada para a contenção do avanço da propagação da Covid-19.

Diante dessa nova situação, cada um de nós se viu em meio ao desafio de reinventar seu cotidiano, ação necessária para a nossa preservação, para a segurança da população, e também para garantir a saúde daqueles que, por exercerem atividades essenciais para a sociedade, não puderam aderir ao recolhimento.

A espécie humana não convive bem com situações de isolamento: o homem é um ser social, pois depende das inter-relações com os outros seres para dar sentido à sua existência. Não por acaso, na maioria dos países, a pena máxima aplicada pela sociedade contra aqueles que descumpram os preceitos legais é a privação da liberdade.  “É impossível ser feliz sozinho”, filosofava Tom Jobim.

Dentre os mais afetados por essa nova configuração da realidade está a população com idade acima de 60 anos. Considerada a faixa etária mais vulnerável aos impactos da doença, é sobre ela que recaem as mais rigorosas precauções. Como lidar com mais este desafio tornou-se questão premente.  Os idosos necessitam, portanto, de uma atenção maior por parte do estado e também daqueles por eles responsáveis diretamente.

Resiliência deve ser a palavra de ordem nesse novo contexto. Tal qual o “velho marinheiro”, do samba de Paulinho da Viola, é hora de tocar o barco devagar em meio à tempestade. E os cuidados com as saúdes devem compor a ordem do dia.

Pesquisa informal realizada pela Liga Solidária com pessoas acima de 60 anos revelou que 68% dos entrevistados deixaram de praticar atividades físicas nos últimos quatro meses. Trata-se de um dado extremamente preocupante, pois a rotina de exercícios físicos é um dos principais meios para se prevenir a ansiedade e a depressão.

A adoção de tarefas diversificadas no dia a dia tende a amenizar as agruras desta “travessia”. Cuidar de plantas, fazer atividades manuais e físicas (adequadas à condição de cada um), cozinhar ou experimentar alguma nova habilidade artesanal podem trazer significativos benefícios nestes dias de isolamento.

Para aquelas pessoas com dificuldades de leitura, há hoje a facilidade dos audiolivros. Vários jornais também trazem a comodidade de poderem ser ouvidos. E há ainda uma diversidade de podcasts disponibilizados na internet.

Após a leitura, por que não a escrita? Relatos sobre sentimentos, experiências, o próprio cotidiano e a criação de um diário são exercícios excelentes tanto para a memória como para manterem a saúde mental. E para o contato com os familiares, as vídeo conferências são o método mais seguro. Não deixe de trocar afetos, mesmo que virtualmente.

Com o recrudescimento do número de novos casos, o que tem suscitado a revisão das medidas atuais tornando-as mais rigorosas, a atenção aos princípios de isolamento e atenção à saúde (sobretudo nestes dias de tendência à maior aglomeração, devido aos festejos de fim de ano) deve ser ainda mais criteriosa.

Cristiane Felipe
Especialista em Longevidade na Liga Solidária, organização social sem fins lucrativos que atua em São Paulo

Sobre a Liga Solidária

A Liga Solidária, fundada em 1923 como Liga das Senhoras Católicas de São Paulo, é uma organização da sociedade civil (OSC) sem fins lucrativos. A Liga desenvolve programas de educação, longevidade e cidadania que beneficiam cerca de 13 mil crianças, adolescentes, adultos e idosos em situação de alta vulnerabilidade, na capital de São Paulo.

www.ligasolidaria.org.br