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Uso excessivo do celular pode causar dores e inflamação dos dedos polegares

São Paulo, 08 de setembro de 2020 – Punhos, mãos e dedos das mãos, especialmente os polegares, são as principais vítimas do uso excessivo de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos.

Com a pandemia, muitas pessoas aumentaram o tempo gasto com essas tecnologias, resultando em problemas nos tendões e articulações dos punhos e das mãos.

De acordo com a fisioterapeuta e especialista em Pilates, Walkíria Brunetti, muitos pacientes, especialmente as mulheres, chegam à clínica com queixas de dores e inflamação no punho.

“Temos visto muitos casos da Síndrome de De Quervain, também chamada de tenossinovite estenosante ou tenossinovite de De Quervain. A condição se desenvolve quase sempre devido aos movimentos repetitivos do punho e polegar, comuns em quem usa computadores ou celulares de forma excessiva”, cita Walkíria.

Entretanto, a fisioterapeuta ressalta que essa patologia é mais usual em pessoas que usam celulares, por conta do peso do aparelho de celular

Movimentos repetitivos

A tenossinovite é o termo usado para designar uma inflamação em um tendão. “Temos vários tendões no corpo. A principal função dessas estruturas é conectar os músculos aos ossos, permitindo movimentos como dobrar o dedão, abrir e fechar as mãos etc. Temos tendões em praticamente todas as articulações”, explica Walkíria.

Ao digitarmos uma mensagem no celular, por exemplo, usamos muito os tendões dos polegares. “E a repetição desses movimentos sobrecarrega esses tendões, levando à inflamação.

Os principais sintomas são dor, inchaço e dificuldade de realizar movimentos da vida diária, como escovar o cabelo, abrir uma porta, entre outros”, comenta a especialista.

Postura também conta

“As posturas incorretas adotadas pelas pessoas ao usar um celular também aumentam o risco de desenvolver quadros de tenossinovite. Lembrando que nesses casos, outras partes do corpo podem ser afetadas, como ombros, pescoço e cotovelos”, reforça Walkíria.

Risco calculado

Como estamos nesse período de distanciamento social sem data para acabar, precisamos ser realistas. Ou seja, a tecnologia vai continuar a ter um papel importante para a população por um bom tempo.

“Aulas online, compras, reuniões familiares, atividades profissionais. Tudo pode ser feito por meio do celular ou do computador. Portanto, o mais importante agora é adotar medidas que possam prevenir a tenossinovite”, ressalta Walkíria.

Veja abaixo algumas dicas para proteger os seus tendões:

Use sua voz: Quase todos os aplicativos possuem os recursos de voz. Sempre que possível, mande mensagens de áudio. Até mesmo as buscas no Google podem ser feitas por meio da voz.

Alongue-se: Faça alongamentos das mãos, punhos, pescoço, ombros, braços e antebraços a cada 20 ou 30 minutos quando estiver no celular ou no computador.

Detox digital: Com algumas medidas de relaxamento da quarentena, é possível fazer atividades que não envolvam a tecnologia e, claro, que não sobrecarreguem as mãos. Caminhar, ler um livro, organizar um armário etc.

Exercícios de fortalecimento: O ideal é procurar um fisioterapeuta que possa passar exercícios para fortalecer os punhos e mãos. Mas, há dois movimentos que podem ser feitos em casa. Um deles é usar aquelas bolinhas próprias para apertar e soltar, chamadas de “toning ball”.

Outro exercício é pegar um elástico de cabelo, colocar no polegar, dedo anelar e dedo médio, abrindo e fechando. Depois, repita o movimento com todos os dedos.

Capa para o celular: Algumas capinhas para o celular possuem apoios que podem reduzir o esforço na hora de digitar. Sem esse recurso, os polegares são sobrecarregados na hora de digitar e segurar o dispositivo.

Tratamento

Quando a tenossinovite já está instalada, a fisioterapia será recomendada. O primeiro passo é tratar a dor.

“Podemos usar diversos recursos, como a crioterapia, eletroterapia, ultrassom, acupuntura. Em alguns casos, podem ser usadas talas. Quando o quadro doloroso melhora, podemos partir para exercícios de fortalecimento das mãos e punhos, assim como fazer uma reeducação do paciente sobre as posturas mais assertivas ao usar dispositivos eletrônicos”, diz Walkíria.

Entretanto, se o paciente retornar aos velhos hábitos, a chance de ter um novo quadro de tenossinovite é grande.