A crise do coronavírus trouxe muitos desafios para a nossa sociedade. Esse novo vírus global que nos mantém contidos em nossas casas – talvez por meses – já está reorientando nosso relacionamento com o governo, com o mundo exterior e até uns com os outros.
Mas os momentos de crise também apresentam oportunidades: uso mais sofisticado e flexível da tecnologia, menos polarização, uma valorização dos espaços ao ar livre e outros prazeres simples da vida. Ninguém sabe exatamente o que virá, mas com certeza nosso estilo de vida – e muito mais – mudará.
As pessoas estão sendo instruídas a se isolarem em casa. Em muitos países, empresas adotaram o home office e escolas estão fechadas. O mesmo vale para teatros, bares e cinemas. Não é aconselhável viajar para lazer e negócios, as fronteiras estão fechando.
A lista de eventos cancelados ou suspensos aumentou exponencialmente nos últimos dias. De festivais a museus e competições esportivas, organizadores e executivos estão fazendo o que podem para limitar as reuniões públicas.
Esse isolamento social com certeza faz com que passemos a maior parte do tempo sozinhos, introspectivos e em período de contemplação. A maneira de nos relacionarmos é através de telas e ligações e se nos encontramos com alguém, os abraços e cumprimentos calorosos, são substituídos pelo toque de cotovelos.
Os seres humanos são criaturas sociais – precisamos estar próximos um do outro, e o toque é uma das características mais básicas disso. O fato é que precisamos de toque. Ele reduz o estresse e até acalma funções corporais, como pressão alta. E, instantaneamente, nos dá uma sensação de conexão. De pertencimento e de ser amado.
Você pode até pensar que o home office diminui o estresse, afinal você não precisa acordar mais cedo para pegar o transporte público lotado ou encarar o trânsito engarrafado. Mas, trabalhar em uma posição remota significa que interagimos com as pessoas de maneira muito diferente. Somos forçados a nos comunicar por email ou mensagem instantânea.
Não podemos resolver problemas com reuniões improvisadas na mesa de alguém. Pode funcionar muito bem para alguns de nós, mas outros ainda precisarão de comunicação cara a cara. E muitas empresas não conseguirão sobreviver sem isso.
Nós precisamos nos comunicar. Todos nós. Os seres humanos não prosperam quando trancados e sem contato com o mundo exterior. Nós não trabalhamos bem assim. Alguns de nós são mais sociais do que outros, mas a maioria de nós precisa de um nível básico de interação com os que estão à nossa volta, e o Coronavírus nos lembra mais uma vez de quão impactante esse ser social é em nossas vidas.
É muito provável que você esteja tendo momentos de estresse, ansiedade e frustração, afinal é um momento assustador e passar por tudo isso sozinho é ainda pior. Estamos no meio de uma pandemia mundial, com cidades e até países inteiros em isolamento e muitas perguntas sem respostas.
Com tantas incertezas, busque focar no que você pode controlar agora. Entenda o que está sentindo, reflita e encontre maneiras de reduzir os pensamentos negativos e amadurecer seus relacionamentos pessoais.
Embora o vírus tenha mudado fundamentalmente a maneira como interagimos com outras pessoas, essas mudanças não serão permanentes. Provavelmente todos emergiremos do outro lado da pandemia, retornando às nossas saudações e maneirismos familiares que são instintivos para todos nós.
Mas o que pode mudar é a nossa apreciação do mundo ao nosso redor, da nossa liberdade de escolher como gastamos nosso tempo e o contato que fazemos com os que estão à nossa volta – como abraços, cumprimentos e toques nos ombros. A sociedade pode sair da pandemia, valorizando ainda mais grandes espaços, não apenas como pano de fundo para grandes eventos e usos ativos, mas como uma oportunidade de estarmos juntos visualmente.
Sobre André Rezende
André Rezende é consultor, palestrante e mentor de pessoas e negócios, com uma carreira focada em atingimento de objetivos e resultados. Formado em Administração de empresas, pós-graduado em Gerência Financeira, Finanças Corporativas e MBA executiva em finanças, além de psicologia positiva, já ocupou cargos executivos de gestão e liderança em grandes empresas. Como pano de fundo para sua metodologia está o Caminho de Santiago, uma peregrinação milenar realizada pelo especialista e que o inspirou a moldar seus projetos de consultoria e a escrever o livro “O caminho da Liderança”, que em breve será lançado.