Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um suicídio a cada 40 segundos no ano de 2019. Esta foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Entre as principais causas para o suicídio, estão doenças como a depressão, transtornos de ansiedade, esquizofrenia e distúrbios por uso de drogas lícitas e ilícitas. No ano passado, o Brasil apresentou a maior taxa de pessoas acometidas pela depressão na América Latina – quase 12 milhões de casos.
Em 2020, deveremos ter um incremento nestes números por conta da pandemia do novo coronavírus que tem causado perda de amigos e familiares, problemas financeiros, isolamento e afastamento obrigatório de atividades do dia-a-dia, entre outras situações.
Grande parte das pessoas pensa que a única opção para a reversão de um quadro depressivo são os medicamentos, esquecendo-se da funcionalidade dos exercícios físicos. Há diversos estudos que constataram que a prática regular (diária) de exercícios físicos durante 20-30 minutos traz vários benefícios.
Entre estes, está o de poder afastar a depressão em longo prazo, pois diminuem o nível de estresse e ansiedade. No geral, as sessões de treinamento exigem foco na execução das atividades e movimentos, o que acaba por desviar a atenção dos sentimentos que causam preocupações, estresse e ansiedade.
Há ainda uma maior produção dos hormônios serotonina, dopamina, endorfina e noradrenalina, além do aumento da circulação sanguínea, que geram a sensação de bem-estar, ajudam na regulação do sono e do humor.
Outros fatores importantes quanto aos exercícios físicos são a sua relação com o aumento da autoestima e a sociabilização – interação com outras pessoas –, que podem contribuir para a saúde mental.
Por outro lado, o sedentarismo pode diminuir os níveis dos chamados hormônios “da felicidade” em nosso organismo, o que pode agravar quadros depressivos ou mesmo abrir portas para esta e outras doenças ou transtornos.
Por todos os motivos aqui citados, um programa de treinamento ou de exercícios pode atuar tanto na prevenção, quanto como complemento aos tratamentos médicos ou psicológicos de pessoas deprimidas.
Além destas dicas, todos nós temos um compromisso com a vida. Suicídios são evitáveis, mas muitas vezes a depressão é subestimada e alguns pensam que podem se curar sozinhos. O papel de cada um de nós, nesse contexto, é o de estar atento, fazer o acolhimento destas pessoas, pois o carinho e o diálogo podem ajudar muito nestes casos, e tentar fazer o encaminhamento a algum tipo de ajuda profissional.
Devemos prestar atenção às pessoas que estão apresentando mudanças no comportamento, como evitar qualquer tipo de contato, apresentar desinteresse por atividades que costumavam realizar, sintomas de distúrbios alimentares (comendo muito ou pouco demais), dormir em demasia, principalmente durante grande parte do dia, além da noite, apresentar quadro de insônia, cansaço, tristeza, comportamentos agressivos (verbal ou físico), e àqueles que são mais claros e diretos no pedido de ajuda em conversas ou por meio das redes sociais.
Na verdade, o suicídio deve ser abordado todos os dias e não pode mais ser tratado como um tema tabu em nossa sociedade. Já é hora de parar de esconder o assunto, não? É preciso estudar, pesquisar, falar, discutir abertamente sobre isso e, sobretudo, ter empatia, pois atitudes e ações como estas podem salvar vidas!
Às pessoas que estão precisando de suporte: não sintam vergonha de pedir ajuda aos amigos, familiares ou profissionais.
Autora: Katiuscia Mello Figuerôa é doutora em Ciências da Atividade Física e Desportiva, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e de Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.