São Paulo, 21 de agosto de 2019 – O câncer de pulmão é a neoplasia que mais mata ao redor do mundo, de acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) são 1,76 milhão de óbitos no mundo e 90% dos casos da doença são provocados pelo tabagismo, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
Há 33 anos, o Ministério da Saúde instituiu o dia 29 de agosto como o Dia Nacional de Combate ao Fumo, com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a sociedade a respeito dos danos causados pelo tabaco.
Apesar de o Brasil ter implantado as seis medidas estabelecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para o controle do tabagismo, cerca de 12% da população do país ainda é fumante. Dados da pesquisa Vigitel 2018 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, mostram que só em São Paulo, 15,6% dos homens e 9,8% das mulheres são fumantes.
De acordo com o oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Carlos Henrique Teixeira, cerca de 70% dos cânceres de pulmão são diagnosticados em estágio avançado ou localmente avançado, ou seja, quando a cirurgia deixa de ser curativa. O especialista afirma que o diagnóstico em estágios iniciais pode ser incrementado através de programas de rastreamento. Esta detecção mais precoce e anterior ao início de algum sintoma pode resultar em 20% de redução de mortalidade pelo câncer de pulmão, conforme estudos mais recentes.
“Ações educacionais para conscientizar as pessoas a não fumar são fundamentais, assim como a ampliação dos programas de rastreamento de nódulos potencialmente malignos em fumantes ou ex-fumantes com risco elevado para o câncer de pulmão. Esse risco é calculado a partir da carga tabágica do paciente”, diz. O especialista recomenda que fumantes, com idade entre 55 e 74 anos, que consumam um maço de cigarros por dia ao longo de 30 anos ou dois maços/dia ao longo de 15 anos, devam realizar tomografia de baixa dose radiativa anualmente e assim, aumentar a detecção precoce de nódulos pulmonares.
“O diagnóstico tardio, quando o paciente já apresenta focos da doença em outros órgãos ainda é uma realidade, isso reduz as chances de cura. É preciso estimular a investigação precoce como fazemos em câncer de mama, colo de útero próstata e intestino”.
Estudos multicêntricos comprovaram que a tomografia para detecção da doença em fase inicial diminui a mortalidade de pacientes. Um deles, o estudo holandês-belga, chamado NELSON, apresentado na IASLC – World Conference on Lung Cancer 2018, mostrou que, em 10 anos de acompanhamento de 15,7 mil indivíduos, o rastreamento anual do câncer de pulmão com tomografia de baixa dose, em pacientes de alto risco, reduziu as mortes por conta da doença em 26% nos homens e até 61% nas mulheres.
Atenção aos sintomas
A confirmação de câncer de pulmão requer um diagnóstico patológico, feito por meio de biópsia da lesão, no entanto, Teixeira chama a atenção para os principais sintomas que em geral são o motivo da consulta ao especialista: tosse que persiste por mais de duas semanas, catarro com sangue, falta de ar, rouquidão, pneumonias de repetição, emagrecimento e dor torácica.
Tratamento
Segundo o Dr. Carlos Teixeira, o tratamento mais adequado para nódulos de pulmão requer atendimento multidisciplinar, com médicos oncologistas, pneumologistas, cirurgiões de tórax, radioterapeutas, nutricionistas, fisioterapeutas e radiologistas.
Quando a doença está ainda localizada no pulmão, a conduta pode envolver cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.
Terapia-alvo e Imunoterapia são as mais recentes e bem-sucedidas opções para o tratamento do câncer de pulmão avançado. A terapia-alvo é indicada para um grupo específico de pacientes portadores de mutações que guiam o desenvolvimento do câncer; bloqueando estas alterações consegue-se frear a replicação das células malignas.
Já a imunoterapia tem por finalidade reativar o sistema imunológico do paciente e assim, combater as células metastáticas. De acordo com o especialista cerca de 18% a 20% dos pacientes podem se beneficiar a longo prazo deste tratamento. A sobrevida em cinco anos está começando a virar realidade em câncer de pulmão comenta Dr. Teixeira.
O médico diz ainda que, tanto a terapia-alvo como a imunoterapia vem sendo testada em estágios iniciais de câncer de pulmão, o que pode trazer outra revolução no tratamento deste tipo de câncer.
Sobre o Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Fundado por um grupo de imigrantes de língua alemã, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz é um dos maiores centros hospitalares da América Latina. Com atuação de referência em serviços de alta complexidade e ênfase nas especialidades de oncologia e doenças digestivas, a Instituição completará 122 anos em setembro de 2019. Para que os pacientes tenham acesso aos mais altos padrões de qualidade e de segurança no atendimento, atestados pela certificação da Joint Commission International (JCI) – principal agência mundial de acreditação em saúde –, o Hospital conta com um corpo clínico renomado, formado por mais de 3.900 médicos cadastrados ativos, e uma das mais qualificadas assistências do país. Sua capacidade total instalada é de 805 leitos, sendo 582 deles na saúde privada e 223 no âmbito público. Desde 2008, atua também na área pública como um dos cinco hospitais de excelência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz – http://www.hospitaloswaldocruz.org.br/