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REDUÇÃO DE ESTÔMAGO AUMENTA CHANCES DE CÂNCER? NÃO É BEM ASSIM, AFIRMA ESPECIALISTA

Uma pesquisa recente, publicada pela renomada revista científica Nature, alarmou muita gente por aí: segundo o estudo, elaborado por um grupo de pesquisadores brasileiros, o bypass gástrico, técnica mais utilizada para cirurgias de redução de estômago, aumentaria o risco de câncer na área. A intervenção é feita em 75% dos casos e ajuda no combate à obesidade.

Isso porque, diz a publicação, a região do órgão que é excluída do trânsito alimentar na cirurgia, teria intensa atividade orgânica, tornando o ambiente propício ao câncer. Os pesquisadores acompanharam 20 pacientes por três meses. Porém, segundo cirurgião, Thales Delmondes Galvão, o estudo é inconclusivo e não há motivos para preocupação por parte das pessoas que desejam fazer, ou já passaram, pelo procedimento.

“O próprio estudo, em sua conclusão, admite que ainda são necessárias pesquisas mais aprofundadas e que levem em consideração outros fatores como hábitos de vida, histórico familiar, e etc. Além disso, não foi feita uma análise que comparasse os índices encontrados com a população em geral. A amostra também é muito baixa, com apenas 20 pessoas”, explica.

Obesidade é que eleva as chances de câncer

Segundo o especialista, ao contrário, a cirurgia de redução de estômago, ajuda a prevenir diversos tipos de câncer relacionados com a obesidade, inclusive o próprio câncer de estômago. Outro estudo recente, este publicado pela Annals of surgery, aponta que, com a diminuição de peso caem também as chances de mulheres desenvolverem câncer de mama, tanto antes como depois da menopausa.

No Bypass Gástrico é feito o grampeamento de parte do estômago, diminuindo sua capacidade para 10%, restringindo a quantidade de comida ingerida e desviando esses alimentos da primeira porção do intestino, chamada duodeno, até a porção intermediária do órgão, chamada jejuno. Isso reduz o espaço para o alimento e promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome sem diarreia e desnutrição.

Thales afirma que, de fato, essa parte que é ” excluída do trânsito alimentar, fica em uma área de difícil visualização, ou seja, caso haja um câncer na região, os exames convencionais, como a endoscopia digestiva alta não alcança o denominado estômago excluso o que pode levar a um diagnóstico tardio da doença, diminuindo as chances de sobrevida do paciente. Para evitar que isso aconteça, o médico afirma que, antes de se decidir pelo bypass, investiga as predisposições genéticas do paciente de desenvolver um tumor.

“Se a pessoa tem histórico familiar de câncer gástrico, por exemplo, podemos optar por outras técnicas, como a gastrectomia vertical sleeve. Mas é importante ressaltar que: não é a cirurgia que causa, ou eleva, as chances de alguém desenvolver câncer no estômago. O bypass gástrico só torna a visualização do estômago excluso mais difícil, mas não há estudos que comprovem que pessoas que passaram pela intervenção estão mais propensas a desenvolver a doença”

Segundo Thales, cerca de 10 tipos de câncer têm ligação direta com a obesidade, como o adenocarcinoma de esôfago, o de estômago, em sua parte superior, o de pâncreas, vesícula, fígado, colorretal, mama, ovário, endométrio, próstata e rim estão relacionados à obesidade. A cirurgia é indicada para pessoas com IMC maior que 35 Kg/m2 e a redução média de peso chega a 45% do peso inicial.