Novo estudo realizado pela Universidade de Nova York aponta que os cigarros eletrônicos podem, da mesma maneira que o tabaco comum, causar câncer de pulmão.
A pesquisa foi realizada inicialmente em ratos, mas os cientistas acreditam que os efeitos sejam semelhantes em humanos. Durante 54 semanas, grupos de roedores foram expostos quatro horas por dia, cinco dias por semana, a três condições diferentes: um em uma câmara com vapor característico do e-cigarro; outro, com solventes; e o último, com ar filtrado.
Nove dos 40 sujeitados ao vapor do cigarro eletrônico desenvolveram câncer de pulmão. Nos dois outros grupos, apenas um camundongo foi acometido com a doença.
Os malefícios da utilização do cigarro eletrônico voltaram ao debate, após a morte de 11 pessoas em decorrência de doenças pulmonares relacionadas ao uso do aparelho nos Estados Unidos. De acordo com o presidente Socesp, Dr. José Francisco Kerr Saraiva, os dois cigarros, comum e eletrônico, contêm nicotina, substância altamente danosa ao organismo: os sistemas respiratório e cardiovascular são os principais lesados.
“Estimulante da produção de dopamina e serotonina, hormônios ligados ao prazer e bem-estar, o elemento contrai os vasos sanguíneos, aumentando a pressão sanguínea e acelerando o coração, podendo ocasionar um infarto ou um Acidente Vascular Cerebral”, explica o cardiologista.
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças, nos Estados Unidos, em 2015, mostrou que o vapor gerado pelo aparelho também pode causar inflamações pulmonares. Substâncias como a acroleína, presente neste tipo de cigarro, são danosas às moléculas que mantêm as células endoteliais unidas.
Falsa sensação de segurança é atrativa
Relatório da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS), pede para que os 181 países participantes proíbam dispositivos eletrônicos para fumar. “Uma das estratégias da indústria para driblar as restrições e atrair jovens é colocar sabores no aparelho.
Estima-se que 90% dos fumantes iniciaram a prática antes dos 19 anos e o vape pode ser um atrativo sedutor aos adolescentes, induzindo a um novo vício. Embora o Brasil tenha se tornado a segunda nação do mundo a adotar todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o combate ao tabagismo, a dependência ainda mata cerca de 430 pessoas por dia, conforme dados do Instituto Nacional de câncer (Inca). Se o hábito de fumar fosse abolido, mais de 156 mil vidas seriam poupadas anualmente no País.
Cigarro faz mal ao organismo como um todo
O tabaco agride o endotélio, a parede de células que recobre os vasos sanguíneos, e interfere na produção de óxido nítrico, tornando as artérias mais suscetíveis à formação de placas arteroscletróticas. “O cigarro também acelera a oxidação do colesterol e, em associação à pílula anticoncepcional, pode aumentar o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em mulheres. Nenhuma quantidade de cigarro é segura. Apenas um já pode causar diversos malefícios à saúde”, destaca Dr. Sousa.
Em 2009, a Anvisa publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 46/2009, que proibiu a comercialização, a importação e a propaganda de cigarros eletrônicos. Desde 2016, a agência atualiza e levanta novas informações sobre o tema, como a revisão técnica da publicação “Cigarros eletrônicos: o que sabemos?”, a inclusão do tema na Agenda Regulatória, em 2017, e a realização do Painel Técnico para discussão desses dispositivos, em 2018.
A Socesp – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1976. Regional da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Departamento de Cardiologia da Associação Paulista de Medicina, conta com cerca de 8 mil sócios. Os principais objetivos da Socesp são contribuir para a atualização dos cardiologistas do estado e difundir o conhecimento científico gerado pela própria Socesp aos profissionais da saúde que atuam na Cardiologia e para a população.